65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
Estratégias de Territorialização de vias públicas pelos guardadores de carros no centro urbano de Belém/Pa
Augusto Richard De Souza Nascimento - centro de ciencias humanas e educação-UNAMA
Luan Borges Januario - centro de ciencias humanas e educação-UNAMA
Marcos Vinícius da Costa Lima - prof. Ms./orientador - centro de ciencias humanas e educação-UNAMA
INTRODUÇÃO:
Para manter um veículo estacionado com segurança em Belém, muitos condutores estacionam seus carros em territórios dos guardadores de carros (“flanelinhas”) que ditam as suas regras e demarcam territórios em áreas privadas e em ruas fora da área demarcada pela Zona Azul (espaço regulamentado pela prefeitura). Compreender as estratégias de apropriação desses territórios (SOUZA,2007) e o reconhecimento por diferentes agentes é fundamental para a gestão e o planejamento urbano, além de promover a mitigação de conflitos, garantindo a legitimação da profissão de guardadores de carros pela nossa sociedade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Fazer um mapeamento dos territórios e territorialidade dos guardadores de carro na Av. Brás de Aguiar no bairro de Nazaré, município de Belém do Pará, identificando as principais estratégias de apropriação desse território por diferentes agentes sociais, além de caracterizar as diferentes formas de controle espacial introduzidas pelos guardadores de carros e pelo poder público nesses territórios.
MÉTODOS:
Os métodos utilizados no nosso trabalho buscou dados por meio de entrevistas semi elaboradas com os “flanelinhas” e representações da associação dos trabalhadores guardadores de veículos em estacionamento público de Belém do Pará (ATGVEPB-PA), além de fontes bibliográficas tais como jornais que diariamente discutem casos e acontecimentos correlatos. Confecção de um mapa básico, a partir do uso do programa do Google maps para localizar e representar a territorialidade dos “flanelinhas”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os espaços compartilhados pelos “flanelinhas” na rua Braz de Aguiar, no centro de Belém apresentam uma organização espacial em contínua transformação, que obedecem regras de uso e apropriação em diferentes quarteirões. O quarteirão é a unidade de medida utilizada nas demarcações dos territórios de domínio dos trabalhadores. Cada guardador fica com um espaço de cinquenta a sessenta metros da rua, que varia com a posse de seis a dois guardadores por quarteirão (cada quarteirão tem 100 á 250 metros). A relação de apropriação desses espaços tem se dado das seguintes formas: comercial ou por doação a parentes ou a terceiros. Ambas modalidades de apropriação são feitas sem a mediação de documentos. A legitimidade pelo domínio do território se dar na presença diária do guardador que passa a utilizar um colete identificador. No caso da ausência temporária do guardador titular do território, o espaço é assumido pelo guardador do território mais próximo, sem lhe gerar ônus e nem benefícios impostos pelo guardador que o substitui, que por sua vez amplia temporariamente o seu território. Tais estratégias de uso desses espaços, são (re)construídas no cotidiano dos mesmos, e sem a intervenção direta do Estado ou da associação no processo de territorialização da avenida Bras de Aguiar.
CONCLUSÕES:
A profissão de guardador de automóveis ainda em processo de regulamentação, cresce constantemente no país, fazendo com que as ruas e avenidas enquanto espaço público se convertam em espaços territorializados por estes agentes sociais. É de extrema importância garantir o reconhecimento da profissão, para que o ordenamento territorial, em particular, as vias de circulação automotiva das grandes cidades, proporcione uma isonomia ao processo de demarcação de territórios e maior segurança no trânsito das grandes cidades, principalmente quando o crescimento das frotas de carros estar em alta acompanhado por outro agravante que é o aumento na criminalidade no espaço urbano. É notório que as vias públicas são espaços de reprodução social, e que estar garantindo a geração de renda, além de ser o principal meio de sobrevivência para os cidadãos guardadores de carros na av. Brás de Aguiar/Belém.
Palavras-chave: Territorialidade, flanelinhas, espaço publico.