65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
Biodegradação de alquilbenzeno sulfonado linear por Aspergillus niger AN 400
Bárbara Chaves Aguiar Barbosa - Universidade Federal do Ceará - UFC
Kelly de Araújo Rodrigues Pessoa - Laboratório de Tecnologia Ambiental – LATAM/ Instituto Federal de Educação do Ce
Luciane Mara Cardoso de Freitas - Instituto Federal de Educação do Ceará – IFCE
Reinaldo Fontes Cavalcante - Instituto Federal de Educação do Ceará – IFCE
Glória Maria Marinho Silva - Laboratório de Tecnologia Ambiental – LATAM/ Instituto Federal de Educação do Ce
Marisete Dantas de Aquino - Profa. Dra./Orientadora - UFC
INTRODUÇÃO:
O aumento dos despejos domésticos em mananciais tem acentuado a problemática do processo de eutrofização. É a partir dos constituintes presentes no esgoto doméstico, principalmente, que ocorre a poluição dos corpos aquáticos que recebem esses despejos. Dentre os principais constituintes prejudiciais ao ambiente aquático, o alquilbenzeno sulfonado linear (LAS) apresenta-se como um dos mais problemáticos, podendo diminuir a diversidade no meio aquático, dentre outras problemáticas. Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos para remover o LAS dos efluentes, desde tratamentos físico-químicos, até os biológicos. Os primeiros não apresentam viabilidade financeira, embora alcancem bons percentuais de remoção, já os biológicos, apresentam-se conciliando bons percentuais de remoção e baixo custo. Dentre os tratamentos biológicos mais estudados os anaeróbios têm sido destaque, pois muitas pesquisas se configuram nessa área, no entanto os resultados ainda não são muito expressivos, pois o LAS parece ser tóxico as bactérias envolvidas no processo. Nesse contexto, a busca por outras alternativas se justifica, e no presente trabalho os microrganismos estudados são fungos, os quais apresentam elevada capacidade de degradação de compostos persistentes. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade de degradação do LAS pela espécie fúngica Aspergillus niger AN 400.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo geral do presente trabalho foi avaliar a biodegradação do alquilbenzeno sulfonado linear – LAS, pela espécie fúngica Aspergillus niger AN 400, em regime de batelada. Os objetivos específicos foram: Avaliar a influência da glicose como co-substrato para a remoção do LAS e Verificar a toxicidade do LAS para a espécie fúngica.
MÉTODOS:
Inicialmente foi realizado teste de toxicidade com a espécie fúngica Aspergillus niger AN 400, na concentração de 2 x 106 esporos por ml, e concentrações de 5, 10, 15, 20 e 30 mg.L-1 do LAS em placas de petri com meio de cultura Agar Saboraund. As placas foram inoculadas com a referida espécie e o LAS e mantidas por sete dias em estufa microbiológica a 28 °C. A partir deste teste foi escolhida a concentração do LAS para o reator em batelada de 15 mg.L-1. Foram confeccionados 3 reatores com volume útil de 30 litros de água residuária, sendo um reator controle (RC), um com fungos (RF) e o último com glicose (RFG) na concentração de 1 g.L-1 . A água residuária utilizada foi preparada com água de torneira acrescida de macro e micro nutrientes e LAS na concentração de 15 mg.L-1. Cada reator possuía um aerador de 220 W. O ensaio foi realizado durante 30 dias, com coletas diárias perfazendo um total de 504 horas. Foram realizadas as seguintes análises físico - químicas de monitoramento: amônia, pH, DQO e fósforo total, todos segundo APHA (2005), e , LAS que foi feito por cromatografia líquida de alta pressão sob as recomendações de GUIRAÚN et al., (2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O percentual médio de remoção do alquilbenzeno sulfonado linear no RFG foi de 62%, com máxima de 77% no tempo de reação de 360 h, para o RF observou-se remoção média de 27%, e máxima de 37% no tempo de reação de 144 h. Já para o RC, a média observada foi de 12%, sendo o maior percentual de remoção encontrado o de 57% com TR de 384 h. Com relação à matéria orgânica carbonácea, observou-se média de 42% de remoção de DQO bruta no RFG e 67% no RF. Aparentemente a DQO bruta parece ter sido incrementada pela biomassa do reator com glicose, tendo-se em vista que a biomassa desprendida também é contabilizada. Já para o reator controle, o percentual médio de remoção de 30%. Para amônia, as concentrações variaram pouco, ficando de 40 mg.L-1 a 55 mg.L-1 no RF, de 35 mg.L-1 a 116 mg.L-1 no RFG e de 37 mg.L-1 a 58 mg.L-1 no RC. A faixa de pH se manteve constante em todos os tempos reacionais, com médias de 7 para o RFG e 6,5 para RF e RC . As variações observadas foram de 5 a 8, 7 a 7,5 e 6,5 a 7,2, respectivamente para fungo e glicose, fungo e reator controle. No tocante a remoção de fósforo observou-se máxima remoção de 26% no RF, 61% no RF e 11% no RC. Houve liberação de fósforo no meio, o que pode ter sido atribuído à degradação do LAS.
CONCLUSÕES:
Os resultados iniciais apontam para a viabilidade da utilização da espécie fúngica Aspergillus niger AN 400 para biodegradação do surfactante alquilbenzeno sulfonado linear – LAS. Os percentuais de remoção de LAS indicam que há necessidade de co-substrato para degradação da molécula do surfactante, tendo em vista que os melhores percentuais foram obtidos no reator com fungo e glicose – RFG. Os reatores não obtiveram bons percentuais de remoção de nutrientes.
Palavras-chave: LAS, Aspergillus niger, Tratamento biológico.