65ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia |
ASSOCIAÇÕES ENTRE CRUSTÁCEOS PLANCTÔNICOS (HYPERIIDEA) E ORGANISMOS GELATINOSOS NAS ÁGUAS DO NORDESTE DO BRASIL |
Tiago Rafael de Sousa Nunes - Me. - Depto. de Zoologia – UFPE Tereza Manuela dos Santos Paes Barreto - Me. - Depto. de Zoologia – UFPE Valdeni Oliveira Koblitz - Me. - Depto. de Zoologia – UFPE Eliane Aparecida de Holanda Cavalcanti - Profa. Dra. – Campus Arapiraca – UFAL Dilma Aguiar do Nascimento Vieira - Profa. Dra. - Depto. de Oceanografia – UFPE Maria Eduarda Lacerda de Larrazábal - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Zoologia – UFPE |
INTRODUÇÃO: |
No zooplâncton, os anfípodos são representados pela subordem Hyperiidea, primeiro grupo a perder a conexão com o fundo, passando a ser exclusivos dessa comunidade. São componentes significativos das zonas epi e mesopelágicas e subsidiários em abundância apenas aos Copepoda, Euphausiacea, Chaetognatha e animais gelatinosos do macrozooplâncton. Portanto, os anfípodos constituem o terceiro grupo de crustáceos mais abundantes do zooplâncton marinho (BOWMAN & SUÁREZ 1996; VINOGRADOV 1999). Habitam mares frios e tropicais, desde a superfície à profundidades abissais. Em algumas regiões de águas frias, ocupam o primeiro lugar na biomassa planctônica, constituindo os principais itens alimentares de peixes e baleias planctófagos. Detêm um lugar relevante na Planctonologia, pois ocupam nichos ecológicos diversificados no ambiente pelágico (VINOGRADOV et al. 1996). A partir da década de 80, numerosas observações de associações entre anfípodos e outros macrozooplanctontes foram realizadas. Segundo Laval (1980), a maioria dos hyperiídeos, senão todos, é parasita de tunicados, zooplanctontes gelatinosos (sifonóforos, ctenóforos, medusas), moluscos pelágicos e protozoários (radiolários coloniais). Entretanto, esse intrigante comportamento ainda é pouco compreendido pela Ciência. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Objetivou-se caracterizar taxonômica e geograficamente os Hyperiidea ocorrentes nas águas oceânicas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Nordeste do Brasil, enfatizando-se os instantes de associações (IAs) com outros organismos macrozooplanctônicos. |
MÉTODOS: |
As 42 amostras estudadas foram obtidas durante expedições oceanográficas do Projeto REVIZEE/SCORE - NE III, em junho e julho de 1998, referentes às áreas Oceânica Este, Arquipélago São Pedro e São Paulo e Cadeia Rocas/Fernando de Noronha. A coleta ocorreu no estrato de 0 a 200m através de arrastos oblíquos, com rede de náilon do tipo bongo, com abertura de malha de 300μm durante 15 minutos, acoplada com fluxômetro digital. Dados de temperatura e salinidade foram igualmente aferidos. O material biológico foi fixado a bordo, em uma solução de formaldeído a 4% neutralizado com tetraborato de sódio. Em laboratório, cada amostra foi lavada e analisada qualiquantitativamente em sua totalidade. Pequenas alíquotas foram vertidas em placa de acrílico do tipo Bogorov até completar a totalidade da amostra. Para a análise, foi utilizado estereomicroscópio binocular. Os anfípodos encontrados foram primeiramente contados e retirados da amostra, tomando-se o cuidado para não separar aqueles que se encontravam associados a hospedeiros. Posteriormente, foram analisados individualmente, dissecados sempre que necessário e identificados utilizando-se bibliografia especializada. Os exemplares foram fotografados com máquina digital acoplada ao estereomicroscópio. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Foram encontrados cinco IAs. Dois entre anfípodos gamarídeos pelágicos e organismos gelatinosos (Siphonophora), e três entre estes e hyperiídeos. Em relação aos gamarídeos, foi possível identificar Stenopleura atlantica e Synopia sp. Stenopleura atlantica se desprendeu durante a manipulação da associação, e o fato de um Euphausiacea também estar aprisionado no hospedeiro sugere uma associação acidental. Synopia sp. pode representar tão-somente um item alimentar do sifonóforo. A ausência de ocorrências dessa natureza na literatura reforça estas hipóteses. Quanto aos hyperiídeos, foram identificadas três espécies. Vibilia é conhecida por se associar exclusivamente a tunicados (salpas), como Salpa maxima. Esta seria a primeira associação registrada entre um Vibilia e um sifonóforo. Phronima sp. não foi identificado em nível específico por se tratar de um espécime jovem, bem como Lycaeopsis sp. A ecologia dos hyperiídeos requer um conhecimento mais aprofundado sobre o plâncton gelatinoso. Isso está intimamente relacionado à evolução da metodologia de coleta e fixação, pois os hyperiídeos podem deixar seus hospedeiros no momento em que são realizados os arrastos, motivo pelo qual são encontrados livres em amostras planctônicas (LAVAL 1980). |
CONCLUSÕES: |
Este trabalho contribui com cinco descrições de associações entre anfípodos e hospedeiros gelatinosos, sendo duas delas inéditas na literatura (Vibilia sp. e Lycaeopsis sp.). Os hyperiídeos se sobressaíram em número de associações, o que corrobora o forte hábito parasitário dos crustáceos desta subordem. |
Palavras-chave: Macrozooplâncton, Amphipoda, Programa REVIZEE. |