65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
INVESTIGANDO A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA TUBERCULOSE NO AGRESTE E SERTÃO PARAIBANO
Maryana Lima Pinto - Depto. de Enfermagem – UEPB
Thiara Batista Freire - Depto. de Enfermagem – UEPB
Mayrla Lima Pinto - Mestranda em Saúde Pública – UEPB
Talina Carla da Silva - Mestranda em Saúde Pública – UEPB
Lidiane Cristina Félix Gomes - Mestre em Meteorologia - UFCG
Tânia Maria Ribeiro Monteiro de Figueiredo - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Enfermagem – UEPB
INTRODUÇÃO:
A Tuberculose (tb), doença secular, ainda se constitui um problema de grande magnitude e representa um desafio para os serviços de saúde. Estima-se que cerca de um terço da população mundial esteja infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, dos quais 9,27 milhões desenvolvem a doença e 1,1 milhões evoluem para o óbito. Atualmente a tb foi classificada como uma doença reemergente nos países desenvolvidos, e manteve sua ocorrência em níveis elevados e crescentes nos países em desenvolvimento, como o Brasil que registrou 71.581 casos novos no ano de 2010. De acordo com o Sistema Nacional de Agravos e Notificações (Sinan), no mesmo ano, a Paraíba fez a notificação de 1.017 novos casos, 84 casos de recidivas e 46 óbitos por tuberculose, com incidência de 27.7/100.000 habitantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar a distribuição espacial dos casos novos de tuberculose ocorridos no período de 2001 a 2010 em municípios do Agreste e Sertão Paraibano.
MÉTODOS:
Estudo com delineamento híbrido, ecológico e de tendência temporal. A população do estudo compreendeu os casos registrados de tb de todas as formas clínicas, inscritos no Programa de Controle da Tuberculose, nos municípios de Campina Grande, localizado no Agreste Paraibano, com população de 385.276 habitantes, dista 112 km da capital, e Cajazeiras, localizada no Sertão Paraibano, com população de 58.446 habitantes, dista 476 km da capital, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2010. Para a coleta das informações foram utilizados dados secundários do Sinan e da Vigilância Epidemiológica dos municípios, em seguida foi realizado o georreferenciamento do domicílio do doente. Para análise dos dados e construção dos mapas, foi empregado o programa ArcGIS 10.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O perfil dos doentes foi semelhante para os dois municípios: sexo masculino, baixa escolaridade e faixa etária produtiva. Quanto ao encerramento dos casos, Cajazeiras atingiu a meta de cura preconizada pela Organização Mundial da Saúde de curar 85% dos casos, já o abandono alcançou 5,2%, pouco acima do recomendado (máximo 5%), enquanto Campina Grande registrou 63,9% de cura e 11,4% de abandono. Em Cajazeiras foram georreferenciados 170 casos novos, e em Campina Grande 1084. Quanto à análise espacial, na cidade de Campina Grande observa-se uma distribuição heterogênea dos casos, com maiores concentrações em bairros periféricos da região Leste e no bairro Serrotão, situado na região Oeste. Em Cajazeiras houve uma concentração de casos não uniforme, havendo maior número de casos concentrados nas regiões sul e sudoeste, situados na periferia e centro da cidade. Os bairros de Campina Grande que obtiveram alto índice de casos apresentam favelas e influência do tráfico de drogas, revelando um perfil de desigualdade social. A distribuição de casos em Cajazeiras não é aleatória, indicando áreas próximas com concentrações e condições de vida semelhantes.
CONCLUSÕES:
Foi possível visualizar como se comporta a doença em um município do Agreste e outro do Sertão Paraibano, identificando através do Sistema de Informação Geográfica (SIG) locais de maior vulnerabilidade ao desenvolvimento da doença, visto que na maioria das vezes, as populações menos favorecidas são mais vulneráveis para adquiri-la, devido às desigualdades sociais. Dessa forma, recomenda-se que a atenção à tuberculose nesses municípios tenha um olhar voltado não só para o tratamento da doença, como também, promover o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias que incidam nos determinantes sociais e que sejam direcionadas prioritariamente para as áreas vulneráveis identificadas.
Palavras-chave: Doenças transmissíveis, Análise Espacial, Políticas Públicas.