65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA NO DESEMPENHO ESCOLAR DOS ESTUDANTES
Maria de Fátima da Silva - Graduanda de Pedagogia – UFPE
Daniela Maria Ferreira - Profa. Dra./Orientadora– Depto. de Psicologia e Orientações Educacional – UFPE
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa apresenta uma análise sobre a função da família no desempenho escolar dos filhos. Trata-se de um estudo que tem por finalidade compreender a relação entre o significado atribuído pelas famílias a escola e o desenvolvimento educacional dos estudantes. O interesse pelo tema surgiu a partir das inquietações do estágio realizado na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica que visava a construção de um projeto de intervenção junto a coordenação de uma escola da rede municipal do Recife. Este projeto, por sua vez, possibilitou a realização de uma diagnose sobre dificuldades relacionadas ao desempenho escolar de duas turmas (segundo e quinto ano) apontando como principal causa a falta de participação dos pais e/ou responsáveis na vida escolar dos estudantes. Em função dessa diagnose, iniciamos uma pesquisa de campo a fim de entender melhor a relação família-escola e sua influência no desempenho educacional. Esta pesquisa toma como referencial teórico os estudos desenvolvidos pela sociologia da educação nos últimos 30 anos, em particular, aqueles que relacionam a herança cultural familiar e as atitudes da família e estudantes face à escola (Resende, 2011; Nogueira, 2005).
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa que ora apresentamos teve por objetivo geral analisar a participação dos pais e/ou responsáveis na vida escolar dos filhos. Buscou-se entender a relação entre o capital cultural familiar e o desempenho escolar dos educandos, observando as diferentes maneiras de participação das famílias pesquisadas na escola.
MÉTODOS:
A investigação teve como campo empírico uma escola da Rede Municipal de Ensino do Recife da qual participaram os pais e/ou responsáveis de duas turmas, sendo uma turma do 2º ano e outra do 5º ano do ensino fundamental. A escolha dessas turmas teve como critério a visão da escola (professores e gestores) sobre o desempenho escolar dos estudantes, fato atrelado pelos educadores à participação ou não da família na vida escolar. Enquanto que o 2º ano é considerado pelos educadores como uma turma “ruim”, com baixo rendimento escolar e “mau” comportamento, o 5ºano é tido pelos gestores e professores como uma “excelente turma”. Afim de entender como se constrói socialmente esses juízos de valor e sua relação com a participação da família na escola, foi elaborado e aplicado um questionário sociocultural junto aos pais e/ou responsáveis dos estudantes da amostra. Assim, foram distribuídos um total de 42 questionários: para a turma do 2º ano, entregamos 17 questionários aos pais, enquanto que para a turma do 5º ano, foram entregues 25. Além de dados sobre a escolarização e profissão dos pais e/ou responsáveis, foram coletados dados sobre a satisfação deles diante da escola (o que mais e menos gostam da escola?).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise da aplicação do instrumento de coleta de dados (questionário) e das informações coletadas revelam dois aspectos importantes: 1º) uma correlação entre a disposição em responder o questionário, o grau de escolarização dos pais e desempenho dos estudantes (considera); 2º) uma correlação entre o grau de escolarização dos pais, a participação com a escola e o desempenho dos educandos. Assim, dos 25 questionários entregues aos pais dos estudantes da turma do 5º (considerada excelente pelo corpo docente da instituição) apenas 2 não responderam. Já os pais do 2º ano somente 8 de 17 responderam. No que tange a participação dos familiares na vida escolar de sua prole, os país do 5º ano, que possuem o maior nível de escolarização (ensino médio e até superior), são aqueles que percebem a escola como uma via de mobilidade social e cultural importante. Quando questionados sobre o que mais gostam da escola são enfáticos em citar a qualidade do ensino, a qualificação dos docentes e a garantia de “um bom emprego”. Já os pais menos escolarizados e de nível socioeconômico mais baixo tendem a privilegiar critérios práticos ou funcionais: merenda escolar, proximidade com a escola etc. (Resende, 2011; Ballion, 1986; Nogueira, 1998).
CONCLUSÕES:
A pesquisa sobre a contribuição da família no desempenho escolar dos estudantes conclui que a participação da família no universo escolar se dá de diferentes maneiras. Chama atenção, em particular, para a importância da transmissão da herança cultural familiar indireta. Assim, ao contrário do que pensam os educadores da escola, a participação da família na vida escolar de sua prole não se dá apenas de forma presencial (reuniões de pais e mestres; acompanhamento das tarefas, festas promovidas pela escola entre outros). Pois, todos, sem exceção, declararam participar ativamente da vida escolar de seus filhos. No entanto, pode-se percebe que é o valor atribuído pela família a escola que de fato condiciona o desempenho escolar dos estudantes. Este valor, por sua vez, é construído em função das diferentes maneiras com que a família se relaciona com o universo letrado e escolar, e que está atrelada a sua posição cultural e econômica no mundo social. Concluímos assim, que o valor menor ou maior atribuído à escola pelos pais é o que vai influenciar e até mesmo orientar as atitudes de seus filhos face à escola. Essas atitudes, por sua vez, quando avaliadas de maneira positiva pelos educandos tende a reforçar a visão positiva dos pais em relação à escola.
Palavras-chave: Educação Escolar, Participação dos Pais e/ou responsáveis, Desenvolvimento educacional.