65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA CLASSE HOLOTHUROIDEA DE BLAINVILLE, 1834 (ECHINODERMATA) NO LITORAL BRASILEIRO
Larissa de Souza Barba - UPM - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (IC)
Paola Lupianhes Dall'Occo - Profª. Drª. - UPM - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
Holothuroidea é a terceira maior classe do filo Echinodermata com cerca de 1250 espécies descritas em todo o mundo, agrupando os animais popularmente conhecidos como pepinos do mar, sendo algumas consideradas ameaçadas de extinção pela crescente exploração comercial e perda de habitat. São caracterizados pelo corpo vermiforme, ausência de braços, espinhos e redução do esqueleto calcário. Estruturas externas como formato dos tentáculos, disposição dos pés ambulacrais e internas, como ampolas tentaculares, posição das gônadas e presença de sistema hemal são utilizadas na identificação de espécies, porém há subjetividade na descrição de estruturas e falta de exatidão em figuras que detalham aspectos morfológicos. Os pepinos do mar, apesar de apresentarem importante papel na reciclagem de nutrientes e modificação do substrato e de sua crescente utilização para fins alimentícios e medicinais, ainda são o grupo mais negligenciado em termos de estudo entre os equinodermos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo pretende através da compilação de informações sobre a classe Holothuroidea, atualmente dispersas na literatura especializada e da análise de exemplares de Holothuria grisea, caracterizar as principais estruturas morfológicas utilizadas na classificação taxonômica do grupo e fornecer a diagnose das ordens e gêneros que ocorrem no litoral brasileiro.
MÉTODOS:
Foi realizada uma ampla revisão da literatura especializada sobre o tema através da consulta a artigos científicos, livros, dissertações e teses. Para a compreensão e ilustração de estruturas morfológicas das holothúrias, foram analisados exemplares de Holothuria grisea coletados manualmente em áreas de costão rochoso da praia de Cibratel, Itanhém, São Paulo (24º10’58’’S, 46º47’20’’W). Os espécimes coletados foram anestesiados com benzocaína, cloreto de magnésio ou mentol e fixados em álcool 70%. Para a dissolução do tecido dos animais preservados e observação dos ossículos foi utilizado hipoclorito de sódio 2,5%. O processo de análise histológica das gônadas foi realizado conforme descrito por Bueno (2010) para sexagem dos espécimes analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com a ampla bibliografia consultada foram registradas 9 famílias (Chiridotidae, Cucumaridae, Holothuridae, Molpadiidae, Phyllophoridae, Psolidae, Sclerodactylidae, Stichopodidae e Synaptidae) e 39 espécies, sendo 6 espécies para a ordem Apodida, 8 Aspidochirotida, 22 Dendrochirotida, 3 de Molpadida. A subjetividade na descrição de estruturas e a falta de exatidão em figuras morfológicas presentes na literatura dificultam os estudos taxonômicos do grupo. Assim, uma breve descrição de cada caracter morfológico taxonomicamente relevante é fornecida no presente estudo, bem como as diagnoses das 4 ordens e dos 22 gêneros presentes no Brasil. Outra grande dificuldade no estudo das holotúrias é a pouca eficiência das técnicas de preservação dos animais e a eliminação de órgãos decorrente do processo de evisceração, que prejudicam a observação e caracterização de estruturas de importância taxonômica. A pesquisa bibliográfica revelou escassez de trabalhos sobre o grupo em sua totalidade e as grandes mudanças na classificação ainda confundem muitos autores. As chaves de identificação existentes usualmente visam espécies de uma determinada localidade ou foram elaboradas para táxons específicos, não existindo uma chave que contemple esta classe de forma mais abrangente.
CONCLUSÕES:
É imprescindível que sejam realizados trabalhos com descrições objetivas das estruturas utilizadas na identificação de holotúrias e que disponham de figuras que as ilustrem com exatidão. Devido a dificuldade de obtenção de trabalhos bibliográficos e ausência de consenso entre autores, uma ampla revisão do grupo que reúna os táxons atuais deve ser realizada. Para as espécies brasileiras, é necessária a realização de uma chave de identificação que contemple todas as espécies além do aumento do esforço de coleta em locais ainda pouco estudados. Assim é necessário a ampliação dos estudos morfológicos, ecológicos e taxonômicos para a resolução dos problemas sistemáticos e nomenclaturais ainda existentes, bem como para fornecer subsídios para exploração sustentável e conservação das espécies.
Palavras-chave: Holothuroidea, caracteres morfológicos, litoral brasileiro.