65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIO E ANTINOCICEPTIVO DE Aspidosperma nitidum e Aspidosperma pyrifolium EM MODELO EXPERIMENTAL DE NOCICEPÇÃO EM CAMUNDONGO
Dayane Pessoa de Araújo - Depto. de Fisiologia e Farmacologia - UFC
Maria Vilani Rodrigues Bastos - Depto. de Fisiologia e Farmacologia - UFC
Patrícia Coelho do Nascimento - Depto. Química Orgânica e Inorgânica - UFC
Edilberto Rocha Silveira - Prof. Dr. Depto.Química Orgânica e Inorgânica - UFC
Glauce Socorro de Barros Viana - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Fisiologia e Farmacologia - UFC
INTRODUÇÃO:
A riqueza da biodiversidade brasileira contribui para o desenvolvimento de fármacos a partir de produtos naturais. O genêro Aspidosperma (Apocynaceae) é conhecido por produzir uma diversidade de alcalóides indólicos, sendo os monoterpênicos os mais importantes. Várias espécies deste gênero são utilizadas para fins medicinais como é o caso de Aspidosperma nitidum (APSN) e Aspidosperma pyrifolium (APSP), são conhecidos, popularmente, como carapanaúba e pereiro-do-sertão, sendo de ocorrência da Amazônia e Nordeste, respectivamente. A literatura relata o uso empírico destas plantas no tratamento de inflamações de ovário e útero, reumatismo, em problemas de diabetes, estomacais, contra o câncer, como antinociceptivo e atividade anti-malárica.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Considerando o uso popular destas plantas e a falta de estudos farmacológicos comprobatórios o objetivo do presente trabalho foi avaliar de modo comparativo os possíveis efeitos anti-inflamatório e antinociceptivo de Aspidosperma nitidum e Aspidosperma pyrifolium.
MÉTODOS:
Foram utilizados camundongos Swiss, machos, pesando de 20 a 25 g provenientes do biotério central da Universidade Federal do Ceará. Os animais foram separados em grupos de 6 e tratados por via intraperitoneal com o decocto da casca do caule do A. pyrifolium na dose de 100 mg/kg (APSP dec-100), com o extrato aquoso da casca do caule de A. pyrifolium (APSP Aq) 100, 50, 25 ou 10 mg/kg, ou com o extrato aquoso da casca do caule do A. nitidum 100 mg/kg (APSN Aq-100). A morfina (2 mg/kg, i.p.) foi usada droga de referência. Após 30 minutos, os animais receberam 20 microlitros de formalina 1% (subcutâneo) na pata traseira direita e o tempo de lambedura da pata (s) foi registrado de 0-5 minutos (Fase 1, neurogênica) e de 20-25 (Fase 2, inflamatória). Analisaram-se os dados por ANOVA e Student-Newmam-Keuls, como teste post hoc.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que tanto A. pyrifolium quanto A. nitidum atuaram nas duas fases do teste de formalina (Fase 1, APSP dec-100: 28±6,7; APSP Aq-100: 18±3,2; APSN Aq-100: 33±2,3; Controle: 53,2±4,4. Fase 2, APSP dec-100: 15±6,1; APSP Aq-100: 8,8±4; APSN Aq-100: 21,4±2,9; Controle: 39,2±6,1). Quando comparados os efeitos entre A. pyrifolium e A. nitidum nota-se que o extrato aquoso de A. pyrifolium reduziu em maiores proporções o número de lambeduras em relação ao extrato aquoso de A. nitidum nas duas fases do teste (Fase 1, APSP Aq-100: 18±3,2; APSN Aq-100: 33±2,3; Controle: 53,2±4,4. Fase 2, APSP Aq-100: 8,8±4; APSN Aq-100: 21,4±2,9; Controle: 39,2±6,1). Com relação as doses testadas do extrato aquoso de A. pyrifolium observou-se que a dose de 100 mg/kg foi a que teve melhor resposta na redução do número de lambeduras na fase 1 (APSP Aq-100: 18±3,2; APSP Aq-50: 28,7±4,4; APSP Aq-25: 26,2±3,9; APSP Aq-10: 23,6±2,4; Controle: 53,2±4,4; Morfina: 21,4±2,7). Não houve diferença significativa entre as doses testadas do extrato aquoso de A. pyrifolium na fase 2, tampouco quando comparado ao grupo da morfina em ambas as fases.
CONCLUSÕES:
Os resultados mostraram que A. pyrifolium e A. nitidum apresentaram efeitos anti-inflamatório e antinociceptivo, sugerindo a possibilidade da utilização destas plantas em vários processos patológicos associados à inflamação. Esse trabalho encontra-se em andamento, com o intuito de melhor esclarecer o mecanismo de ação destas duas espécies, não somente como anti-inflamatório, mas, como possível neuroprotetor utilizando-se os princípios bioativos isolados.
Palavras-chave: Aspidosperma nitidum, Aspidosperma pyrifolium, Anti-inflamatórios.