65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
PESQUISADORAS E COORDENADORAS DAS CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA EM CONTEXTO DE COLABORAÇÃO CRÍTICA-REFLEXIVA
Alice de Paiva Macário - Faculdade de Educação - Faced - UFJF
Iolanda Cotta Parma - Faculdade de Educação - Faced - UFJF
Núbia Schaper Santos - Professora Dra/orientadora - Faculdade de Educação - Faced- UFJF
Marília Berberick - Faculdade de Educação - Faced - UFJF
Juliana Peixoto Alves Ferreira - Faculdade de Educação - Faced - UFJF
Letícia Duque - Faculdade de Educação - Faced - UFJF
INTRODUÇÃO:
Circunscrito à pesquisa crítica colaborativa, o presente trabalho foi realizado no interior do Grupo de pesquisa Linguagem, Educação, Formação de Professores e Infância- LEFoPI/CNPQ/UFJF da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora- UFJF e buscou proporcionar ações colaborativas entre os envolvidos na pesquisa, coordenadoras pedagógicas das creches públicas do município de Juiz de Fora a partir da reflexão crítica. O intuito foi concretizar práticas emancipatórias porque acreditamos que seja possível na interação com o outro, prerrogativa que acontece nas relações sociais Isso implica dizer que o referencial metodológico está alicerçado na matriz epistemológica de Vigotski e Bakthin, autores da perspectiva sócio-histórico-cultural. Para Vigotski (2008), é no discurso e pelo discurso que se elabora o conhecimento. A consciência humana é constituída pela linguagem e desenvolvimento no contato social. Para ambos, a linguagem não é uma categoria dada a priori. O estudo contribuiu de maneira abrangente e significativa para o avanço do conhecimento na área do desenvolvimento infantil, especificamente, para as questões relacionadas ao cuida/educar de bebês na creche. Entendemos que faz sentido pensar em uma formação que focalize o trabalho com crianças pequenas que parta de questões concretas do cotidiano vivenciado pelos profissionais nas/das creches.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa teve como principal objetivo possibilitar momentos de discussão e reflexão crítica entre pesquisadores e coordenadoras das vinte e duas creches públicas do município de Juiz de fora sobre as práticas com crianças de 0 a 3 anos idade.
MÉTODOS:
Temos como campo metodológico a pesquisa crítica de colaboração. Isso porque acreditamos que as mudanças materiais e as mudanças históricas trazem mudanças na vida do sujeito e que esse sujeito mudado também transforma o contexto em que ele está. O instrumento de coleta de dados são as sessões reflexivas, que se assemelham as sessões de discussão, visando desencadear reflexões críticas entre os participantes da pesquisa. Utilizamos como aporte teórico a perspectiva sócio-histórica-cultural, tecendo interlocuções principalmente com Vigotski, Bakthin e Wallon. Foram produzidas notas de campo, filmagens e, posterior, transcrições das quatro sessões reflexivas realizadas com as coordenadoras pedagógicas com duração de quatro horas cada uma. As sessões foram organizadas a partir de quatro ações que propiciam o processo de reflexão: descrever, informar, confrontar e reconstruir. Durante os encontros emergiram temáticas relacionadas às práticas das coordenadoras que elas desejavam aprofundar. Em decorrência, o grupo discutiu as temáticas mais reincidentes. No interior da pesquisa já foram trabalhados diferentes temáticas como: choro, a brincadeira e o faz de conta, a sexualidade, políticas públicas, identidade profissional, entre outros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Percebemos que a pesquisa realizada possibilitou momentos de reflexão crítica entre coordenadoras e pesquisadoras, que acreditamos, reverberará na prática dos envolvidos na mesma, ou seja, na prática das educadoras de vinte e duas creches do município de Juiz de Fora. No movimento das palavras, os sentidos e significados foram construídos, desconstruídos e reconstruídos para que a crise emergisse e desestabilizasse os nossos saberes. As sessões reflexivas trouxeram a necessidade de se pensar o desenvolvimento da criança e as manifestações do seu comportamento em situação coletiva. Na própria prática mesmo, acho que na teoria que a gente tá sempre estudando, sempre vendo em relação aos conflitos, e a própria prática do dia-a-dia né, as atitudes que você tem que ter frente às situações, então você vai conduzindo da melhor maneira, então a teoria e a própria prática. Conciliando essa teoria com a própria prática. O excerto foi descrito como ilustração das reflexões tecidas nas sessões e que se refletem nas ações e práticas dos envolvidos na pesquisa.
CONCLUSÕES:
A partir da análise dos dados analisados na pesquisa, percebemos a importância da formação dos profissionais que trabalham com as crianças pequenas e da reflexão crítica das ações “rotinizadas” no cotidiano das creches. A opção por este modelo de pesquisa deve-se à premissa de que a formação profissional não pode mais se reduzir aos espaços formais e escolarizados, organizados com esse fim. Ela precisa ser concebida como algo que pode se acontecer antes, durante e depois do processo formal, como espaços de reflexão sobre o próprio trabalho, em seu próprio contexto. O contrário disso leva-nos a pensar em profissionais como uma “massa amorfa”, objeto da ação e formação externa a eles próprios.E, para isso, ações como: tomada de consciência do que se deseja saber; trabalho colaborativo; reflexão individual e compartilhada coletivamente; tornam-se estratégias interessantes no âmbito da formação dos educadores.
Palavras-chave: Refexão Crítica, Desenvolvimento Infantil, Creche.