65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
CORAÇÃO DE CULTIVAR "BANANA MARMELO" COMO POTENCIAL FORNECEDOR DE AGRODEFENSIVO NATURAL
Nívea Patrícia Ribeiro Reges - Instituto Federal Goiano - Câmpus Ceres
Marcos Paulo dos Santos - Instituto Federal Goiano - Câmpus Ceres
Mônica Silva Marques Lau - Instituto Federal Goiano - Câmpus Ceres
Eliane Vieira Rosa - Instituto Federal Goiano - Câmpus Ceres
INTRODUÇÃO:
O controle das doenças de plantas em agricultura usualmente é realizado por defensivos agrícolas (KIMATI et al., 1997). A utilização de produtos vegetais oferece vantagens em relação aos impactos ambientais e à segurança alimentar, pois não deixam resíduos nos alimentos e são facilmente degradados. A propriedade terapêutica das plantas é decorrente da presença de substâncias denominadas fitoquímicos, que são também referidas como fitonutrientes, destacando-se os flavonoides como componentes antimicrobianos. Os flavonóides são compostos fenólicos, hidrossolúveis produzidos pelo metabolismo secundário e protegem a planta contra danos oxidativos, infecção de patógenos, entre outros (Dixon et al., 1989) e representam o maior grupo de compostos fenólicos vegetais.
O uso de extrato de plantas no controle de doenças vegetais vem sendo amplamente estudado, mas ainda continua sendo pouco utilizado na prática, exceção feita aos agricultores que praticam a agricultura orgânica e que utilizam normalmente esses extratos. Um dos motivos de seu baixo uso é a dificuldade em se obter as amostras vegetais a serem processadas e também o preparo propriamente dito do extrato, entretanto, sucesso, inclusive comercial, vem sendo obtido (BETTIOL, 2001).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Confirmar a potencialidade antimicrobiana de extratos etanólicos de coração da cultivar marmelo para propor um possível agente para uso em fitossanidade vegetal.
MÉTODOS:
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Bioquímica do IF Goiano-Câmpus Ceres. Primeiramente coletou-se “Corações” de (Musa) spp. da cultivar “marmelo”, as partes saudáveis foram fragmentadas em frações menores e submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada a 50ºC/24h, permitindo a desidratação do material sem comprometer os compostos fitoquímicos. O material seco e triturado foi submetido ao contato com etanol 96% por 12 dias, processo denominado “percolação”, sendo em seguida submetido à evaporação do solvente, para obtenção do extrato bruto. Realizou-se a qualificação de fitoquímicos onde foi confirmada a presença de flavonoides por CCD (fase móvel composta por acetona:tolueno:ácido fórmico e revelador vanilina 10% em etanol) e, posteriormente realizada a quantificação deste composto. Posteriormente efetuou-se a coleta de folhas de plantas com a doença fúngica, procedendo-se ao cultivo em meio BDA, sendo o mesmo isolado por esgotamento. O patógeno (Uredobixae Arth) que acomete o Urucum foi armazenado em Estufa de Crescimento Microbiano (B.O.D). Fez-se a inoculação do fungo sob as placas de petri contendo meio de cultura e extrato vegetal nas concentrações de (40, 80,120, 160 ppm), sendo o grupo controle formado apenas por meio de cultura. As placas foram incubadas em B.O.D. sob temperatura de 28ºC por 10 dias e então submetidas a contagem das unidades formadoras de colônias (UFCs) em cada tratamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As placas CCD foram analisadas em câmara ultravioleta, onde notou-se a presença de regiões fluorescentes que se refere à presença de cumarina no extrato vegetal. Esse fitoquímico é de grande relevância, possui potencial anti-carcinogênico de acordo com estudos já realizados. Após a revelação em UV, fez-se a revelação com vanilina 10% em etanol, evidenciando a presença de flavonoides. Com a análise quantitativa obteve valores considerados significativos de flavonoides nos extratos o que nos incentivou a proceder a avaliação da potencialidade antimicrobiana. Após a análise das placas inoculadas o fungo selecionado nos meios contendo quatro concentrações de extrato (40, 80,120, 160 ppm) e no controle, verificou-se número incontável de Unidades Formadoras de Colônias (UFCs) apenas nas placas contendo meio de Cultura (grupo controle). Já em todas as placas contendo meio de cultura com extrato etanólico diluído, não houve formação de nenhuma UFC, o que nos leva a concluir que o extrato etanólico deste vegetal possui ação eficiente, confirmando assim o potencial antimicrobiano do “coração” de bananeira visto também por HEROLD (2006), que usando extratos etanólicos de corações de uma determinada variedade, verificou efeito positivo no controle da bactéria (Escherichia coli), considerada extremamente virulenta.
CONCLUSÕES:
O presente trabalho tem como meta imediata a adaptação da técnica de obtenção dos extratos para uma forma que possa ser utilizada pelos pequenos produtores em virtude dos resultados positivos apresentados pelo extrato etanólico do coração da variedade Marmelo, propondo uma metodologia simples e comparando os resultados, para possibilitar a agregação de valor a esta parte do vegetal que geralmente é descartada e contribuindo para minimizar o uso de agrodefensivos químicos que são potencialmente danosos ao meio ambiente e a saúde.
Palavras-chave: Extratos vegetais, Flavonoides, Micro-organismos.