65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A DE CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS: ASSOCIAÇÃO COM CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS, DAS CRECHES E O CRESCIMENTO LINEAR
Rosa de Lourdes Beltrão Firmino Neta - Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. Graduanda de Enfermagem da UEPB
Alessandra de Assis Chaves - Graduanda de Enfermagem da UEPB
Carolina Pereira da Cunha Sousa - Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da UEPB
Ana Carolina Dantas Rocha - Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da UFC
Dixis Figueroa Pedraza - Doutor em Nutrição. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da UEPB
INTRODUÇÃO:
A vitamina A é um micronutriente essencial para o funcionamento do sistema visual normal, do sistema imune, da diferenciação celular, do crescimento e da reprodução, além de atuar na prevenção de doenças como o sarampo, malária, diarreia e infecção respiratória. Sua deficiência em casos mais severos acarreta o quadro de xeroftalmia podendo evoluir para um quadro de cegueira irreversível, além de interferir no desenvolvimento e crescimento saudável da criança. Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS, 2006) estima-se uma prevalência de 17,4% de hipovitaminose A entre as crianças com até cinco anos, sendo as maiores prevalências no Brasil encontradas nas regiões Sudeste, com 21,6% e no Nordeste, com 19,0%.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrever fatores associados ao estado nutricional de vitamina A de crianças assistidas em creches da Prefeitura do Município de Campina Grande, Paraíba e comparar o comportamento de acordo com a presença/ausência de déficit de estatura.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo transversal desenvolvido em 14 creches, selecionadas por sorteio aleatório simples, do município de Campina Grande, Paraíba. Foram analisados os dados correspondentes a 271 crianças pré-escolares. A coleta de dados foi realizada nas creches e contemplou cinco procedimentos gerais: 1) avaliação antropométrica das crianças, a fim de caracterizar o crescimento linear, utilizando o índice estatura/idade; 2) avaliação bioquímica do estado nutricional de vitamina A, mediante verificação das concentrações séricas de retinol das crianças; 3) avaliação parasitológica de fezes, por meio da coleta de uma amostra de fezes das crianças; 4) avaliação das condições socioeconômicas, características maternas e saúde da criança, por meio de um questionário estruturado aplicado às mães das crianças; 5) avaliação das creches enquanto à estrutura e higiene, realizada com a colaboração das diretoras das creches através da revisão de documentos e da tomada de medidas dos espaços físicos nos casos necessários. Utilizou-se o teste “t” para verificar diferenças entre as médias das concentrações de retinol no soro das crianças segundo categorias das variáveis categóricas relativas às características das crianças e das creches. O nível de significância estatística considerado foi 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A média de retinol no soro foi de 1,68μmol/L (DP=0,45), corroborando com estudos recentes que mostram melhorias nos valores médios de retinol no soro para população infantil. O nível de retinol em crianças da faixa etária de 9 a 24 meses mostrou-se inferior quando comparado ao apresentado por aquelas com mais de 24 meses. Tal fato sugere uma maior predisposição à hipovitaminose A em idades mais jovens devido ao momento expressivo de crescimento e às infecções mais comuns. O nível de retinol sérico também foi mais baixo em crianças com poli-parasitismo (M=1,61 +/- 0,44) do que naquelas que não apresentaram poli-parasitismo (M=1,74 +/- 0,45), o que pode ser justificado pelo papel da vitamina A na resistência a infecções. Foi verificado ainda que as crianças assistidas em salas com área inadequada apresentaram nível de retinol menor que as de sala com área adequada, observando que a qualidade do serviço prestado é considerada um fator de proteção para o estado nutricional de vitamina A.
CONCLUSÕES:
Os resultados deste estudo confirmam a importância do estado nutricional de vitamina A para o desenvolvimento e crescimento saudável da criança. Ressalta-se, assim, a importância de fortalecer estratégias sociais, econômicas e nutricionais que visem melhorar o estado nutricional de vitamina A na população infantil. No contexto nutricional, programas de educação nutricional, de fortificação de alimentos e de melhoria da alimentação escolar são relevantes.
Palavras-chave: Estado nutricional, Vitamina A, Crescimento linear.