65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
A SITUAÇÃO DA TRADIÇÃO DA CONFECÇÃO DE RABECAS NO MUNICÍPIO DE MATINHOS, PARANÁ
Thays Teixeira da Paz - Setor Litoral - UFPR
Simone Rigo - Setor Litoral - UFPR
Nágila Cristina Alves - Setor Litoral - UFPR
Rosilaine Vinharski - Setor Litoral - UFPR
Mayra Taiza Sulzbach - Profa. Dra/Orientadora - Setor Litoral UFPR
INTRODUÇÃO:
A rabeca é um instrumento de origem árabe que se parece muito com o violino, mas apresenta suas particularidades. Acredita-se que ela chegou, ao Brasil, trazida pelos jesuítas e posteriormente foi adotada pelos indígenas, que a adaptaram usando materiais provenientes da Mata Atlântica. No litoral paranaense, os caboclos caiçaras (descendentes de índios e brancos) modificaram esse instrumento e o utilizavam para contar, através de seu som, lendas, mitos, crenças e toca-lo em celebrações religiosas. Ela é composta por três cordas e feita em caxeta talhada. Sua confecção era ensinada de geração em geração, mas com as mudanças do mundo contemporâneo, este conhecimento não foi repassado com a mesma intensidade, sobrando poucas pessoas com esta habilidade. Em Matinhos, município do Litoral do Paraná, há apenas uma pessoa, que com dificuldades continua confeccionando o instrumento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho visa o levantamento da tradição de confecção, bem como do uso da rabeca no município de Matinhos - PR.
MÉTODOS:
Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o uso da rabeca no Litoral do Paraná e em Matinhos, buscou-se encontrar através de diálogos com a comunidade, quem ainda faz uso ou produz o instrumento. O passo seguinte foi uma entrevista semiestruturada com um único homem que continua produzindo o instrumento na comunidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Conforme entrevista com o único artesão de rabeca remanescente em Matinhos: o instrumento ainda é feito a mão, sendo a matéria prima a caxeta, encontrada na Mata Atlântica. Segundo o entrevistado, a 40 anos atrás era mais fácil buscar a matéria prima na mata, pois atualmente a legislação ambiental impede o corte dessa árvore, dificultando e diminuindo sua fabricação. O reduzido número de rabecas confeccionadas é vendido como objeto de decoração. A confecção deste instrumento sempre foi artesanal, o modo de tocar era repassado dos mais velhos aos mais novos, que sentiam orgulho em tocar os instrumentos em festas e rituais religiosos, como na Festa do Divino, em Guaratuba, também no Litoral do Paraná. A opção pela não manutenção do uso do instrumento (cultura local) começa a ser substituída com a internacionalização dos meios de comunicação. Os jovens foram deixando de praticar e repassar a cultura da rabeca.
CONCLUSÕES:
Através da pesquisa realizada, constatou-se um risco da extinção do ofício de fabricar “rabeca”. Contudo, apesar de seu uso no local não ser efetivo, em outras comunidades do Litoral paranaense ainda é. Pelo reduzido número de poucas pessoas que conhecem o uso do instrumento, bem como sua confecção no Município de Matinhos, destaca-se a necessidade do resgate desta cultura, resgatando assim a história do local.
Palavras-chave: Rabeca, Matinhos, Cultura.