65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O ENSINO DA LEITURA: MEDIAÇÃO E COMPREENSÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Renata Araújo Jatobá de Oliveira - Profa. Ms. PCR/ FAINTVISA
INTRODUÇÃO:
Buscamos analisar se as mediações realizadas pelas professoras, nos diferentes momentos de leitura, tanto antes de iniciar, como durante e, principalmente depois de concluída a leitura contemplam a construção e o confronto de compreensões e sentidos. Nesse aspecto, mostraremos análises de situações da sala de aula que exemplificam essa questão, que acreditamos ser tão importante para o ensino de leitura. Para tanto os indicadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica e o Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco, que têm mostrado que os alunos brasileiros apresentam dificuldades de compreensão de leitura. Entretanto, se, de um lado, temos um panorama de crise nas práticas escolares de leitura, o qual se reflete no desempenho dos alunos avaliados no âmbito dos sistemas de larga escala, de outro lado, pudemos identificar, nos mesmos documentos que retratam a crise, escolas que têm indicadores diferenciados e se situaram acima da média. Uma dessas escolas pertence à Rede Municipal de Ensino do Recife.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Refletir sobre o papel do professor enquanto mediador de situações escolares de leitura com vistas à formação do leitor crítico e proficiente. Contribuir com o debate sobre o processo ensino-aprendizagem-avaliação da leitura.
MÉTODOS:
Essa pesquisa é qualitativa, de base indiciária, porque valorizamos de modo especial, pistas e especificidades do cotidiano escolar, em particular aquelas que são características do processo ensino-aprendizagem da leitura, dentro de um contexto socialmente definido (no caso, a escola). Assim a nossa base enunciativo-discursiva de análise, temos a perspectiva de Bakhtin (2006) sobre a enunciação. A investigação foi encaminhada junto a duas professoras, sendo uma do 4o ano e outra do 5o. Ambas integram o corpo docente de uma mesma escola. Nossa opção pelo 2o ciclo se deu pelo fato de que, nesse nível de ensino, supostamente, pelo menos, os alunos já consolidaram seus conhecimentos sobre o sistema de escrita e, por isso, já leem de modo mais fluente e autônomo. No que diz respeito aos critérios de análise em pesquisa qualitativa, buscamos definir aqueles que, de fato, fossem significativos para o tipo de dado que coletamos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os indícios captados das observações revelaram que as professoras desenvolvem uma prática reflexiva até mesmo quando trabalham aspectos gramaticais ou ortográficos da língua, o que nos leva a crer que a leitura é vivida como um processo de compreensão abrangente. Nessa perspectiva, as crianças estão a todo o momento refletindo em torno do que é exposto pela professora e realizando as ações apontadas por Aguiar (2004) como importantes para a formação do leitor: assimilar as ideias e as intenções do autor, relacionar essas ideias ao que foi apreendido com os conhecimentos anteriores sobre o assunto e, partindo disso, tomar posições com espírito crítico. Vimos que a prática de leitura desenvolvida vale-se com frequência do questionamento. É válido destacar que as mediações trazem contribuições importantes na medida em que a prática da reflexão é estruturadora da formação crítica do aluno. Segundo Geraldi (1996), o professor tem um papel ativo a desempenhar no processo de formação do leitor e as perguntas que lança em sala de aula poderão contribuir com a compreensão das formas e estruturas textuais, bem como com a compreensão da realidade. Nesse tipo de prática, a formação do leitor crítico será desenvolvida de maneira consciente e significativa.
CONCLUSÕES:
Dos dados analisados podemos concluir que as concepções e práticas das professoras estão, em maior ou menor grau, de acordo com as tendências atuais do ensino de língua portuguesa. Na escola investigada, a leitura é tomada em sentido amplo e a prática pedagógica contempla o desenvolvimento de diferentes estratégias de leitura, atividades diferenciadas em que se procura atender aos interesses e motivações dos alunos. Possivelmente, esse trabalho com leitura explique o fato de a escola ter ficado bem posicionada em relação ao conjunto da Rede Municipal de Ensino do Recife.Tanto nos estudos realizados para contextualizar o nosso objeto de estudo, como naqueles que empreendemos ao longo de todo o trabalho, fomos concluindo que, em um quadro geral de dificuldades de leitura e de compreensão, as professoras observadas desenvolvem uma série de ações produtivas, na busca de formar um leitor proficiente e crítico. A análise de dados baseada no paradigma indiciário de pesquisa mostrou-se relevante, na medida em que as práticas dessas professoras mostravam indícios de um fazer renovado, em discursos, decisões, interações em sala de aula, enfim, especificidades do cotidiano escolar que são significativas para a compreensão do fenômeno educativo e do ensino-aprendizagem de leitura.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem da leitura, Leitura escolar, Compreensão Leitora.