65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
GESTÃO ESCOLAR: NECESSIDADES PARTICULARES NO COTIDIANO DA ESCOLA
Eliane Ferreira Cavalcanti - Depto. de Educação – UFRPE/UAG
Edivanilson Mota da Silva - Depto. de Educação – UFRPE/UAG
Vivian Adriana Brito dos Santos - Depto. de Educação – UFRPE/UAG
Taynah de Brito Barra Nova - Prof. Ms./Orientadora - Depto. de Educação – UFRPE/UAG
INTRODUÇÃO:
A escola enquanto espaço de múltiplas relações necessita ser compreendida a partir de ações que atendam todas as suas demandas, considerando que cada escola apresenta peculiaridades próprias. Lima (2002) afirma que a escola deve ser vista com base numa visão multifocal, por necessitar em várias situações suplantar as regras jurídicas por aquelas construídas em seu espaço, concebendo o seu dinamismo, para poder tomar rumos bem direcionados. Para que a instituição escolar possa efetivamente desenvolver seu trabalho na sociedade, visando a aprendizagem escolar e a formação da cidadania, é necessário um direcionamento adequado através de uma gestão que almeje tais finalidades. A respeito da busca que a instituição faz a fim de concretizar seus objetivos, Libâneo (2006) afirma que a organização e a gestão da escola se materializam no conjunto de ações, recursos e procedimentos que propiciam as condições para alcançá-los. Diante deste pressuposto, esta pesquisa se destaca ao tentar se aproximar dos sentidos atribuídos pela gestão escolar as necessidades que a escola tem em exercer ações, na sua prática cotidiana, que estejam em consonância com as regras jurídicas estabelecidas, mas considerando suas especificidades/necessidades locais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como objetivo principal compreender quais os sentidos atribuídos pelas equipes de gestão escolar das escolas públicas de Garanhuns-PE às ações de gestão guiadas por regras formais e àquelas que vão além das estabelecidas oficialmente.
MÉTODOS:
O presente trabalho foi desenvolvido durante uma pesquisa de campo na cidade de Garanhuns-PE. Participaram do estudo, representantes da equipe de gestão escolar de duas instituições públicas de ensino, sendo uma escola municipal e outra estadual. Os participantes se incluem na faixa etária de 30-40 anos e possuem mais de 15 anos de experiência na área educacional. Nosso estudo adotou a entrevista semiestruturada como método de coleta de dados, pois a mesma mostrou-se como o instrumento mais viável na medida em que proporciona uma relação de interação entre o entrevistador e os entrevistados, além de permitir esclarecimentos e adaptações que favoreceram a obtenção das informações desejadas. Os dados coletados foram analisados seguindo a proposta de Análise de Conteúdo de Bardin (2004), utilizando o tema como unidade de registro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No que concerne à efetivação das leis e regimentos educacionais na escola pública, os gestores evidenciaram que estas não são suficientes para contemplar as obrigações da escola em seu cotidiano, gerando a necessidade da criação de regras específicas que considerem as peculiaridades das instituições em que atuam. Lima (2002) já apontava a insuficiência das regras oficiais para satisfazer as demandas escolares, afirmando que a instituição não pode atuar com um modelo organizacional de forma singular, frente às demandas que variam conforme seu entorno e especificidades. Para os participantes, embora as regras formais se sobreponham às informais em condições de importância, a escola deve ser flexível e considerar que tanto as normas oficiais como as que vão além das estabelecidas oficialmente necessitam andar juntas, destacando que uma não é superior a outra. De acordo com os participantes, para a escola cumprir de fato seus objetivos, visando educar com qualidade e formar cidadãos conscientes, a gestão tem papel fundamental e deve ser exercida por profissionais capacitados para efetivar as regras formais, que juntamente com os outros atores envolvidos, devem estabelecer regras específicas em prol do bom andamento da instituição escolar.
CONCLUSÕES:
Os dados apontam que, para os que fazem parte da equipe de gestão escolar, a escola tem a necessidade de utilizar regras instituídas oficialmente para atingir seus objetivos. Contudo, as regras informais, estabelecidas no interior da escola, são necessárias, e se aplicam justamente nas ações que não são contempladas pelas oficiais. Consideramos assim que, corroborando com os pressupostos de Lima (2002) e Libâneo (2006), para os participantes a escola é compreendida como um objeto passível à flexibilidade. Para os sujeitos da pesquisa, na prática escolar a utilização de regras formais e àquelas que vão além das estabelecidas oficialmente visa atender as relações ocorridas no dia a dia e promover, por meio da gestão, uma melhor forma de contornar suas necessidades, entendendo, dessa forma, a escola enquanto um objeto dinâmico e multifacetado.
Palavras-chave: Gestão escolar, Legislação educacional, Instituição Escolar.