65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
FENOLOGIA DE Pachira aquatica Aublet: FONTE DE ÓLEO PARA BIODIESEL
Simone Pereira Cabral - Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste - CETENE
Renata Janaína Carvalho de Souza - Depto. de Botânica - UFPE
Roberta Sampaio Pinho - Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste - CETENE
Mariana Oliveira Barbosa - Depto. de Botânica - UFPE
Wolfgang Harand - Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste - CETENE
Suzene Izídio da Silva - Profa. Dra. - Depto. de Biologia, Área de Botânica - UFRPE
INTRODUÇÃO:
A disponibilização de matérias primas é, reconhecidamente, o principal gargalo para atender a demanda por biodiesel. A busca de espécies com potencial para o biodiesel no Semiárido Nordestino torna-se um grande desafio. O Nordeste brasileiro possui imensa diversidade de plantas e solos com aptidão para o aproveitamento no cultivo de oleaginosas, porém, o planejamento adequado de estratégias para o aproveitamento deste potencial só será possível com disponibilidade de mais informação sobre espécies oleaginosas.
O conhecimento fenológico de uma planta possibilita prever a época de reprodução, deciduidade e as fases de crescimento vegetativo, bem como a sua relação com os fatores climáticos, que são fundamentais para o conhecimento e manejo da espécie. Sendo o florescimento um dos principais estágios fenológicos para a produção de óleo, uma vez que o número de flores fecundadas pode determinar quantos frutos e sementes serão desenvolvidos (Araújo e Ribeiro, 2008). Pachira aquatica Aublet, popularmente conhecida como munguba, mamorana e cacau selvagem, é uma espécie da família Malvaceae nativa do sul do México até o norte da América do Sul (Oliveira et al., 2000).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar e quantificar a produção de frutos e sementes de Pachira aquática Aublet através do acompanhamento fenológico, e quantificar o teor de óleo de suas sementes.
MÉTODOS:
Os indivíduos de P. aquatica estudados estão localizados na cidade de Recife – PE na Praça Ministro João Gonçalves de Souza e área de arborização da SUDENE (S 8° 02'S, WO 34° 56'). Dados de foliação, floração e frutificação foram coletados mensalmente, através de fichas padronizadas, durante dezoito meses, compreendendo os meses de agosto/2011 a fevereiro/2013.
A análise da produção de frutos foi realizada através do acompanhamento semanal de ramos e botões florais acessíveis, marcados durante o período de maior floração.
O óleo foi extraído a partir de amostras de sementes em triplicatas, desidratadas (40°C/48h), trituradas e pesadas. O material triturado foi acondicionado em sacos de papel de filtro e extraído em Soxhlet durante oito horas com n-hexano. O solvente foi evaporado em rotaevaporador e a amostra mantida em capela de exaustão até a obtenção do peso constante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A espécie apresentou intensiva emissão e desenvolvimento de folhas a partir de outubro/2011, mês de menor índice pluviométrico (29,6 mm), estendendo-se até abril/2012. Ao longo de todos os meses foi observado que a espécie permaneceu com sua copa densa. O aumento da floração ocorre no início de novembro, atingindo o auge entre os meses de janeiro e fevereiro (27,8 %), repetindo-se nos meses de maior índice pluviométrico.
Os primeiros frutos foram observados a partir de dezembro/2011, com a frutificação se estendendo até junho/2012, quando a espécie deixou de apresentar emissão e desenvolvimento de novas folhas, como também baixo índice de floração, o que se estendeu pelos meses de menos chuva, sugerindo que a espécie está bem adaptada às condições edafoclimáticas da região Nordeste. O que foi confirmado em novembro/2012, onde se observou o menor índice pluviométrico do ano (8,6 mm), antecedendo a floração e início da frutificação de dezembro e janeiro / 2013. Dos 346 botões florais marcados, 17 % foram fecundados e 7 % desenvolveram frutos.
O teor de óleo das sementes foi de 41,38% +/- 4,21 (n=17, média e desv. padrão) mostrando que P. aquatica tem potencial como matéria prima para produção de biodiesel (Brum et al., 2009).
CONCLUSÕES:
O elevado teor de óleo juntamente com os dados fenológicos obtidos sugerem o potencial para produção de óleo vegetal para fins diversos, inclusive biodiesel.
Foi observado que o auge de frutificação ocorreu entre os meses de abril e junho, indicando tais meses como melhor período para coleta de frutos maduros e sementes.
Palavras-chave: Munguba, Frutos, Sementes.