65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 5. Informática na Educação
PRODUÇÃO DE SOFTWARE EDUCATIVO PARA APOIO NO PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA INDÍGENA TUPI NA COMUNIDADE TUPINAMBÁ NO SUL DA BAHIA
José Daniel da Silva - Graduando - Licenciatura em Computação – IFBA, Porto Seguro/BA
Francisco Vanderlei Ferreira da Costa - Prof. Doutor/Orientador – Lic. Intercultural Indígena – IFBA, Porto Seguro/BA
INTRODUÇÃO:
Para atender a uma demanda da comunidade indígena Tupinambá, localizada no Sul da Bahia, concernente ao processo de revitalização da língua Tupi, foi desenvolvida uma pesquisa sobre o processo de ensino e aprendizagem da língua desse grupo. A partir das discussões realizadas com a comunidade indígena e das leituras acadêmicas sobre revitalização de língua, propôs-se uma investigação que culminasse na criação de um recurso didático tecnológico. Esse recurso teve sua primeira versão finalizada em julho de 2012, ficando à disposição do grupo um software educacional livre. Esse recurso didático foi criado no formato de um glossário digital contendo as palavras indígenas ainda presentes entre o próprio grupo. Essa pesquisa contribuirá para o fortalecimento da língua indígena dessa etnia, tendo em vista que cada vez mais a língua portuguesa tem assumido a posição central na interação desses grupos, ficando a língua indígena com poucos espaços. Esse processo de fortalecimento tende a manter a diversidade linguística que ainda perdura no Nordeste brasileiro.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Oferecer auxílio tecnológico para subsidiar a revitalização da língua Tupi para a comunidade Tupinambá no Sul da Bahia, por meio da catalogação de palavras na própria comunidade Tupinambá e a criação de um recurso didático.
MÉTODOS:
A pesquisa consistiu em visita prévia à comunidade indígena, para levantamento da demanda do grupo. Durante a pesquisa foram efetuadas diversas visitas de campo às comunidades Tupinambá de Serra do Padeiro e Olivença para processo de entrevistas em áudio e vídeo com seus anciãos, visando a catalogação das palavras em Tupi ainda faladas por eles. Durante essas visitas foram solicitados pelos docentes indígenas cursos sobre softwares educativos e o uso do Laboratório de Tecnologia. Alguns foram oferecidos de forma a facilitar a divulgação e uso do recurso didático na escola da comunidade. Paralelo às atividades de pesquisa ocorreram participações em eventos de tecnologia visando apreender novas metodologias para a prática da informática na educação, intercâmbio que enriquecia o debate da pesquisa, facilitando a coleta de dados e a construção do recurso didático. Após o processo de catalogação e verificação da existência das palavras catalogadas em dicionários de Tupi, foi elaborada a primeira versão do software Glossário Digital Tupinambá, contendo as palavras catalogadas, seus significados comunitário e dicionarizado, sua pronúncia fonética e em áudio e imagens representativas. O software foi desenvolvido com a linguagem de programação Delphi e banco de dados Firebird SQL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As teorias consultadas estavam voltadas para a aliança do ensino da língua com o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, ensino esse que encontra suporte na existência de Laboratórios de Tecnologia nas escolas das comunidades. Com o propósito da criação de um recurso didático digital oriundo das palavras catalogadas, as leituras e discussões resultaram na aplicação de parte destas teorias no processo de confecção do mesmo. Foram considerados os gêneros digitais e as novas formas de construção do sentido através do texto e hipertexto expostos por Xavier (2004), bem como o papel do computador em sala de aula e sua relação com o ensino da língua portuguesa (Coscarelli, 1999) mas aplicado agora ao ensino da língua indígena. O processo de criação considerou também a necessidade da apropriação tecnológica por parte dos docentes (Buzzato, 2010), considerando-se o recurso didático ora desenvolvido como uma forma de novo letramento, sendo o mesmo um suporte ao processo de ensino da língua. Outro bom debate que influenciou o processo foi o estudo do uso da informática na educação (Tajra, 2008) e suas formas de aplicação nos processos de ensino e aprendizagem. A apropriação tecnológica permitirá aos docentes continuar a enriquecer o recurso didático com a inserção de novas palavras.
CONCLUSÕES:
As atividades aconteceram em consonância com o cronograma inicial do projeto. Os objetivos almejados foram alcançados. A coleta das palavras para catalogação atendeu à solicitação da comunidade Tupinambá, no que se refere a revitalização da língua indígena desse grupo, gerando um recurso didático. Também foi possível atender outra demanda da comunidade durante as visitas, quando foram ministrados alguns minicursos na área de tecnologia, contribuindo para o melhor uso do Laboratório de Tecnologia, na direção de uma aprendizagem de melhor qualidade. Além disso, a pesquisa gerou novas demandas a serem trabalhadas em pesquisa posterior, no que concerne a ampliação do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no processo de ensino e aprendizagem, conforme as necessidades verificadas durante as visitas de campo e também oriundas das solicitações da própria comunidade indígena, que se mostrou bastante receptiva e cooperativa no processo.
Palavras-chave: Ensino de Língua Indígena, Tecnologia, Software Educativo.