65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 4. Literaturas Modernas
DOMÍNIO CULTURAL E ESCLARECIMENTO: UMA VISÃO SOBRE O PENSAMENTO DE ADORNO E HORKHEIMER
Elton Emanuel Brito Cavalcante - Departamento de Letras – Universidade Federal de Rondônia – UNIR
Maria Célia da Silva - Departamento de Letras – Universidade Federal de Rondônia – UNIR
Aldrin Willy Mesquita Taborda - Departamento de Ciências Jurídicas – Universidade Federal de Rondônia – UNIR
INTRODUÇÃO:
Uma das maneiras mais poderosas de submissão é a ideológica. T. Adorno e Max Horkheimer perceberam isso e se dispuseram a analisar não as causas da razão, como o fizeram empiristas e racionalistas, mas em entender os objetivos mais profundos dessa faculdade humana. Para entendê-la fizeram uma retrospectiva histórica, desde os mitos contidos na Ilíada e na Odisseia até os mitos criados pela Modernidade, com o intuito de revelar as artimanhas daquilo que eles denominaram de “esclarecimento”. Dirão que, ao mesmo tempo em que o esclarecimento é uma tentativa de vitória sobre as forças da natureza e sobre os temores humanos, é, também, uma forma de enclausurar o homem, não este ou aquele pertencentes a uma classe social, mas a humanidade em geral.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho é, pois, é definir o que os autores citados entendem por esclarecimento e relacioná-lo às formas de domínio moral, cultural do homem moderno, buscando explicar até que ponto as sociedades ocidentais, de acordo com Adorno e Horkheimer, são prisioneiras daquilo que elas acreditam ser o grande instrumento de libertação: a Razão Instrumental, ou seja, o tecnicismo científico.
MÉTODOS:
O presente trabalho utilizou-se, a propósito da metodologia, de intensa pesquisa bibliográfica, em que se buscou, num primeiro momento, estabelecer a compreensão a respeito dos conceitos de domínio cultural e moral do homem, bem como sobre a ideia de esclarecimento na sociedade ocidental, todos insertos mais profundamente nos domínios da própria faculdade da razão. O trabalho desenvolveu-se, assim, partindo para um segundo estágio, na pesquisa percuciente acerca da compreensão dos autores T. Adorno e Max Horkheimer sobre a temática, em que procurou-se conferir uma leitura crítica a partir da obra desses autores em relação à problemática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Adorno e Horkheimer escrevem que o pensamento de Kant encontra o maior exemplo em um escritor contemporâneo do filósofo alemão, o Marquês de Sade. Juliette, personagem central de um dos romances de Sade, tem uma moral devassa, faz orgias e todas as espécies e sua conduta é subversiva. Segundo Adorno e Horkheimer, ela tem a moral da ciência, pois sente prazer em destruir os símbolos religiosos e os da tradição cultural. As orgias praticadas por Juliette não eram vistas por ela como naturais, porque para ela o conceito de natural foi destruído pela civilização – o sexo, tão comum e normal aos animais – foi, com o tempo, sendo objeto de tabu. Ela é o símbolo da moral burguesa, objetiva, destruidora de ídolos – prenúncio de outro grande filósofo, Nietzsche. Mas como dizer, por exemplo, que um regime monárquico é por si só ruim? O que se alega é que ele impede os direitos humanos fundamentais, todavia a noção de “direitos humanos fundamentais” é fruto do esclarecimento, pois ela vem se moldando desde a Revolução Francesa e teve seu auge depois do holocausto durante a segunda guerra mundial. Só depois de o racionalismo, de a razão instrumental quase destruírem a civilização ocidental e parte da oriental é que se tem a vontade de levar liberdades e garantias para todos os povos.
CONCLUSÕES:
Alguns comentaristas do livro “A Dialética do Esclarecimento” vão dizer que as ideias nele contidas são pessimistas e que seus autores só veem o lado negro do capitalismo e do esclarecimento. Alegam que o esclarecimento pode não ser ruim na medida em que tudo o que é humano é consequência dele. Criticá-lo em toda a sua plenitude é criticar a essência do humano. O livro seria, assim, uma tentativa de moldar, “esclarecer” as massas para que o povo semita se autoconserva. Nisso, o pensamento de Adorno e Horkheimer seria coerente. Entretanto estariam usando as mesmas armas que seus opositores (a burguesia esclarecida e a razão instrumental) para fins particulares, isto é, a tentativa de convencer os outros através de um discurso extremamente racional. Mas deve-se salientar que o pessimismo não era exclusivo desses dois autores, pertencia a toda uma geração ocidental, desconfiada com os destinos da humanidade. A guerra destrói esperanças antigas e faz renascer novas. O discurso dos autores alemães nega a razão instrumental, mas abre caminho para uma razão filosófica e um esclarecimento onde a espiritualidade prevaleça sobre a técnica, ao menos isso é uma interpretação possível que se lhe pode tirar dos textos.
Palavras-chave: Esclarecimento, Dialética, Razão Instrumental.