65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
ESTUDO MORFOANATÔMICO COMPARATIVO DOS CARACTERES EPIDÉRMICOS FOLIARES E SEUS ANEXOS EM Herissantia nemoralis e H. tiubae (MALVOIDEAE, MALVACEAE)
Pedro Augusto Barros de Oliveira - Laboratório de Biologia Vegetal, Instituto de Ciências Biológicas - UPE
Niara Moura Porto - Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, CBiotec - UFPB
George Sidney Baracho - Prof. Dr./Orientador - Laboratório de Biologia Vegetal, ICB - UPE
Maria de Fátima Agra - Profa. Dra./Co-orientadora - Setor de Botânica, PgPNSB, CBiotec - UFPB
INTRODUÇÃO:
Herissantia Medik. é um pequeno gênero da tribo Malveae (Malvoideae, Malvaceae) que compreende seis espécies tropicais (H. crispa é pantropical), das quais quatro ocorrem no semiárido do Brasil (H. crispa e H. nemoralis têm registros para o norte, centro-oeste e sul do país). O gênero difere dos demais integrantes da aliança Abutilon pelo fruto oblato, inflado e brilhante, comumente pendente e com columela persistente; e mericarpos (e estigmas) 10-14, 1-4 sementes, com parede frágil e internamente não divididos por endoglosso. Apesar da reconhecida uniformidade das flores e frutos que separa Herissantia das demais Malvaceae e que sugere uma possível monofilia para o grupo, a plasticidade na morfologia das formas vegetativas, reprodutivas, indumento e tricomas é bastante evidente, o que torna difícil o reconhecimento de táxons muito próximos. Além disso, o grupo possui delimitações ainda pouco esclarecidas e estudos taxonômicos voltados apenas para Herissantia são inexistentes, embora alguns dos seus representantes sejam citados em contribuições florísticas e taxonômicas sobre Malvaceae ou como produtores de drogas de interesse químico e farmacológico. Este trabalho é uma contribuição aos múltiplos estudos que vêm sendo desenvolvidos com a tribo Malveae no Nordeste do Brasil.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho consiste no estudo morfoanatômico comparativo dos caracteres epidérmicos foliares e seus anexos em Herissantia nemoralis (A. St.-Hil., Juss. & Cambess.)Brizicky e H. tiubae (K.Schum.)Brizicky, contribuindo não só com os caracteres diagnósticos das espécies estudadas, como também fonte de informação para a taxonomia de Herissantia.
MÉTODOS:
Foram realizadas coletas de amostras de H. nemoralis e H. tiubae em áreas do semiárido nos estados de Pernambuco e Paraíba. Parte do material coletado foi fixada em FAA 50% por 48h e conservada em etanol 70% (Johansen, 1940), e outra parte herborizada (Forman & Bridson, 1989) cujas exsicatas encontram-se depositadas no herbário Lauro Pires Xavier (JPB) da Universidade Federal da Paraíba. Para as observações em microscopia de luz, os fragmentos da lâmina foliar e pecíolo foram obtidos a partir de seções transversais e cortes paradérmicos à mão livre, com lâmina cortante e medula de pecíolo de imbaúba como suporte, seguindo-se a metodologia usual. Os fragmentos foram diafanizados em hipoclorito de sódio comercial até completa diafanização. As amostras foram então neutralizadas com ácido acético (0,2%), lavadas em água destilada, coradas com safranina (1%) e montadas sobre lâmina em água glicerinada (50%). As observações e obtenção de imagens foram realizadas em microscópio LEICA DM 750 com sistema Qwin e acoplado a câmara filmadora LEICA ICC50 HD com captura de imagem. A classificação dos estômatos foi baseada em Wilkinson (1979), assim como a caracterização do mesofilo e paredes celulares da epiderme baseou-se em Fahn (1979).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Herissantia nemoralis e H. tiubae partilham dos seguintes caracteres morfoanatômicos: (i) epiderme hipoestomática e estômatos do tipo anisocítico; (ii) mesofilo dorsiventral, sendo a nervura principal biconvexa e com vascularização colateral; e (iii) pecíolo, em seção transversal, exibindo contorno circular, cujo parênquima contém drusas e seu interior. Além disso, os seguintes tipos de tricomas foram observados: (a) estrelados eglandulares sésseis ou estipitados, (b) simples unicelulares, (c) simples pluricelulares, (d) glandulares curtos e (e) glandulares longos. Entretanto, além dos caracteres morfológicos do hábito, da flor e do fruto, H. nemoralis difere de H. tiubae pelos seguintes caracteres: (i) epiderme, em vista frontal, com paredes anticlinais curvas na face abaxial (× paredes anticlinais sinuosas); (ii) estômatos localizados acima do nível da epiderme (× no mesmo nível); (iii) colênquima lamelar (× colênquima angular); (iv) mesofilo com parênquima paliçádico unisseriado (× bisseriado); e (vi) vascularização do pecíolo apresentando quatro feixes colaterais, ocorrendo formação de camadas de esclerênquima subjacente aos feixes (× seis feixes vasculares).
CONCLUSÕES:
Além da morfologia do hábito, da flor e do fruto como relevantes para a separação entre H. nemoralis e H. tiubae, os caracteres anatômicos distintivos entre ambas espécies e que servem como evidências taxonômicas relevantes são a (i) anatomia da epiderme; (ii) a vascularização e o tipo do colênquima e o (iii) número de camadas do parênquima paliçádico.
Palavras-chave: Malveae, Malvales, Caatinga.