65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
RASTROS POÉTICOS PANTANEIROS: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA COM POESIA E ARTE COM OS EDUCANDOS DA 1ª FASE DO 2º CICLO
Neide da Silva Campos - Mestre em Educação.Professora SEDUC/MT
Suzana Helena Alves de Arruda Assis e Silva - Especialista em Educação. Coordenadora da Escola Gen. Caetano de Albuquerque
Maria Evangelina Costa Assunção - Especialista em Educação. Diretora da Escola Gen. Caetano de Albuquerque.
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho relata a experiência pedagógica desenvolvida na Escola Estadual Gen. Caetano de Albuquerque em 2012, em Poconé-MT, com a turma do 2º ciclo, 1ª fase, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Artes. A interdisciplinaridade possibilitou a realização de um trabalho, onde os conteúdos não foram vistos de forma fragmentada (FAZENDA, 1996). Para Paulo Freire (1992)“A leitura de mundo precede a leitura da palavra”, diante disso, reconhecemos os saberes dos meninos e meninas acerca do local onde vivem: crianças pantaneiras, ribeirinhas, urbanas. Freire enfatiza que, o ensino significativo, deve partir da realidade do aluno, assim, os poemas e poesias tiveram como eixo a cidade de Poconé, conhecida também por ser o portal do pantanal. O trabalho desenvolvido culminou com a publicação da obra “Rastros Poéticos Pantaneiros: nas pegadas da turma do 2° Ciclo - 1ª Fase da Escola Estadual General Caetano de Albuquerque”. Podemos afirmar que a prática pedagógica, possibilitou aos alunos a construção de saberes para além dos conteúdos escolares, a constituição plena da autonomia e de serem sujeitos da sua própria história.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo proposto foi possibilitar à criança a construção de texto poético, a partir do seu contexto sócio-cultural. Proporcionar aos educandos o pensamento crítico sobre seus escritos, ao rever e corrigir as produções. Proporcionar a comunicação poética, recitando os poemas/poesias. Produzir um livro com poemas/poesias, ilustrado pelos alunos.
MÉTODOS:
A metodologia utilizada no transcorrer do trabalho foi retomar os conceitos sobre poesias/poemas estudados pelas crianças, como se faz e com se estrutura. Posteriormente houve um momento de realizar as produções poéticas, depois da entrega dos poemas, os textos foram digitados e repassados aos mesmos para que fossem modificados e/ou corrigidos. Em grupo foram feitas as ilustrações de acordo com os escritos. No transcorrer das aulas os poemas eram declamados e via-se a motivação dos alunos na realização da atividade. Procurando fazer uma prática inclusiva, os educandos que ainda não estavam alfabetizados, puderam realizar essa atividade produzindo oralmente, esse processo garantiu que houvesse a inclusão de todos. Após, foi trabalhado como seria a capa do livro, num processo democrático, foi feita a votação com os alunos, no qual a capa eleita continha a ilustração de três desenhos diferentes, e que evoca em sua essência aquilo que representa a cidade, isto é, a natureza, a cultura popular e a religiosidade. A última etapa foi à impressão do material numa gráfica, no qual houve o apoio e esforço da equipe gestora da escola para que o livro que antes era apenas uma ideia, se materializasse, tomando forma, cor e imagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Houve uma melhor compreensão sobre o que é poesia, bem como enriquecimentos na produção escrita. “Todo ser vivo aprende na interação com o seu contexto: aprendizagem é relação com o contexto. Quem dá significado ao que aprendemos é o contexto.” (GADOTTI, 2009, p. 29). Ao discorrer sobre a sua realidade sócio-cultural, observou-se uma motivação nas crianças para produzirem o livro. Observamos as impressões dos alunos do lugar onde vivem, isto é, sobre o pantanal mato-grossense, marcado pelos animais, rios, árvores, frutas e a cidade de Poconé que é marcada densamente pela identidade cultural. Os resultados da obra são imensos, pois coloca os alunos numa posição de sujeitos do processo educativo, são eles os autores dos textos e da arte que ilustra o livro. Como afirma Freire (1996) “[...] formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas [...]”. Um dos momentos mais gratificante foi observar um aluno que se alfabetizou nesse período letivo, pedindo com um sorriso estampado no rosto e uma expressão de orgulho de si mesmo, que quando ele terminasse o texto, que fosse lido em voz alta o que ele havia produzido. Assim, a palavra escrita, a leitura que antes causara resistência e desinteresse, passou a fazer sentido e significado.
CONCLUSÕES:
O processo de ensino-aprendizagem deve proporcionar ao aluno a autonomia plena diante do conhecimento escolar. Ao trabalharmos com poesia/poema, observamos nos educandos um entusiasmo diante do processo da escrita e leitura. Bem como, a reflexão sobre o que eles haviam produzidos. O fato de escreverem a partir daquilo que está impregnado contribuiu para que houvesse um sucesso na atividade proposta. Evocamos Manoel de Barros, no seu poema “Canções do Ver” que expressa os olhares das crianças pantaneiras sobre o lócus em que vivem, “Por viver muitos anos dentro do mato moda ave. O menino pegou um olhar de pássaro — Contraiu visão fontana. Por forma que ele enxergava as coisas por igual como os pássaros enxergam.” Através desse trabalho foi percebido o grande conhecimento e vivência das crianças sobre a sua cidade, bem como a riqueza com que abordavam sobre a fauna e a flora local. Saberes estes construídos e vivenciados cotidianamente nos diferentes espaços sócio-cultural-ambiental.
Palavras-chave: Experiência exitosa, Poesia, arte.