65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
A jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret) e sua produção de forragem e grão no semi-árido paraibano, Brasil
Flamarion dos Santos Araújo - Pós-Graduação em Ciênciais Florestais - UFRPE
Olaf Andreas Bakke - Prof. Dr, Depto. de Engenharia Florestal, UFCG, Campina Grande, PB
Ivonete Alves Bakke3 - Profa. Dra, Depto. de Engenharia Florestal, UFCG, Campina Grande, PB
INTRODUÇÃO:
Dentre as espécies arbóreas forrageiras da Caatinga destaca-se a jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd). Poiret), arvoreta ricamente aculeada, de 4-6 metros de altura, dotada de copa irregular, e cujos ramos novos apresentam pêlos viscosos. Seu tronco, levemente inclinado, de 20-30 cm de diâmetro, é revestido por uma casca que se desprende em lâminas estreitas, exibindo a madeira avermelhada. Suas folhas são compostas, bipinadas, de 1 a 3 cm de comprimento (pecíolo e raque) e com 4 a 6 mm de comprimento. As inflorescências subterminais são em espigas isoladas ou germinadas, de 4 a 8 cm de comprimento, com flores esbranquiçadas. O fruto é do tipo vagem, tardiamente deiscente, de 2,5 a 5,0 cm de comprimento, contendo até 6 sementes (LORENZI, 1998). Esta planta coloniza as extensas áreas antropizadas e degradadas da região semi-árida nordestina. Na estação seca, representa 12,5% do consumo de caprinos no Cariri paraibano (Leite e Viana 1986). De acordo com análises preliminares, sabe-se que as suas ramas (<10 mm) podem ser cortadas, resultando em 5 kg ou mais de massa verde por indivíduo, e cuja matéria seca apresenta mais de 7% de proteína bruta. Este material fenado mostra-se capaz de manter caprinos fistulados em bom estado corporal (Araújo Filho et al 1990).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Diante do exposto, o presente projeto de pesquisa tem o objetivo de determinar a possibilidade de corte anual das ramas da jurema preta, a fenologia desta espécie, a sua produção de forragem e sementes caso a poda não seja realizada, e a qualidade do material coletado para alimentação animal.
MÉTODOS:
O projeto foi implantado em Caatinga nativa com predominância de jurema preta, em área pertencente à Universidade Federal de Campina Grande, Fazenda NUPEARIDO, Patos (PB). A densidade de jurema preta foi estimada em aproximadamente 1.000 plantas / ha.Foi adotado o delineamento em blocos casualizados, com duas repetições (dois indivíduos de jurema preta, escolhidos aleatoriamente) dos três tratamentos em cada um dos quatro blocos. Além do tratamento T1, condição na qual nenhum material forrageiro foi coletado, os tratamentos experimentais consistiram de: T2) corte anual em abril, e T3) corte anual em julho do material forrageiro arbóreo (ramas de jurema com menos de 10 mm de diâmetro). Após o corte, o material forrageiro de cada parcela foi pesado e triturado em forrageira. Após esta secagem, o material foi novamente pesado, processado em moinho com peneira de 1 mm e acondicionado em recipientes de vidro, devidamente identificados, aguardando a determinação da FDN e FDA, Proteína Bruta (PB) e Cinzas. O método utilizado para as análises foi o de Van Soest (1967), descrito por Silva (1991). As variáveis analisadas foram altura e crescimento em diâmetro basal, produção de forragem e de sementes, e a qualidade bromatológica da forragem (FDN, FDA, PB e Cinzas).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A altura e o diâmetro basal aumentaram em 1 m e 16 mm em dois anos. Nesse período, a poda da ponta das ramas reduziu a altura das plantas em 15 cm, enquanto o aumento do diâmetro foi reduzido a 1/3 ou menos. O corte anual das ramas de juremas em povoamentos nativos pode produzir 4 ton/ha, porém se reduz a 1 ton/ha no terceiro corte anual consecutivo. Esta forragem apresenta mais de 55% de fibra e mais de 10% de proteína bruta, caracterizando um alimento volumoso com nível de proteína bruta acima do mínimo exigido para mantença de animais. Juremas pretas com até 4 m de altura podem produzir 1,6 kg de sementes, porém a produção é muito variada, sendo aconselhável a coleta de sementes apenas dos indivíduos com boa frutificação. Na região de Patos, a fase de vegetação inicia em janeiro, com as primeiras chuvas, e a frutificação ocorre no terço inicial da estação seca (setembro) e no meio da estação chuvosa (abril).
CONCLUSÕES:
A altura e o diâmetro basal aumentaram em 1 m e 16 mm em dois anos. Nesse período, a poda da ponta das ramas reduziu a altura das plantas em 15 cm, enquanto o aumento do diâmetro foi reduzido a 1/3 ou menos. O corte anual das ramas de juremas em povoamentos nativos pode produzir 4 ton/ha, porém se reduz a 1 ton/ha no terceiro corte anual consecutivo. Esta forragem apresenta mais de 55% de fibra e mais de 10% de proteína bruta, caracterizando um alimento volumoso com nível de proteína bruta acima do mínimo exigido para mantença de animais. Juremas pretas com até 4 m de altura podem produzir 1,6 kg de sementes, porém a produção é muito variada, sendo aconselhável a coleta de sementes apenas dos indivíduos com boa frutificação. Na região de Patos, a fase de vegetação inicia em janeiro, com as primeiras chuvas, e a frutificação ocorre no terço inicial da estação seca (setembro) e no meio da estação chuvosa (abril).
Palavras-chave: Corte, Ramos, Forragem.