65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Linguística Aplicada
OS GÊNEROS DE DISCURSO FÁBULAS, CONTOS DE FADAS E APÓLOGOS COMO OBJETOS DE ENSINO: proposições necessárias para as aulas de literatura
André Moreira Santos - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários, UESB
Ester Maria de Figueiredo Souza - Profa. Dra. / Orientadora - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários, UESB
Fernanda de Castro Batista Coelho - Profa. Dra. / Coorientadora - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários, UESB
INTRODUÇÃO:
Trazemos aqui resultados de uma pesquisa que privilegia o trabalho em salas de aula da educação básica com textos socialmente categorizados como contos clássicos tais quais as fábulas, os contos de fadas e os apólogos, que tomamos como ferramentas didáticas socioculturais e gêneros de discurso (BAKTHIN/VOLOSCHINOV, 1999) que merecem ser objeto de ensino. Acreditamos que, além de possibilitarem a competência interpretativa, reflexiva e discursiva do aprendiz, o trabalho com esses gêneros permite acessar um conjunto de discursos relativos a normas de conduta e agenciamento de comportamentos socialmente previstos e reiterados. Isso porque esses gêneros textuais atualizam lições de sabedoria implícitas que respondem a favor da prudência e da concórdia, oferecendo aos interlocutores conceitos que proporcionam condutas morais que visam à ética e à cidadania. Segundo Abílio e Mattos (2006, p. 86), o trabalho com textos como esses “pode e deve ser um ponto de partida para a reflexão a respeito do próprio determinismo formulado acerca da sabedoria prática, questionando os padrões de comportamento e as relações de poder que transparecem nessas narrativas”.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Defender o trabalho com contos clássicos como mais uma aposta de trabalho pedagógico para aulas de língua materna, considerando o imaginário sociodiscursivo que a interpretação dos gêneros discursivos fábulas, contos de fadas e apólogos evocam.
MÉTODOS:
As apostas de trabalho com os gêneros fábulas, contos de fadas e apólogos foram vertidas para a elaboração de planos de aulas de literatura que orientaram a iniciação à docência em uma turma de 6º ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública municipal de Vitória da Conquista – Bahia. O diário de campo foi tomado como instrumento de pesquisa balizador das hipóteses de trabalho geradas na etapa de observação e convivência etnográfica. Assim, os planos foram elaborados a partir de uma vivência etnográfica (ERICKSON, 1993; 2006) na referida escola campo de pesquisa, ao longo de seis meses, período no qual se confirmou a lacuna do trabalho com os gêneros escolhidos no âmbito dos conteúdos programáticos e tematizações do professor em sala de aula. Para a realização dessa aposta de trabalho foram necessárias dez horas/aula (uma aula semanal de cinquenta minutos ao longo de aproximados três meses) para tratamento didático dos gêneros e desenvolvimento das sequências de ensino a partir das quais se pôde empreender gestos de transposição didáticas necessários ao tratamento dos gêneros propostos. Esse projeto didático configurou o processo do bolsista PIBID na esfera da docência. Vale ressaltar que as interações didáticas e trabalho com os planos foram gravadas e transcritas para avaliação da dinâmica interacional e dos gestos de transposição didática realizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A escolha dos textos-base privilegiou o início do projeto didático em que a sequência de planos de aula foi delimitada a partir da variável “menor complexidade morfológica”, partindo, de início, do modo de dizer que privilegia formulações linguísticas mais simples para aquelas cujos enunciados mostravam-se mais complexos, dadas as referências e discursos que evocavam. Isso possibilitou a reconstrução por parte dos alunos de um conjunto de representações relativas ao antigo e ao moderno, bem como impactou no modo como os alunos (sujeitos da pesquisa) compreendiam o espaço discursivo da aula de literatura.
CONCLUSÕES:
O trabalho em torno do ensino de fábulas, contos de fadas e apólogos foi desenvolvido com a finalidade de instigar e contribuir para o aperfeiçoamento tanto de qualidades reflexivo discursivas, quanto para a tematização de questões concernentes à ética e cidadania. Tal como asseguram os dados, ao longo da sequência de aulas foi possível construir uma atmosfera interacional para tematização da literatura propícia à refocalização de discursos de aconselhamento. O tratamento intertextual e interdiscursivo dados às narrativas permitiu ainda a visualização de aspectos interdisciplinares, além de possibilitar uma abordagem do texto atual consideradas a abordagem de ensino de língua e suas literaturas a partir da ótica dos gêneros textuais e do realce de traços interculturais e intraculturais da relação língua(gem), cultura e sociedade. Tudo isso indicou avanços significativos no tratamento do texto literário em sala de aula.
Palavras-chave: Aula, Discurso, Literatura.