65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
ABUNDÂNCIA, RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DA ARANEOFAUNA DE SERAPILHEIRA DA SERRA DOS MARTÍRIOS/ANDORINHAS, SÃO GERALDO DO ARAGUAIA-PA.
Timóteo Monteiro da Silva - Universidade federal do Pará - UFPA
Carlos Felipe da Costa Nahum - Universidade do estado do Pará - UEPA
Tayná Ires Costa Novaes - Universidade federal do Pará - UFPA
Manoel Barros Aguiar-Neto - Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG
Bruno Vinicius Bastos Rodrigues - Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG
Alexandre Bragio Bonaldo - Dr./Orientador - Dept. de Zoologia - MPEG
INTRODUÇÃO:
A ordem Araneae é um grupo megadiverso constituído por 112 famílias, 3.898 gêneros e 43.678 espécies descritas, sendo que a maior riqueza é registrada na região neotropical. O Brasil é um dos países com melhor amostragem, porém não existe uma distribuição homogênea dos esforços de coleta. Na Amazônia, ainda existem grandes lacunas no registro de espécies de aranhas, especialmente a respeito da fauna presente na serapilheira.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo registrar a composição de espécies de aranhas de serapilheira no Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, Estado do Pará.
MÉTODOS:
O Parque está inserido na Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia, no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense. A área do parque é de 3.269 km2, caracterizada pela transição entre os biomas Cerrado do Brasil Central e Floresta Amazônica. As coletas foram realizadas no período de 27 de outubro a 07 de novembro de 2011, por ocasião de uma expedição multitaxonômica do Programa de Pesquisas em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AO). Foram utilizados dois métodos: triagem manual de serapilheira e extratores de Winkler, ambos empregados na captura de pequenos invertebrados da serapilheira. O procedimento inicial para ambas as técnicas é a coleta de serapilheira de uma determinada área, a qual é peneirada, gerando um concentrado de matéria orgânica. Na triagem manual, esse concentrado é despejado em uma bandeja onde é realizada a procura visual pelos espécimes, com auxílio de pinças e pincéis. Nos extratores de Winkler esse concentrado é colocado em sacos telados (orifícios de aproximadamente 4 mm). Os sacos contendo o concentrado são suspensos dentro de envoltórios de tecido por 2 dias. A parte inferior de cada envoltório possui um frasco coletor com álcool 80%, onde as aranhas que se locomovem tentando sair do aparato são coletadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram obtidas 14 amostras resultando na coleta de 180 indivíduos, sendo 122 adultos e 58 jovens pertencentes a 16 famílias. As famílias mais abundantes foram Oonopidae (82 indivíduos), Salticidae (33 indivíduos) e Scytodidae (17 indivíduos) representando juntas mais de 73% de indivíduos coletados. As famílias Scytodidae, Ctenidae e Philodromidae foram representadas somente por indivíduos jovens. Foram registradas 36 espécies ou morfoespécies, sendo que as famílias Oonopidae (12 spp.), Salticidae (7 spp.) e Linyphidae (4 spp.) apresentaram a maior riqueza de espécies, somando 63%. A espécie Gamasomorpha aff. lutzi (N=40) da família Oonopidae foi a mais abundante, representando mais de 22% dos indivíduos coletados. Todas as outras espécies foram representadas por menos de 8 indivíduos. Um gênero novo da família Oonopidae foi identificado e será descrito no âmbito do Projeto Planetary Biodiversity Inventory (PBI). Além disso, a espécie aqui identificada como Gamasomorpha aff. lutzi também representa uma espécie nova para a ciência e será descrita também no contexto do projeto PBI.
CONCLUSÕES:
O registro de um gênero novo, bem como o fato da espécie mais abundante neste estudo não ter sido ainda descrita, evidência a importância de estudar a fauna de serapilheira de áreas pouco amostradas.
Palavras-chave: Aranhas, Amazônia, Inventário.