65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
AGROFLORESTA: ALTERNATIVA PARA OS AGRICULTORES FAMILIARES RESIDENTES EM APA’S NO LITORAL DO PARANÁ
Natali Calderari - Gestão Ambiental – UFPR - Setor Litoral
Valdir Frigo Denardin - Prof. Dr./Orientador – UFPR - Setor Litoral
INTRODUÇÃO:
A criação de Unidades de Conservação (UC`s) ao mesmo tempo em que propiciam a proteção da fauna e flora locais, geram conflitos socioambientais se implantadas equivocadamente. A UC criada sem um estudo social e participação da comunidade traz problemas e afetam a qualidade de vida da população tradicional, visto que esta encontra dificuldades na realização de atividades geradoras de renda, que garantem sua subsistência. A causa está relacionada a normas e restrições estabelecidas pelas áreas de proteção. No caso das APA’s (Áreas de Proteção Ambiental), tal legislação impede o morador de plantar e colher como habitualmente fazia, resultando em um grau de pobreza maior nessas áreas.
As APA’s do litoral paranaense apresentam tais conflitos, acentuados, por exemplo, na APA de Guaraqueçaba. As limitações impostas resultam em consequências negativas no que se refere ao bem estar da população local e as alternativas encontradas por ela, que vão desde a baixa produtividade do trabalho ao desmatamento clandestino e extração ilegal. Nesse contexto, a agrofloresta surge como alternativa as comunidades tradicionais, visto que as práticas agroecológicas visam a produção de forma a não impactar negativamente o meio ambiente, contribuindo para a conservação local e a subsistência dos habitantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo tem como objetivo discutir a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF`s) nas Áreas de Proteção Ambiental do litoral paranaense como forma de conservação da natureza e geração de renda para as populações locais. A partir disso busca-se relacionar os fatores fundamentais que tornam os SAF`s alternativa para as comunidades tradicionais residentes nas APA`s estudadas.
MÉTODOS:
Foi realizada uma revisão bibliográfica acerca dos assuntos pertinentes à Sistemas Agroflorestais e Unidades de Conservação, em especial as Áreas de Proteção Ambiental. Os documentos usados como base para o desenvolvimento da pesquisa contemplam autores como Guimarães et. al. (2010), Pompeu et. al. (2011), Paludo e Costabeber (2012), Vieira et. al. (2008) e Daniel et. al. (2000). A partir desses, buscou-se informações sobre como avaliar a efetividade dos SAF`s, seus indicadores de sustentabilidade, conceitos e a influência das características locais na implantação dos sistemas e práticas agroecológicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As Áreas de Proteção Ambiental são geralmente extensas e possuem relevante importância ecológica, cultural e histórica, podendo conter outras modalidades de Unidades de Conservação em seu interior. Não há desapropriação das terras, mas as comunidades locais devem seguir um disciplinado processo de ocupação e uso do solo, pois essas áreas visam a sustentabilidade dos recursos naturais. Nas APA`s de Guaratuba e Guaraqueçaba, constatou-se a dificuldade das populações tradicionais em prosseguirem com as atividades que garantiam sua subsistência. Dentre os problemas encontrados, a partir da implantação dessas UC`s, pode-se citar: Extração ilegal de palmito; caça ilegal; empobrecimento das comunidades; êxodo rural; confrontos entre a polícia e moradores locais; entre outros.
Os SAF`s constituem em uma forma de cultivo simultâneo de árvores e espécies agrícolas ou animais. Essa prática permite o aproveitamento dos recursos existentes e a produção combinada, evitando o desgaste do solo e combinando o conhecimento tradicional e a ciência moderna. Dessa forma, as agroflorestas incluem-se nos processos biológicos naturais do ecossistema local. Diante disso, essa atividade surge como uma alternativa de produção dentro das APA`s do litoral do Paraná, pois é realizada sustentavelmente.
CONCLUSÕES:
Os conflitos socioambientais presentes nas Áreas de Proteção Ambiental são evidentes não só nas APA`s de Guaratuba e Guaraqueçaba, no litoral paranaense, mas em diversas Unidades de Conservação do país. Portanto, as comunidades tradicionais buscam alternativas que permitam sua subsistência, visto que a legislação referente à UC implica em restrições de uso do solo. Os Sistemas Agroflorestais, portanto, se apresentam como uma forma de conservação do meio ambiente e também como geração de renda à população local. Os produtos advindos desse tipo de cultivo possuem valor agregado devido à sua origem agroecológica e características locais, tornando-o único e de boa qualidade. Quando aliados à criação de novos mercados de circuitos curtos de produção, como as feiras, essas mercadorias podem representar a principal fonte de renda dos produtores moradores das APA`s.
Palavras-chave: Sistemas Agroflorestais, Práticas Agroecológicas, Áreas de Proteção Ambiental.