65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS NAS COMUNIDADES DE ASSENTAMENTO: BOQUEIRÃO DOS VIEIRA, POVOADO SETE E VILA SÃO MIGUEL- MUNICÍPIO DE CODÓ, MARANHÃO, REALIZADO POR ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL “NOSSA SENHORA DE NAZARÉ”.
Antonia Deiliane dos Santos - Aluna do ensino básico da E.M. "Nossa Senhora de Nazaré” - Codó-MA
Francisca Mendes de Jesus - Aluna do ensino básico da E.M. "Nossa Senhora de Nazaré” - Codó-MA
Larisse Fernandes de Sena - Aluna do ensino básico da E.M. "Nossa Senhora de Nazaré” - Codó-MA
Rosângela Ribeiro Almeida - Professora do ensino básico - Secretaria Municipal de Educação - SEMED - Codó-MA
Valney Moura da Silva - Professor do ensino básico da E.M. "Nossa Senhora de Nazaré" - Codó-MA
Gonçalo Mendes da Conceição - Prof. Dr. da Universidade Estadual do Maranhão- UEMA
INTRODUÇÃO:
A medicina popular não é um fenômeno isolado, muito pelo contrário, é praticada pela população rural, como, às vezes o único recurso disponível para combater as enfermidades da comunidade. Isto ocorre porque a maioria dos pequenos proprietários rurais não dispõe de recursos financeiros necessários para utilizar outras fontes de atendimento médico. As comunidades de assentamentos tradicionais apresentam modos de vida e culturas diferenciadas. Seus hábitos estão diretamente submetidos aos ciclos naturais, e a forma como aprendem a realidade e a natureza é baseada não só em experiência e racionalidade, mas em valores, símbolos, crenças e mitos. Dentre as várias formas de medicina tradicional, destaca-se o uso de plantas medicinais, principalmente pela população carente. Na atualidade, a etnobotânica constitui uma ponte entre o saber popular e o científico estimulando o resgate do conhecimento tradicional, a conservação dos recursos vegetais e o desenvolvimento sustentável. Portanto, o estudo etnobotânico é o primeiro passo para um trabalho multidisciplinar, procurando estabelecer quais são as espécies vegetais promissoras para pesquisas, justificando assim seu uso e sua conservação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar um levantamento etnobotânico das plantas medicinais utilizadas nas comunidades de assentamento Boqueirão dos Vieira, Povoado Sete e Vila São Miguel pertencentes ao município de Codó/MA, visando documentar os conhecimentos tradicionais, e assim gerar informações que possam auxiliar em estudos futuros.
MÉTODOS:
A área de estudo inclui as comunidades Boqueirão dos Vieira, povoado Sete e Vila São Miguel, áreas de assentamento pertencentes ao município de Codó-MA. O acesso é por via terrestre através da BR 316. Foram utilizados dois tipos de questionário (sócio-econômico e etnobotânico) composto de perguntas tanto objetivas quanto subjetivas para a complementação das respostas e dos dados. Os questionários utilizados foram previamente elaborados, contendo perguntas abertas e fechadas, feitas de forma oral e individualmente às pessoas em seus próprios domicílios. Os dados referentes aos informantes constam: nome, sexo, idade, profissão, escolaridade, e há quanto tempo reside no local. Com relação aos dados etnobotânicos contem informações sobre onde recebe tratamento médico quando alguém do domicílio adoece, se fazem uso de plantas medicinais e de onde vem o conhecimento referente ao uso, disponibilidade e formas de preparo. Os questionários foram aplicados por alunos da E.M.“Nossa Senhora de Nazaré” e com autorização prévia dos informantes. A pesquisa foi realizada no período de fevereiro de 2012 a maio de 2012. O nome científico das espécies foram identificados através de pesquisa de caráter bibliográfica: livros etnobotânicos e artigos científicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram entrevistados 51 moradores pertencentes às áreas supracitadas, sendo que, 76% dos entrevistados são mulheres. Quanto à idade dos entrevistados, a maior parte encontra-se na faixa etária de 40 a 70 anos, indicando que nessa faixa etária a população é detentora de um conhecimento mais amplo sobre o assunto devido à cultura medicinal popular. Em relação ao aspecto da escolaridade dos entrevistados, verificou-se que 50% deles cursaram apenas de 1ª a 4ª série do ensino fundamental. Foram catalogadas 53 espécies distribuídas em 31 famílias. Tais resultados revelam que nessas três comunidades são utilizadas um número expressivo de plantas para fins fitoterápicos. Os moradores das três comunidades fazem o uso dessas plantas, que ficam presentes aos redores de suas residências e quintais, evidenciando uma grande diversidade. Quanto ao conhecimento sobre as plantas medicinais todos os entrevistados disseram conhecer alguma planta medicinal, sendo as mais citadas: erva cidreira, hortelã, boldo, manjericão e angico, utilizando-se da folha para se fazer apenas chás ou emulsões. Tais plantas são utilizadas como calmantes e, para cura de enfermidades como febres, dores de cabeças, dores estomacais, gripes e outros, sendo estas as doenças mais ocorrentes nessas comunidades de assentamento.
CONCLUSÕES:
A pesquisa de campo mostrou-se importante e necessária, pois permitiu um maior conhecimento da região em relação ao estudo etnobotânico, além de caracterizar sócio-econômicamente as famílias das comunidades de assentamento. Os resultados demonstraram que essas comunidades possuem grande conhecimento da flora medicinal e de suas propriedades de cura como terapia alternativa, e esse conhecimento acerca de plantas medicinais contribuem na qualidade de vida das pessoas destas comunidades. Os dados obtidos alem de desenvolverem o saber botânico nos alunos que desenvolveram está pesquisa também resgatam o conhecimento tradicional e a sistematização dos conhecimentos advindos deste universo – ao resgatar os conhecimentos terapêuticos locais podem-se fornecer relevantes contribuições para a conservação da diversidade biológica. Pesquisas com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o modo de vida dessas comunidades podem ser úteis para enriquecer as técnicas de conservação ambiental desenvolvidas nos centros de pesquisa e também para sensibilizar os técnicos a respeito da importância de se respeitar o saber local nos projetos de desenvolvimento para as comunidades em questão.
Palavras-chave: etnobotânica, enfermidades, terapêuticos.