65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 2. Economia Doméstica
MANEIRAS DE SER E DE FAZER: VALORIZAÇÃO DO SABER PRÁTICO DE PRODUÇÃO DE QUITANDAS Á BASE DE POLVILHO E DE MILHO COMO POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO SOCIAL EM VIÇOSA-MG.
Júlia Maciel de Souza Araújo - Depto. de Economia Doméstica - UFV
Louise Vidigal Pinto Coelho - Depto. de Economia Doméstica - UFV
Luciana Aparecida de Oliveira - Depto. de Economia Doméstica - UFV
Tatiana Silva Teixeira - Depto. de Economia Doméstica - UFV
Amélia Carla Sobrinho Bifano - Profa.Dra./Orientadora - Depto. de Economia Doméstica - UFV
INTRODUÇÃO:
Este estudo foi realizado a partir do projeto “Maneiras de ser e de fazer: Valorização dos saberes e dos sabores culturais em Viçosa-MG”, abrigado na UNIEDHS – Unidade Interdisciplinar de Estudos em Desenvolvimento Humano e Social, que tem por objetivo integrar ações que visam buscar soluções para as questões de exclusão vivenciadas pela população de baixa renda de Viçosa.
A intenção foi trabalhar questões como identidade, sentido de pertença e possibilidades alternativas de geração de renda a partir do conhecimento das histórias das moradoras e da valorização dos seus saberes práticos. Além de contribuir para a construção da história local e preservação do patrimônio cultural.
De acordo com Almeida et all (2008) culinária é a arte de cozinhar que inclui o processo da evolução histórica e cultural de um determinado povo, variando de uma região a outra, não só no que diz respeito aos alimentos, mas também aos utensílios utilizados. O termo quitanda diz respeito aos produtos do tipo “pastelaria caseira”, que eram servidos acompanhando o chá, à noite, na ceia antes de deitar, ou na “merenda” da tarde (FRIEIRO, 1982 apud ABDALA, 2006).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esse estudo teve como objetivo comparar a partir do relato nas entrevistas os ingredientes que eram utilizados em outrora e são utilizadas atualmente na produção dos quitutes á base de polvilho e de milho da culinária mineira.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado no Bairro Santo Antônio, localizado no município de Viçosa-MG. O município localiza-se na Zona da Mata de Minas Gerais e abrange quatro distritos: a sede, Silvestre, Cachoeira de Santa Cruz e São José do Triunfo. Com uma população de 73.000 habitantes (SILVA et al., 2012), destaca-se pela presença da Universidade Federal de Viçosa e de mais 4 outras instituições de ensino superior: ESUV, Faculdade de Viçosa, UniViçosa e Unopar. O Bairro Santo Antônio é o terceiro bairro mais populoso da cidade com uma população de 8.586 habitantes (SILVA et al., 2012), que se caracterizou devido à migração de famílias da área rural e de cidades vizinhas.
Fundamentou-se na pesquisa qualitativa, inicialmente com levantamento das mulheres que produziam quitutes à base de milho e de polvilho, alcançando um grupo de 7 mulheres. Para o levantamento das informações utilizou-se das técnicas: História Oral e Análise de conteúdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Segundo Abdala (2006) o estilo culinário mineiro é baseado na predominância do milho sobre a mandioca. Frieiro (1982) apud Abdala (2006) complementa que as principais quitandas apontadas eram biscoito de polvilho assado ou frito, brevidades, roscas, sequilhos, bolos, broinhas de fubá ou de amendoim e as mães bentas. Isso pode ser percebido nos relatos, que enquanto residentes nas zonas rurais as quituteiras produziam broa de fubá, mingau de milho verde, broa de milho, biscoito de polvilho frito, biscoito de polvilho assado, cuscuz e brevidade.
Conforme os relatos das entrevistadas os ingredientes utilizados na fabricação dos quitutes foi se modificando ao passar dos anos. Antigamente utilizavam-se mais o fubá, polvilho, bicarbonato e a gordura de porco que eram produzidos artesanalmente e hoje em dia, esses foram aprimorados pela industrialização de produtos como: o polvilho (azedo e doce), farinha de trigo, manteiga, chocolate em pó, óleo de soja fermento em pó para a fabricação dos mesmos quitutes. De acordo com Almeida et all (2008) a culinária típica mineira com o tempo foi sofrendo apropriações, o preparo é realizado com os mesmos ingredientes, agora com técnicas e mediações diferentes. E o cozido e o assado agora são realizados por meio do fogão a gás.
CONCLUSÕES:
Pode-se perceber que antigamente os ingredientes eram produzidos artesanalmente e hoje com o avanço da tecnologia observa-se uma gama de produtos que possibilita maior multiplicidade dos quitutes à base de milho e polvilho e conseqüentemente muitas histórias foram se perdendo ao passar dos anos.
A preparação das quitandas é uma forma das entrevistadas expressarem uma cultura que é passada de geração em geração e uma época de lembrança, representado o conceito de família reunida, união, cuidado e tradição familiar, que muitas vezes estão sendo esquecidas e desvalorizadas.
Consideram-se importante a valorização da cultura por meio da culinária, pelo o seu modo de preparo, os rituais que abrangem sua fabricação e a sua produção artesanal. Um modo que representa histórias, momentos e sabedoria que devem ser preservadas entre gerações
Palavras-chave: Quitutes, Culinária, Sabores.