65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
URBANIZAÇÃO, REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E CENTRALIDADE URBANA: A IMPORTÂNCIA DO ALTO DE SANTA RITA COMO GERAÇÃO DE RENDA E REAFIRMAÇÃO DE SANTA CRUZ/RN COMO CENTRO REGIONAL NO CONTEXTO POTIGUAR.
Alexsander Pereira Dantas - Departamento de Geografia - CERES - UFRN
Leyliany Nascimento Silva - Departamento de Geografia - CERES - UFRN
Aurino Alves Nunes Filho - Departamento de Geografia - CERES - UFRN
João Paulo Lucena de Medeiros - Departamento de Geografia - CERES - UFRN
Ione Rodrigues Diniz Morais - Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Geografia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A avaliação do processo de urbanização permite inferir sobre a forma desigual e, ao mesmo tempo, concentradora como o fenômeno se processa mundialmente. A organização do espaço urbano, tanto em escala local como global, ocorre a partir de diferentes usos do território desencadeados pelas ações de variados agentes sociais. Este trabalho problematiza a dinâmica urbana de Santa Cruz/RN que, no último decênio, foi afetada pelos processos de urbanização e reestruturação produtiva. Essa dinâmica revela o perfil predominantemente urbano da população local e a remodelação do espaço citadino em decorrência da construção do Complexo Turístico Religioso Alto de Santa Rita, em 2008. Devido a sua nova funcionalidade enquanto espaço turístico, a cidade passou a receber um elevado número de pessoas, seja para a prática do turismo ou em busca de trabalho e renda, que represente uma melhoria econômica. Nesse contexto, a dinâmica urbana de Santa Cruz reafirma a sua condição de centro regional do Trairi Potiguar.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho objetiva analisar a dinâmica urbana de Santa Cruz, articulando aos processos de urbanização e reestruturação produtiva. Especificamente, buscou-se entender a relação entre a remodelação do espaço urbano e a construção do Alto de Santa Rita; analisar de que forma o referido Complexo contribui para a geração de renda na cidade; e avaliar o papel de Santa Cruz na rede urbana regional.
MÉTODOS:
Para o desenvolvimento do trabalho, primeiramente realizamos pesquisa bibliográfica com base em autores locais, como Amorim (1998) e Santos (2010), cujas obras remetem a história de Santa Cruz, e em autores que abordam a temática da pesquisa, destacando-se: Santos (1993) e as reflexões de como se define a urbanização brasileira; Haesbaesrt (2010), com estudos que remetem a região e a regionalização na Geografia contemporânea; Spósito (2006 e 2008) e os estudos da produção do espaço urbano e regional das cidades médias e como se configuram as cidades em redes. Após a referida fase, procedeu-se a etapa de levantamento de dados sobre população em fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Além disto, o trabalho também se desenvolveu a partir de uma pesquisa de campo, por meio de registro fotográfico e aplicação de questionários com os agentes que se utilizam do espaço do Complexo Turístico. O conjunto desses procedimentos foi de suma importância para que se atingissem os objetivos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Segundo os resultados, a dinâmica urbana de Santa Cruz foi alterada em função do processo de urbanização, o qual se revela, dentre outros, pelo perfil demográfico do município. A população urbana passou de 25.594 habitantes, em 2000, para 30.499 em 2010. Já a população rural apresentou um decréscimo de 7% (5.700 - 2000; 5.298 - 2010) (IBGE, 2012). Acrescente-se que, em 2008, com a construção do Complexo Turístico Alto de Santa Rita, a cidade assumiu uma nova funcionalidade urbana, que repercutiu sobre a organização espacial da cidade (hotéis, pousadas, restaurantes) e sobre a economia, pois, semanalmente, a cidade tem recebido, em média, 30 ônibus em visita ao Complexo. Além de movimentar a economia dos estabelecimentos que conformam o Complexo, a presença dos romeiros alimenta o circuito inferior (ambulantes) que se situa nas calçadas de acesso ao Santuário. O número de ambulantes chega a 60 (com associação registrada) e a renda gerada é, em média, de 700 reais mensais. Todavia, há diferenciais tendo em vista que uma banca de camisetas pode chegar a uma renda de 10.000 reais no mês dos festejos da padroeira, segundo os comerciantes. Desta forma, Santa Cruz, no último decênio, foi alvo de processos espaciais que dinamizaram o espaço urbano e reafirmaram sua centralidade regional.
CONCLUSÕES:
Considerando a capacidade que tem o turismo de transformar o espaço no qual se estabelece, observa-se que a cidade de Santa Cruz vem passando por uma reorganização espacial implementada pelo e para o atendimento as demandas dessa atividade, a partir da Construção do Alto de Santa Rita. Nesse contexto, os setores de comércio e serviços foram ampliados, fortalecendo ainda mais o perfil terciário da economia local. Diante do exposto, é possível considerar que a cidade de Santa Cruz, que historicamente assumiu a condição de centro do Agreste Potiguar, com um raio de influência que também abarca municípios da Paraíba, a despeito das mudanças socioespaciais que vivencia, fortaleceu a sua centralidade regional. Além do processo de urbanização e reestruturação produtiva vivenciado, que está articulado à dinâmica territorial do estado, as mudanças ensejadas redefiniram seu perfil de rural/agrário para urbano/terciário. Nesse contexto, a cidade de Santa Cruz remodela seu espaço, amplia suas funções urbanas e ratifica sua condição de centro regional do Trairi Potiguar.
Palavras-chave: Urbanização, Reestruturação Produtiva, Centralidade Regional.