65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
Projeto Mutirão de Agroecologia/ Grupo MUDA – O Desenvolvimento de Tecnologias Sociais baseadas na Agroecologia e na Permacultura (CT/UFRJ).
Caio Lucas Sant’anna - Graduando em Engenharia Ambiental /UFRJ
Daniel Firmo Kazay - Graduando em Engenharia Ambiental /UFRJ
Érika Mattos O’Reilly - Graduando em Engenharia Ambiental /UFRJ
Lara Ângelo de Oliveira - Graduando em Engenharia Ambiental /UFRJ
Tomé de Almeida e Lima - Graduando em Engenharia Ambiental /UFRJ
Heloisa Teixeira Firmo - Professora do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente/UFRJ
INTRODUÇÃO:
Diante de um cenário de problemas sócio-ambientais, decorrentes das externalidades dos processos produtivos (dentre eles, a agricultura convencional, a produção de energia e a construção civil), a Agroecologia, Agrofloresta e Permacultura surgem como metodologias sustentáveis e resilientes. Em 2012, o governo federal instituiu a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Decreto nº 7.794), que prevê ações de pesquisa e outros estímulos ao desenvolvimento deste setor emergente.
O Projeto MUtirão De Agroecologia/ Grupo MUDA é constituído por graduandos da Engenharia Ambiental que realizam experimentos de recuperação de áreas degradadas e produção de alimentos através dos preceitos da Agrofloresta. A Permacultura serve como base teórica ao planejamento das atividades do grupo.
Os conceitos supracitados implicam em uma abordagem sistêmica do ambiente. Por conseguinte, temáticas como lixo, energia e habitação estão inclusas nas atividades do grupo. Para cada entrave são propostas/elaboradas/aplicadas tecnologias, ditas sociais, como soluções para o status quo encontrado. As tecnologias sociais investigadas são replicáveis e representam soluções efetivas de transformação social.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho busca elucidar as principais etapas da construção de um espaço de ensino, pesquisa e extensão em Agroecologia e Permacultura. Nesse âmbito, busca-se a recuperação ambiental de uma área de aterro, consolidação de um laboratório didático-experimental, e por fim, a divulgação de tecnologias sociais em gestão de resíduos e agricultura de base agroecológica.
MÉTODOS:
Foi selecionada uma área para a realização de um experimento em Recuperação de Áreas Degradadas através do Plantio Agroflorestal. Essa área tem 1250 m². O solo é composto por aterro, é ácido e compactado e possuía apenas grama batatais como cobertura vegetal.
A prática de compostagem aeróbia de resíduos orgânicos domésticos em sistema de leras e a vermicompostagem em minhocários artesanais gerou uma produção de composto que foi incorporado aos plantios.
O plantio foi realizado em mutirão e norteado por princípios de manejo ecológico do solo como o plantio consorciado de espécies arbóreas e culturas alimentícias, o uso de cobertura morta, plantio sucessional, alta biodiversidade e adubação verde.
Foi realizada uma sobreposição de mapas para caracterização do solo.
Os experimentos são parte da Trilha Ecopedagógica desenvolvida dentro do Sistema Agroflorestal. Essa trilha é organizada para que a área seja didática, contendo placas explicativas. A área é rota de muitas pessoas. São agendadas visitas guiadas pelos alunos do projeto, onde são discutidos conceitos, princípios e experimentos.
Na difusão das Tecnologias Sociais, o grupo trabalhou em instituições de ensino, a partir de dinâmicas de grupo, atividades práticas e debates sobre hábitos, conceitos e tecnologias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A área experimental foi nomeada Laboratório Vivo de Agroecologia e Permacultura (LaVAPer). A caracterização desse laboratório aberto e ecopedagógico é uma das principais áreas de visita no Centro de Tecnologia.
O plantio sucessional biodiverso acelerou o aporte de matéria orgânica e descompactação do solo. O consórcio de espécies permitiu a colheita de produtos em variados ciclos, 2 meses, 6 meses, 9 meses, 1 ano, 2 anos, 3 anos, e ainda contém árvores de ciclo longo. A fauna foi atraída pela riqueza de recursos providos pela biodiversidade e acelerou ainda mais a evolução do solo. Microclimas foram estabelecidos e a barreira vegetal deixou o ambiente mais fresco devido à umidade e sombra. Foi elaborado um inventário das espécies vegetais com características pertinentes e um diagnóstico preliminar do solo.
A compostagem aeróbia de resíduos domiciliares, grama cortada e folhas secas teve produção de composto com aproximadamente 2,5 meses. O minhocário alimentado com os mesmos ingredientes da composteira apresentou produção de húmus com 1 mês e 10 dias e multiplicação da população de minhocas em poucas semanas.
Foram realizadas dinâmicas de grupo e apresentações sobre Meio Ambiente, Agroecologia e Permacultura com 4 turmas do 1º ano do Ensino Médio Técnico e oficina com tema "Permacultura na Cidade" em uma turma no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM).
CONCLUSÕES:
O agroecossistema tem evoluído, abrigando espécies mais exigentes e diversificando a sua produção. Foi observado aumento da fertilidade e quantidade de matéria orgânica no solo das primeiras nucleações. O inventário permitiu uma compreensão maior das espécies e auxilia o planejamento de manejo.
Concluiu-se a partir da sobreposição de mapas que o solo é composto pelo aterro AT3 segundo um estudo da Embrapa Solos sobre o Parque Frei Veloso e Cidade Universitária, cujos parâmetros são detalhados para posterior comparação com análises de solo na área experimental.
A compostagem aeróbia se mostrou mais demorada porém esteriliza o composto devido às altas temperaturas que atinge. O minhocário se mostrou mais eficiente porém não apresenta tal característica de esterilização, produzindo um composto com alta germinação.
O aluno como protagonista do processo permitiu o envolvimento de todos e a manifestação das opiniões. O estímulo a reflexão e posterior lapidação das idéias fez com que os envolvidos nas oficinas compreendessem as soluções apresentadas para problemas ambientais e os impactos associados a certas práticas ou hábitos.
Palavras-chave: Tecnologias Sociais, Agroecologia, Permacultura.