65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
AGRAVAMENTO DA VULNERABILIDADE DE IDOSOS RESIDENTES EM ANTIGA LIXEIRA DESATIVADA EM UMA CAPITAL DO NORDESTE BRASILEIRO.
Helio Lazarini - Mestre em Saúde e Ambiente – UNIT
Andrea Gomes Santana de Melo - Docente da Universidade Federal do Piaui. – CSHNB/Picos
José Jenivaldo de Melo Irmão - Docente do Instituto Federal de Alagoas – IFAL/MD
Lauro Xavier-Filho - Prof. Dr. Orientador - UNIT/ITP
Cristiane Costa da Cunha Oliveira - Profa. Dra. Orientadora - UNIT/ITP
INTRODUÇÃO:
O processo de industrialização ocorrido no Brasil a partir de 1950, com a expansão agrícola em andamento, propiciou uma forte urbanização, ultrapassando a rural em 1960. O grande consumo da sociedade propicia a geração de lixo com destinos inadequados. A ABNT através da NBR 13.896, fixou condições mínimas para o destino de resíduos não perigosos, norma não seguida na maioria dos municípios brasileiros. No município de Aracaju, durante 15 anos seu resíduo foi depositado em uma lixeira localizada ao lado do rio do Sal, desativada em 1985, em seguida compactada, surgindo um bairro residencial ao seu redor. A elevação dos metais pesado, principalmente o chumbo, é atualmente considerado um dos maiores contaminantes ambientais do mundo, afetando a saúde humana como a hipertensão arterial, Diabetes mellitus (WHO-Europe, 2007).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar se nos moradores idosos nas micro-áreas 1 e 2 de atendimento na Unidade de Saúde da Família (USF) no bairro da antiga lixeira localizada em Aracaju se a contaminação ambiental estaria contribuindo no agravamento da vulnerabilidade do idoso com relação ao desenvolvimento de hipertensão arterial e Diabetes mellitus.
MÉTODOS:
Foi realizado uma pesquisa com abordagem quantitativa, com base em dados secundários proveniente dos prontuários das famílias cadastradas na Unidade de Saúde da Família (USF), no bairro em que se encontra localizada a lixeira, que pertenciam a micro-área 1 e 2, residentes no entorno da lixeira, de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Para a inclusão na pesquisa foi analisado os idosos (com ou acima de 60 anos de idade) em acompanhamento da USF, e excluídos as fichas com preenchimento incompleto e/ou caligrafia ilegível. As variáveis para este estudo foram sexo, idade, tabagismo, hipertensão arterial e Diabetes mellitus. Para a análise dos dados foi feita a distribuição simples e o Teste de x2 de Pearson para verificar diferença estatística significativa ou não para um nível de significância de 0,05 (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram analisadas 1326 fichas dos prontuários das famílias, com 647 (48,8%) homens e 679 (51,2%) mulheres. Desse total, 53 idosos (26 homens e 27 mulheres), correspondendo a 3,99% do total dessas fichas (1,96% homens e 2,03% mulheres). Após as exclusões, a amostra ficou constituída de 34 idosos, 16 (47%) homens e 18 (53%) mulheres, com idade de 60 até 81 anos. Segundo o censo do IBGE-2010, a população total do bairro era de 9484, 4605 homens (48,5%) e 4879 mulheres (51,5%), e acima de 60 anos eram 458 (4,8%), com 209 (2,2%) homens e 249 (2,6%) de mulheres. No entorno da lixeira havia 3,99% de idosos e no bairro 4,8%, e na análise estatística, não houve diferença significativa entre os idosos das micro-áreas 1 e 2, em relação ao bairro (x2 de Pearson= 0,573; p= 0,449). O tabagismo apresentou frequência de 17,65%, superior ao valor de 10,58% ocorrido em Aracaju, em 2010 (Pacto pela Saúde, 2010-2011-DATASUS). A frequência de Diabetes mellitus foi de 21,70%, superior a encontrada por Francisco, et al, 2010 de 15,4%, como também a hipertensão de 61,8%, maior ao indicado pelo IDB de 2010, para o Brasil em 2009, que estava em 58,8%.
CONCLUSÕES:
Em face do constatado, em que ocorreu uma porcentagem menor de idosos no entorno da lixeira (3,99%) em relação à do bairro (4,8%) em que se localiza a lixeira, provavelmente estaria sinalizando para uma maior mortalidade nessa faixa etária, houve uma maior prevalência de Diabetes mellitus, de hipertensão arterial sistêmica, em relação à literatura pesquisada e apesar da pequena amostra populacional presente nesta pesquisa, seria de grande importância o aprofundamento dos estudos junto a essa população principalmente no sentido da prevenção e promoção da saúde no que se refere às doenças crônicas não transmissíveis, sendo de relevância a realização de exames marcadores biológicos dos metais pesados nos idosos. A eliminação do passivo ambiental visando recuperar ao máximo o meio ambiente em que leve a diminuição dos metais pesados e demais contaminantes promotores de diversas patologias em toda população em decorrência da lixeira compactada existente nesse bairro. Deve-se ressaltar a importância da Unidade de Saúde da Família no atendimento dos cuidados da promoção da saúde dessa população, unindo-se com outros setores de governança tanto municipal, estadual e federal, além da participação comunitária, entidades privadas visando melhor qualidade vida da população local.
Palavras-chave: Saúde da Família, Idosos, Meio Ambiente.