65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
MACRÓFITAS AQUÁTICAS COMO INDICADORAS DA QUALIDADE ECOLÓGICA DE RESERVATÓRIOS URBANOS NO SEMIÁRIDO (CAICÓ/RN)
Carliana Silva Souza - Graduanda do Curso de Geografia / Depto. de Geografia- UFRN- Campus Caicó/RN
Ricárcia Maria de Macêdo - Graduanda do Curso de Geografia / Depto. de Geografia- UFRN- Campus Caicó/RN
Silvana Barbosa de Azevedo - Profa. M.Sc. / Depto. De Geografia- UFRN- Campus de Caicó/RN
Diógenes Félix Costa de Medeiros - Prof. Dr./Orientador- Depto. De Geografia, UFRN, Caicó/RN
Renato de Medeiros Rocha - Prof. Dr./Orientador- Depto. De Geografia, UFRN, Caicó/RN.
INTRODUÇÃO:
Com o aumento e a densificação populacional global no século XXI, a gestão dos recursos hídricos tornou-se uma ação imperativa a ser considerados. O processo de urbanização acelerado vem gerando cidades com uma infra-estrutura inadequada, sendo os efeitos desse processo sentidos em todo o aparelhamento urbano. Nesse contexto, a eutrofização “cultural”, proveniente dos despejos de esgotos domésticos e industriais e da descarga de fertilizantes aplicados na agricultura nos corpos de água, acelera o processo de enriquecimento das águas superficiais e subterrânea. Esse processo consiste no rápido desenvolvimento de plantas aquáticas, e em estágios mais avançados resulta no crescimento excessivo de algumas espécies fitoplanctônica. As macrófitas aquáticas representam um grande grupo de organismos que crescem em águas interiores e águas salobras, estuários e águas costeiras. Podem ser utilizadas como excelentes bioindicadoras da qualidade das águas superficiais, com custos bastante reduzidos, desde que conhecidas, a priori, as condições que limitam sua ocorrência e crescimento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A presente pesquisa teve como objetivo identificar a ocorrência e distribuição das espécies de macrófitas aquáticas indicadores de poluição em 02 açudes urbanos na cidade de Caicó-RN (6°27'58,62"S / 37°4'27,21"O), Região Nordeste semiárida do Brasil.
MÉTODOS:
As coletas foram realizadas no mês de agosto de 2012, selecionado-se aleatoriamente sete pontos para a coleta das macrófitas nos açudes Penedo e Recreio, os quais foram demarcados com um aparelho receptor de sinais GPS (Garmim Etrex Legend – Código CA, 12 canais). Em cada ponto amostral, foi demarcado um quadrante de 15 m2 (3m x 5m), desde a borda até um 1,0 m de profundidade, coletando-se todas as espécies encontradas, utilizando tesoura de poda, sendo as macrófitas coletadas e armazenadas em sacolas plásticas, em seguida foram etiquetadas para o transporte ao laboratório. Distinguiram-se os diferentes tipos biológicos, onde as identificações foram realizadas por morfologia comparada, com o enquadramento sistemático/taxonômico das famílias de angiospermas em APG II. A modelagem da distribuição dos organismos foi realizada em ambiente de Sistema de Informações Geográficas, com o auxílio do software ArcGIS 10, tendo como base a imagem do satélite CBERS 2B (sensor HRC, órbita 148B, e ponto 107-4, e resolução espacial de 2,5 metros, de 15/11/2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No Açude Penedo, foram identificadas 03 espécies de macrófitas (Cleome spinosa Jacq., Ipomoea asarifolia e Heliotropium indicum L.), possuindo forma de vida emersa. As espécies são pertencentes às seguintes famílias: Convolvulaceae, Brassicaceae e Boraginaceae. Já no Açude Recreio foram identificadas duas espécies de macrófitas (C. spinosa e I. asarifolia), sendo ambas emersas. As 02 espécies são pertencentes às famílias Brassicaceae e Convolvulaceae. Em ambos os açudes não havia a presença das formas biológicas enraizadas com folhas flutuantes, flutuantes, submersas livres e submersas enraizadas. A ausência desse último grupo de indivíduos é bastante preocupante, visto que nos estágios mais avançados da eutrofização, as espécies submersas enraizadas geralmente entram em declínio em virtude da redução da penetração da luz, causada pelo desenvolvimento do fitoplâncton, que se pode atribuir ao rápido incremento de nutrientes e sólidos suspensos nos ecossistemas aquáticos, resultantes da ação antrópica (eutrofização artificial), considerado um dos processos que mais afetam a estrutura das assembleias de macrófitas aquáticas. A predominância da espécie Ipomoea asarifolia, indicadora de ambientes perturbados, em ambos os reservatórios, indica uma possível rutura do equilíbrio do ecossistema, comprometendo a conservação do reservatório.
CONCLUSÕES:
Com base nos resultados obtidos, verifica-se a necessidade de estudos mais detalhados nos reservatórios analisados. A pequena quantidade de espécies e a ausência das formas de vida submersas enraizadas possivelmente se deve a falta de transparência na água causada por uma proliferação fitoplanctônica excessiva. Tal cenário indica fortemente que os reservatórios provavelmente estão passando por um estágio mais avançado do processo de eutrofização, ocasionado parcialmente em função da sua localização e por receber lançamentos de efluentes “in natura” do perímetro urbano, configurando-se em um claro processo de eutrofização artificial.
Palavras-chave: Plantas aquáticas, Bioindicadores, Açudes urbanos.