65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS DE BIVALVES DA ESPÉCIE Castalia ambigua (LAMARK, 1819) DO RIO IRITUIA PARÁ
Ismael Sander da Silva Nunes - Graduando do curso de Ciências Biológicas - LCBE - IECOS - UFPA/Bragança
Elvis Silva Lima - Graduando do curso de Ciências Biológicas - LCBE - IECOS - UFPA/Bragança
Guilherme da Cruz Santos Neto - Prof. Msc/Doutorando/ LCBE - IECOS - UFPA/Bragança
Nelane do Socorro Marques-Silva - Profa. Msc./LCBE - IECOS - UFPA/Bragança
Cláudia Helena Tagliaro - Profa. Dra./Orientadora/LCBE - IECOS - UFPA/Bragança
INTRODUÇÃO:
Os bivalves de água doce como os da espécie Castalia ambigua da família Hyriidae, compõe uma importante parcela de macro fauna dos ambientes límnicos, tanto em termos de diversidade como de biomassa. Em maio de 2004, o Diário Oficial da União publicou uma lista, do Ministério do Meio Ambiente, dos animais invertebrados ameaçados de extinção. Devido à carência de estudos atuais, os integrantes desta família ocorrentes nos rios do Pará, não figuram na lista. A poluição e a degradação vêm causando impactos nos rios destes ambientes, provocando a diminuição dos peixes. Para a dispersão nos rios, os Hyriidae possuem uma fase larval parasítica em peixes, que dura de 10 a 30 dias. As alterações na fauna dos ecossistemas límnicos afeta diretamente a dispersão e a diversidades dos bivalves de água doce. Estudos genéticos com base em sequências de parte do gene mitocondrial citocromo oxidase c subunidade I (COI) ajudam a verificar a história demográfica e permite avaliar as diversidades intra-específicas, além de permitir comparações com outras populações verificando os índices de estruturação e heterogeneidade. Estudos genéticos atuam como importante ferramenta para avaliar a situação destas populações.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo visa caracterização genética da população da espécie Castalia ambigua do rio Irituia no Pará, através do sequenciamento de parte do gene COI das amostras coletadas. Identificar os haplótipos do grupo, testar a neutralidade seletiva, verificar expansão populacional recente e comparar com a amostragem de outro rio, checando os índices de estruturação e heterogeneidade.
MÉTODOS:
A amostragem (N=40) foi coletada no rio Irituia. Os músculos adutores foram retirados e estocados a -20°C no freezer. O DNA foi extraído através do protocolo de fenol clorofórmio de Sambrook et. al. (1989).
A região da COI foi isolada e amplificada através da técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), com uso dos iniciadores LCOC-1490 e HCOC-2198 (Folmer et. al., 1994), usando a temperatura de 47ºC para hibridização dos iniciadores. O sequenciamento foi realizado pelo método didesoxiterminal (Sanger et. al.>, 1987) em sequenciador automático (ABI 3500xl).
As sequências foram alinhadas no BIOEDIT 7.0.5.3. O Mega 5.0 foi utilizado para verificar a presença de códon de terminação, de substituições de nucleotídeos e aminoácidos e para construir a matriz de distâncias. A geração dos haplótipos e a curva de crescimento foram realizadas no programa DnaSP 5. A rede de haplótipos foi desenhada no programa Network. O Arlequin 3.5.1.2 foi usado para obter os índices de diversidades haplotípica e nucleotídica e para testar a neutralidade seletiva pelos testes de Tajima (1989) e de Fu (1997). A população foi comparada com uma amostragem do rio Tocantins. Foi verificada a estruturação (Fst) e a homogeneidade (AMOVA locus-por-locus) entre as populações dos dois rios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As 38 sequências obtidas geraram 4 haplótipos. O H1 foi o mais frequente. O haplótipo H2 (N=1) e o H3 (N=1) apresentaram uma mutação nucleotídica sinônima. O haplótipo H4 (N=1), tem 46 mutações em relação ao H1, com mudança de 2 aminoácidos, e 47 mutações em relação aos H2 e H3.
Na matriz de distância, H1 a H3 mostrou valores baixos (até 0,0016). O indivíduo H4 possui maior distância aos demais (até 0,0796), sugerindo ser espécie críptica. Os testes de neutralidade de Tajima e Fu mostrou valores negativos e significantes, indicativode expansão populacional recente. O SSD não rejeitou a hipótese.
Para a árvore de Máxima Verossimilhança (GTR+G), com 1000 pseudo-replicas, foram adicionados 4 espécies da família Hyriidae e 8 indivíduos de C. ambigua de 3 rios (Piriá, Tocantins e Caeté). O H4 agrupou com outros rios mostrou valor de bootstrap significativo, saindo do grupo de Irituia. Os estudos comparativos, com mais15 amostras do rio Tocantins, mostrou 14 Haplótipos assim agrupados: Haplogrupo 1, dividido em 1a (H1a H3), do rio Irituia, e 1b (H5 a H9) do rio Tocantins; e o haplogrupo 2, com H4 do rio Irituia e H10 ao H14 do rio Tocantins. O Fst indicou estruturação e o teste de AMOVA mostrou que 86,2% de variação entre os grupos e 11,4% entre as populações dentro do grupo.
CONCLUSÕES:
Os indivíduos coletados foram morfologicamente identificados como Castalia ambigua. A matriz de distâncias sugere a presença de duas espécies crípticas no rio Irituia. Os resultados são similares aos observados por Santos-Neto (2007) e a presença de várias espécies e subespécies foi descritas por Bonetto (1965). O presente estudo mostrou que os resultados apresentaram baixas diversidades haplotípicas e nucleotídicas para o haplogrupo 1, e índices baixos sugerem gargalo de garrafa ou efeito fundador. Os resultados dos testes de neutralidade foram sugestivos de expansão populacional. Nos estudos comparativos da amostragem do rio Irituia com amostragem do rio Tocantins foi detectada estruturação populacional.
Palavras-chave: COI, Castalia ambigua, Genética de Populações.