65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
AVALIAÇÕES DE ESTRÁTEGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA INDÍGENA
Karla de Jesus Reis - UPM - Centro de Educação, Filosofia e Teologia (IC)
Lidice Meyer Pinto Ribeiro - Profª. Drª. - UPM - Centro de Educação, Filosofia e Teologia (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho traça uma breve análise das estratégias de ensino e aprendizagem nas escolas indígenas, com ênfase nas comunidades Awa-Guaja, Guarani e Kaiwá localizadas em território brasileiro e a etnia Mapuche na Bolívia. Busca-se a compreensão da proposta diferenciada e intercultural de educação que surgiu após a Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases de 1996. A pesquisa inclui o levantamento bibliográfico do assunto em questão e entrevistas com professores indígenas e não indigenas em atividades com objetivo de relacionar a prática com o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas e a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96. A pesquisa também pretendeu compreender a dinâmica das escolas de cada comunidade indígena no que diz respeito ao seu funcionamento enquanto proposta intercultural de educação. Os resultados indicam que houve avanços em relação às estratégias utilizadas pelos professores, pois as ações pedagógicas criadas contribuem para a formação de sujeitos críticos, buscando o reconhecimento de sua identidade étnica e cultural por meio de uma proposta intercultural e bilíngue. Ao estabelecermos as bases da pesquisa, descobrimos que há muito a ser feito em relação à aquisição do saber formal nas diferentes escolas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar por meio de análises junto ao referencial curricular para as escolas indígenas e os artigos acerca da educação indígena na lei de diretrizes e bases 9394/96, as práticas realizadas em algumas tribos indígenas por professores bilíngues, verificando a eficácia destas práticas, e avaliando sua compreensão pelo aluno.
MÉTODOS:
Para execução desta pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico do assunto em questão, para verificar os estudos e estratégias já publicados acerca do ensino realizado em aldeias indígenas brasileiras e em países limítrofes. Visando analisar algumas práticas de ensino em andamento nas escolas indígenas Awa-Guaja, Guarani e Kaiwá. A pesquisadora entrou em contato com professores em atividade para discutir as estratégias desenvolvidas por eles em sala de aula junto a alunos indígenas. Como intermediários deste contato recorremos a organizações missionárias que desenvolvem projetos na área educacional em parceria com a FUNAI, em especial a Missão Evangélica Caiuá e ALEM (Associação Linguística Evangélica Missionária). Foram selecionados dois professores de cada escola para realização de entrevistas em questionários abertos, sendo estes de ambos os sexos, e idades entre 25 a 50 anos. Nessas entrevistas, foram solicitadas informações como: Língua utilizada (se bilíngue ou não); Estratégias de ensino desenvolvidas (materiais didáticos, organização da sala, dinâmica da turma etc.); Etnias atendidas (multi-etnico ou uni-etnico); Idades atendidas(classes multisseriadas). A entrevista foi realizada através da internet.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O presente trabalho discute os avanços conquistados pelos indígenas do ponto de vista étnico e cultural beneficiando suas próprias escolas. Dentre essas questões, destacamos a Promulgação da Constituição Federal de 1988 e a Lei 9394/96, que permitiu o reconhecimento legal dos povos indígenas, considerando-os como sujeitos de direitos. Esse reconhecimento possibilitou a criação de escolas especiais que atendesse as necessidades de cada comunidade indígena e valorizasse a sua cosmologia e cultura. As escolas indígenas são entendidas como um espaço que “educa sem abrir mão de seus valores”, autorizando a valorização de suas identidades e a reafirmação de sua diversidade cultural, ocorrendo um intercâmbio entre a teoria e a prática no processo de ensino e aprendizagem tornando possível a realização da proposta diferenciada e intercultural de educação deliberada pela legislação e o Referencial Curricular respeitando suas particularidades. No âmbito escolar indígena, percebemos uma gama de ações promovidas pelos professores em prol da transmissão de conhecimentos formais, mas muitas vezes estas acabam por se concretizar parcialmente se considerarmos o alto índice de evasão e a formação fragmentada dos educadores.
CONCLUSÕES:
O presente estudo possibilitou compreender o processo de aquisição de conhecimentos formais por meio de reflexões acerca das estratégias utilizadas por professores em atividades no âmbito escolar indígena. Sendo assim, entendemos esse processo como avanços significativos do ponto de vista da legislação e orientações do MEC contribuindo para a sua inserção na sociedade vigente. Analisando as estratégias notamos que nas escolas, os professores procuram transmitir conhecimentos universais por meio de uma pedagogia sistematizada que muitas vezes não é o que o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas orientam e a Lei 9394/96 determinam, por não desfrutarem de recursos suficientes para a oferta de uma educação de qualidade que atendesse efetivamente suas necessidades. Percebemos também que há muito a ser feito em relação à arquitetura escolar, elaboração de materiais didáticos, na oferta de cursos de formação de professores índios e não índios, pois os resultados indicam que há muitos educadores sem formação mínima (Magistério) para lecionarem nos aldeamentos. Contudo, para definirmos o modelo ideal de escola indígena é necessário ouvir os personagens principais e compreender sem dúvida suas necessidades, viabilizando recursos para qualificar o ensino nas escolas.
Palavras-chave: Educação, escolas indígenas, curriculo escolar.