65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXTRAÇÃO MINERAL EM ÁREAS URBANAS, O ESTUDO DE CASO DA PEDREIRA VIGNÉ, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU, RIO DE JANEIRO
Ana Clara de Almeida Bernardino - Museu Nacional - UFRJ
Dionnathan Gomes Pinheiro - Faculdades Integradas Maria Thereza - FAMATH
Josimar Mendes da Silva - Museu Nacional - UFRJ
Suzana dos Santos Matos - Museu Nacional - UFRJ
INTRODUÇÃO:
O grupo conhecido como “Agregados para a Construção Civil” é uma terminologia que se refere aos materiais granulares sem forma e volume definidos, e que apresentam dimensões e propriedades estabelecidas para o uso em obras de engenharia civil, tais como: a pedra britada, o cascalho e as areias naturais ou obtidas através da moagem de rocha (DRM-RJ, 2012). Os materiais agregados são facilmente encontrados na natureza, por isso são considerados minerais abundantes e de baixo valor comercial, no caso da brita, dois terço dos custos são referentes ao transporte. Por este motivo, o local de sua extração ocorrer o mais próximo possível dos centros consumidores, sendo caracterizada na atualidade como uma atividade típica das regiões metropolitanas. O consumo desses materiais é medido em m³/habitantes/ano, sendo um importante indicador da situação econômica e social de um país. No ano de 2008, por exemplo, o consumo per capita nos EUA foi de 9,1 toneladas, enquanto que na União Europeia esteve em 7,6 toneladas, já no Brasil 2,4 toneladas (Valverde, 2010). Tal disparidade no consumo desses agregados revela que nossa infraestrutura ainda é muito precária, sendo necessário se fazer maiores investimentos em setores como habitação, saneamento e transportes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho visa diagnosticar, avaliar e discutir os principais impactos gerados pela extração e beneficiamento da brita na área de lavra da Pedreira Vigné, localizada em Nova Iguaçu, município pertencente à região metropolitana do Rio de Janeiro.
MÉTODOS:
De acordo com a proposta da pesquisa e corroborando o pensamento de autores que versam acerca da temática ambiental, a metodologia empregada no desenvolvimento desta pesquisa consistiu em duas etapas distintas: a primeira realizada em gabinete, onde foi feito todo o levantamento de material bibliográfico referente ao tema (livros, periódicos, artigos, publicações na Internet, teses e dissertações de mestrado), material cartográfico (mapas geológico e geomorfológico, solo, divisão municipal, imagens do Google Earth), utilização do software Arc Gis 10.1 como ferramenta essencial para a elaboração de mapas base, além de dados quantitativos e qualitativos, que serviram como base para compor o quadro estatístico apresentado na pesquisa. Já na segunda parte, enfatizamos o trabalho de campo, a partir da realização de visita técnica às instalações da Pedreira Vigné munido de questionário, que foi respondido durante a visita. Os itens respondidos foram imprescindíveis, pois nos permitiram caracterizar as estimativas de reserva, método de lavra utilizado e produção anual. Estes dados foram complementados através de registro fotográfico realizado na ocasião da visita.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A Pedreira Vigné, está situada na região metropolitana do Rio de Janeiro, no município de Nova Iguaçu. O início de suas atividades ocorreu no ano de 1949, em uma área, cuja principal atividade econômica era o cultivo de laranja. De acordo com dados do CETEM (2002) a pedreira tem uma reserva medida de 22,3 milhões de metros cúbicos de rochas constituídas essencialmente de nefelina, sienitos e foaítos, sendo encaixadas em gnaisses leptníticos e dioríticos, migmatitos e granitos. Todas estas rochas são ígneas, representantes do magmatismo alcalino que originou todo o Maciço Gericinó-Mendanha. A extração mineral de agregados para a construção civil no estado do Rio de Janeiro atualmente encontra-se em franca expansão, dada a crescente demanda do mercado consumidor. Segundo dados do DRM-RJ (2012) a produção de brita entre 2010 e 2011 foi de 19.703.404t. Deste total, observa-se que a participação da Região Metropolitana é equivalente a cerca de 68% da produção estadual, ou seja, 13.194.130t. Para Araujo (2011) a mineração em áreas urbanas e periurbanas é um dos fatores responsáveis pela degradação do subsolo. Atualmente, junto às grandes metrópoles brasileiras, é comum a existência de enormes áreas degradadas, provenientes das atividades de extração de argila, areia, saibro e brita.
CONCLUSÕES:
Nos últimos anos, a pressão da comunidade aliada à seleção natural do mercado, levou ao fechamento de inúmeras pedreiras localizadas em áreas densamente ocupadas. Apesar de ser uma atividade potencialmente impactante, a extração mineral em pedreiras é a responsável por fornecer 66% da brita empregada no ramo da construção civil. Por serem atividades que se desenvolvem próximas às cidades, as operações necessárias para a realização da mineração associadas ao trabalho humano provocam alterações positivas e negativas. Na maioria dos casos, as pedreiras precederam a ocupação urbana, o que, atualmente, gera graves conflitos e incômodo à vizinhança, a qual se instalou nas proximidades daquela atividade. Não havendo a possibilidade de seu aproveitamento num raio próximo aos centros consumidores, certamente ficaria inviabilizada a realização de novas edificações, pois a não oferta desse produto elevaria os custos das obras e, consequentemente a paralisação de centenas de projetos, além de provocar a desaceleração da economia local/regional devido a não arrecadação de tributos e a não geração de empregos e renda.
Palavras-chave: Exploração mineral, Brita, Meio ambiente.