65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO E SUAS APLICAÇÕES NAS EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS COM DERIVADOS DO PETRÓLEO
Caline Maria dos Santos Pereira - Estudante do curso Técnico em Química Industrial – IFPE
Jessica Feliciano Coutinho - Estudante do curso Técnico em Química Industrial – IFPE
Rogéria Mendes do Nascimento - Profa. Depto.de Saúde, Segurança e Meio Ambiente – IFPE
Jose Antônio Aleixo da Silva - Prof, Depto.de Ciências Florestais - UFRPE
Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira - Profa, Depto.de Ciências Biológicas - UFRPE
Marília Regina Costa Castro Lyra - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Saúde, Segurança e Meio Ambiente - IFPE
INTRODUÇÃO:
A atividade industrial aumenta cada vez mais nos dias de hoje e junto com ela crescem também os riscos, em especial os de acidentes ambientais oriundos de derrames de petróleo e derivados em ambientes estuarinos (ALMEIDA, 2009). Esses acidentes geralmente ocorrem devido à perdas e rompimentos de ductos, ou por problemas ocorridos no seu transporte e têm um efeito significativo sobre as propriedades do ambiente contaminado (BENTO, 2005). Estima-se que, de 1970 a 2008, cerca de 5,65 milhões de toneladas de óleo foram lançadas ao mar e que nos últimos 47 anos o número de acidentes e o volume de óleo derramado têm diminuído progressivamente (ITOPF, 2009). As refinarias de petróleo são uma das atividades humanas de maior potencial poluidor, já que suas atividades afetam o ar, a água e o solo. Em contra partida, elas são indispensáveis à manutenção do estilo de vida das sociedades (MARIANO, 2005) e sua implantação é propulsora de grande desenvolvimento econômico. Nesse sentido, para a redução ou minimização dessas espécies de danos, a biorremediação, uma tecnologia que utiliza agentes biológicos capazes de modificar ou decompor poluentes (ATLAS & BARTHA, 1981) vem sendo avaliada mundialmente como uma das técnicas mais promissoras no controle desses resíduos perigosos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho avaliou a biodegradabilidade de diversos derivados de petróleo em sedimentos estuarinos sob efeito de agentes estimulantes da microbiota nativa, através do uso de técnicas respirométricas, em condições laboratoriais, visando à determinação do tempo de retenção deste resíduo nestes ambientes para contribuir com o aperfeiçoamento das técnicas de biorremediação.
MÉTODOS:
A metodologia adotada baseou-se no método respirométrico definido na NBR ABNT14283/1999, que permite avaliar a biodegradação última de um composto orgânico por meio da formação de CO2 utilizando como instrumentos os respirômetros de Bartha. Foram utilizados três compostos derivados do Petróleo: biodiesel, diesel e gasolina; além da vinhaça, que é um subproduto do processo de destilação do álcool, como agente estimulante da microbiota presente no sedimento. O sedimento foi coletado na Ilha dos Franceses, Ipojuca – PE. Foram realizadas análises físico-químicas para sua caracterização antes da montagem do experimento. Os 22 respirômetros foram incubados a 30 0C, a medição de CO2 foi realizada diariamente. A taxa de aplicação adotada para os derivados de petróleo baseou-se no trabalho de Almeida (2009) que utilizou uma taxa correspondente a 400mg de derivado/ m2 de sedimento equivalendo ao derramamento de 16,6 L/ m2. A taxa de aplicação da vinhaça (33 ml de vinhaça/kg, equivalente a 1,7ml de vinhaça/ 50g de sedimento) baseou-se na taxa utilizada por Mariano (2006) que avaliou o efeito da adição de vinhaça, na biorremediação de solos contaminados com óleo diesel. Para cada um dos teores ensaiados e para o controle, foram feitas medidas de CO2 em triplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas condições experimentais testadas, verifica-se que a ordem de evolução de CO2 para os derivados de petróleo analisados foi: biodiesel, seguido do diesel e da gasolina e as respectivas eficiências de degradação sem adição de bioestimulante foram de 6,6%, 5,3 % e 3,3%. A vinhaça contribuiu para elevação da eficiência de biodegradação do biodiesel e do diesel, em contra partida, o mesmo não ocorreu com relação à gasolina, que apresentou menor rendimento biodegradativo quando sujeita ao tratamento com vinhaça (Diesel= 14,7 %, Biodiesel = 18,7% e Gasolina = 1,3%). Todos os tratamentos apresentaram baixa eficiência de biodegradação demonstrando a grande recalcitrância destes materiais. Para o diesel e o biodiesel o bioestímulo com vinhaça significou uma melhora na eficiência degradativa de 8 e 13 % respectivamente.
CONCLUSÕES:
A utilização da vinhaça como agente acelerador da biodegradação de derivados de petróleo em sedimentos estuarinos mostrou-se promissora quando simulados derramamentos com biodiesel e diesel. Em relação aos testes com gasolina a eficiência de degradação sofreu diminuição. A análise dos resultados indicou o quanto os estudos sobre biorremediação de áreas contaminadas por petróleo e seus derivados são de grande importância devido as maiores refinarias se localizarem perto de áreas estuarinas, que são sistemas que prestam serviços ambientais (manutenção e preservação da linha de costa, retenção de sedimentos, filtro biológico e berçário) de valor intrínseco ao meio e a sociedade.
Palavras-chave: Medições de CO2, Prejuízos ao meio ambiente, Remediações.