65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
Efeito de extratos de fumo Nicotiana tabacum sobre a esporulação e o crescimento vegetativo de isolados de Fusarium lateritium visando o controle associado (fungo-extrato vegetal) da cochonilha do carmim (Dactylopius opuntiae) em palma forrageira (Opuntia ficus-indica).
Luiz Felipe Silva Barbosa - Departamento de Micologia - UFPE
Ricardo Santos Gomes da Silva - Departamento de Micologia - UFPE
Lilian Vieira de Medeiros - Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA - Recife)
Antônio Félix da Costa - Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA - Recife)
Neiva Tinti de Oliveira - Departamento de Micologia - UFPE
Patricia Vieira Tiago - Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Micologia - UFPE
INTRODUÇÃO:
A palma forrageira, Opuntia ficus-indica, é utilizada como ração animal nas bacias leiteiras do Nordeste, sendo a principal fonte alimentar dos animais. Dactylopius opuntiae são cochonilhas responsáveis por danos econômicos aos agricultores e pecuaristas do semi-árido (Chiacchio, 2008). O uso de fungos entomopatogênicos e de extratos vegetais são métodos alternativos considerados eficientes e seguros e que estão se consolidando no Brasil e em outros países (Marques et al., 2004).
O fumo,Nicotiana tabacum, tem como princípio ativo a nicotina que atua sobre o sistema nervoso dos insetos pela respiração, ingestão e contato (Brechelt, 2004). Alguns estudos demonstraram o efeito repelente do extrato de fumo sobre o pulgão-da-couve (Brevicoryne brassicae) (Lovatto et al., 2004) e uma redução na oviposição de Bemisia tabaci (Quintela e Pinheiro, 2009).
Estudos preliminares demonstraram que alguns isolados de F. lateritium e extrato de fumo, quando testados separadamente, foram eficientes no controle de D. opuntiae. A possibilidade de se utilizar fungos entomopatogênicos associado aos extratos vegetais é viável e pode ampliar a ação dos fungos no controle de pragas, além de reduzir danos ao meio ambiente (Marques et al., 2004).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o efeito dos extratos de fumo (N. tabacum) aquoso e hidroalcoólico em diferentes concentrações sobre o crescimento vegetativo e a esporulação de isolados de F. lateritium (URM6776, URM6777, URM6778, URM6779, URM6782) e selecionar os isolados que poderão ser testados em associação com o fumo no controle da cochonilha do carmim (D. opuntiae).
MÉTODOS:
Foi utilizado fumo (Nicotiana tabacum) em rolo e realizados os métodos de extração aquosa e alcoólica para a obtenção dos extratos nas concentrações de 5%, 10% e 20%. Para a solução aquosa, 300g de fumo foram mantidos em repouso, em água fervente durante duas horas. O mesmo procedimento foi utilizado para a obtenção do extrato alcoólico, substituindo a água por álcool (70%). Para evaporação do álcool, o extrato alcoólico foi submetido à temperatura de 450C por 16 horas. Ambas as soluções foram esterilizadas a vapor fluente por 15 minutos. O crescimento vegetativo e a esporulação de isolados de F. lateritium foram avaliados em meio BDA acrescido de extrato de fumo aquoso e hidroalcoólico (5%, 10% e 20%). Para a determinação da taxa de crescimento vegetativo, blocos de gelose (0.12 cm2) de cultura de sete dias de incubação foram transferidos, com auxílio de uma pinça, para o centro de placas de Petri contendo os meios de cultura citados acima. Após sete dias de incubação a 280C, foram determinados os diâmetros das colônias e produção de conídios, utilizando-se de uma régua e câmara de Neubauer, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No extrato de fumo aquoso 5%, concentração em que os isolados apresentaram maior esporulação, foi observada uma variação de 6,69 a 54,25 x 104 conídios/cm2, com destaque para os isolados URM6778 (54,25 x 104 conídios/cm2) e URM6782 (24,88 x 104 conídios/cm2). No meio BDA, a esporulação variou de 38,7 a 208 x 104 conídios/cm2 . Quanto ao crescimento vegetativo, os isolados apresentaram um maior desenvolvimento de suas colônias também na concentração de 5% com uma variação de 4,3 a 8,3 cm. No meio BDA, o crescimento vegetativo variou de 6,2 a 8,8 cm.
Com relação ao extrato de fumo hidroalcoólico 5%, os isolados URM6778 e URM6777 apresentaram as maiores taxas de esporulação, 145,1 a 120,7 x 104 conídios/cm2, respectivamente. O mesmo foi observado nas demais concentrações, porém estes isolados apresentaram uma diminuição na produção de conídios. No meio BDA, a esporulação variou de 80,6 a 318,1 x 10 4 conídios/cm2. No extrato hidroalcoólico, os isolados também apresentaram um maior crescimento vegetativo na concentração de 5%, com variação de 2,2 a 4,6 cm e no meio BDA , a variação foi de 6,6 a 9 cm.
CONCLUSÕES:
Os isolados URM6778 e URM6777 apresentaram as melhores taxas de esporulação tanto no extrato de fumo aquoso quanto no hidroalcoólico. Além disso, pode-se ressaltar que a maioria dos isolados apresentou uma maior esporulação no extrato hidroalcoólico comparado ao aquoso. Foi observado que os extratos de fumo aquoso e hidroalcoólico 5% apresentaram menor interferência na esporulação e no crescimento vegetativo dos isolados URM6778 e URM6777 de F. lateritium. Estes isolados serão utilizados nos estudos de patogenicidade em associação aos extratos de fumo aquoso e hidroalcoólico 5% no controle de D. opuntiae.
Palavras-chave: Controle alternativo, Fungo entomopatogênico, Inseto-praga.