65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
COMO A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DO BERÇÁRIO ATUA NAS INTERAÇÕES SOCIAIS DE CRIANÇAS NA CRECHE?
Viviane dos Reis Silva - Depto.de Educação - UFS
Tacyana Karla Gomes Ramos - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Educação - UFS
INTRODUÇÃO:
A Educação Infantil, representada por creches e pré-escolas, tem um papel de grande importância no processo de socialização das crianças. Atualmente as crianças são reconhecidas como sujeitos sociais, capazes de se desenvolver a partir das interações estabelecidas, ampliando aprendizagens e construindo sua autonomia de forma ativa. Para que essas interações entre pares aconteçam de modo a potencializar o desenvolvimento das crianças, faz-se necessário pensar em um ambiente pedagógico que seja propulsor de descobertas, socialmente estimulante, ou seja, é preciso planejar o espaço da creche impulsionador de interações sociais. Com base nesses pressupostos, a pesquisa em questão busca analisar a relação entre o espaço físico do berçário e o desenvolvimento de interações vivenciadas pelos bebês com os companheiros de idade ao explorarem os objetos e o mobiliário da sala. A relevância desta pesquisa pode ser apontada em razão de refletir a respeito das implicações contidas na organização de um ambiente propulsor do desenvolvimento infantil, que dê visibilidade ao mundo social das crianças; contribuindo, assim, com um conjunto de saberes que possam informar aos profissionais da educação a sua prática de forma acolhedora às necessidades e motivações das crianças.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a relação entre o espaço físico do berçário e o desenvolvimento de interações vivenciadas pelos bebês com os companheiros de idade ao explorarem os objetos e o mobiliário da sala.
MÉTODOS:
Os dados foram produzidos na perspectiva etnográfica a partir de observação participante, registros escritos, em forma de diários, além de videogravações e registros de imagens por meio de fotografias. A pesquisa foi realizada com 29 crianças, de ambos os sexos, integrantes dos agrupamentos etários denominados de berçário I e II de uma instituição municipal de Educação Infantil da cidade de Aracaju/SE. Os processos de interação social das crianças foram analisados por meio de episódios interativos selecionados e descritos. Vale destacar que, antes da coleta de dados ser efetivada, o referido estudo passou pela submissão e apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, recebendo a devida autorização para o início dos trabalhos. Após a autorização, o passo seguinte foi à realização de uma reunião com as famílias das crianças, educadoras e coordenação pedagógica da unidade educativa, explicando-lhes os objetivos e a metodologia do estudo a ser desenvolvida, ocasião em que, também solicitamos a autorização para o trabalho proposto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com base na análise de episódios interativos, verificamos que os espaços disponibilizados na creche contribuem de forma significativa para a ocorrência de interações sociais. As crianças recriam áreas para suas brincadeiras, subordinando objetos disponíveis e o mobiliário da sala de acordo com seus interesses. A observação da criança em interação social revela o interesse do grupo infantil por várias experiências que lhes permitiram, através da exploração, fazer descobertas e tecer relações, quando a criança manipulou objetos que o adulto lhe disponibilizou, explorou o mobiliário e escolheu áreas para a realização de suas atividades, atribuindo sentidos lúdicos aos objetos que foram socialmente compartilhados, estando em contato com um campo de oportunidades de (re)significações. As oportunidades de brincar com seus parceiros de idade, observadas no conjunto de episódios apresentados, confirmam resultados de outros estudos que defendem a ideia de que a organização pedagógica do espaço do berçário precisa dar suporte às motivações lúdicas das crianças e interações entre elas.
CONCLUSÕES:
Verificou-se que a organização do espaço físico do berçário atua de maneira significativa no universo de interações sociais vivenciadas pelas crianças. Os objetos expostos ao longo da sala serviram de explorações entre grupos de bebês. Estas explorações foram responsáveis por descobertas e aprendizagens exercidas nas trocas com o outro. A capacidade lúdica das crianças ampliou suas oportunidades, visto que, os objetos explorados foram em grande escala o mobiliário da sala, desta forma, observamos que as crianças constroem significados próprios diante do que lhes é ofertado; a manipulação de objetos vai além dos brinquedos comumente disponibilizados na creche; a mobília da sala funcionou como suporte para as brincadeiras entre crianças. Diante de tais considerações, ressaltamos a relevância da configuração de um espaço físico que seja desencadeador de interações, planejado e intencionalmente organizado com tal finalidade. Portanto, uma proposta pedagógica para creche precisa ancorar-se em atitudes que promovam/abranjam as possibilidades/potencialidades interativas das crianças em contextos favoráveis aos encontros sociais.
Palavras-chave: Organização do espaço, Interações sociais, Educação Infantil.