65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ALTERNÂNCIA INTEGRATIVA NA FORMAÇÃO DO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA: RELATO DE UM CASO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICOS AGROPECUÁRIOS NO IFB – CAMPUS PLANALTINA.
Maria Madalena Soares da Silva - Discente do Instituto Federal de Brasília/Campus Planaltina
Vicente de Paulo Borges Virgolino da Silva - Prof. Dr./Orientador do Instituto Federal de Brasília/Campus Planaltina
INTRODUÇÃO:
A história da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica começou em 1909, quando Nilo Peçanha, criou 19 escolas de Aprendizes e Artífices que deram origem aos centros federais de educação profissional e tecnológica, onde pretende atingir 562 unidades em 2014. As “novas” agrotécnicas federais assumem a missão de qualificar profissionais para os diversos setores da economia brasileira, realizar pesquisa e desenvolver novos processos, produtos e serviços em colaboração com o setor produtivo do campo.
Na complexidade desse ambiente e na necessidade de atender seus sujeitos historicamente desassistidos, temos um novo ambiente institucional, caracterizado pelas Diretrizes Operacionais da Educação Básica nas Escolas do Campo (resolução CNE e CEB N 1, 2002) e pela Política de Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (decreto N 7.352, 2010), bem como a necessidade de implementá-las no contexto da rede federal de educação profissional, com currículos, metodologias e práticas de ensino que contemplem esses sujeitos concretos. Os temas relevantes nessa discussão passa pelo protagonismo dos sujeitos sociais, na nova relação entre Estado e Sociedade, e métodos que contemplem Tempos e Espaços Formativos que sejam adaptados aos sujeitos do campo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Contribuir com a visibilidade da experiência vivenciada na formação de uma turma de técnico em agropecuária em regime de alternância no âmbito do Instituto Federal de Brasília em convênio com o PRONERA e na qualificação dos planejamentos e avaliações de metodologias adequadas a serem implementadas pelas unidades dos institutos federais de educação que se proponham a atender os sujeitos do campo.
MÉTODOS:
A metodologia utilizada neste trabalho se deu em função da necessidade de entender e adequar práticas na formação da turma de técnico em agropecuária que ingressou em 2011 no Campus Planaltina do Instituto Federal de Brasília e que conclui suas atividades após 24 etapas mensais de alternância de uma semana de Tempo Escola e três semanas de Tempo Comunidade, e que espera encerrar suas atividades no mês de julho do corrente ano. Neste sentido essa avaliação se deu a partir de um processo dialógico de práxis (ação-reflexao-ação) com revisões bibliográficas de Educação do Campo e da Alternância Integrativa.
A avaliação se deu a partir do olhar e de minha prática de formação/pesquisa analisando os seminários integradores de Tempo Escola/Comunidade, a efetividade nas ações e práticas da alternância integrativa (segundo Jean-Claude Gimonet e João Batista Pereira de Queiroz) e de ações propostas e desenvolvidas nas comunidades assistidas. Para tanto discuto políticas de acesso e permanência do Instituto Federal, a partir da discussão entre Educação Rural e Educação do Campo, as intencionalidades de currículos e práticas a partir da materialidade histórica dos sujeitos assistidos e as estruturas adequadas e necessárias para atingir objetivos esperados deste processo formativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os aspectos positivos vivenciados nessa experiência são objetivamente pontuados em – parcerias em programas de governo potencializando programas (IFB/PRONERA); possibilidade de acesso e permanência de assentados da reforma agrária em cursos de profissionalização com adequação de metodologias e conteúdos adequados e específicos a realidades desses sujeitos do campo; adequada estrutura de transporte, alojamento e alimentação subsidiada no Tempo Escola, bem como disponibilidade do corpo docente e de material didático-pedagógico, inclusive para práticas desse tempo formativo; trabalho e participação como princípios formativos com metodologias e protagonismos dos movimentos sociais nos grupos de organicidades e setores de trabalhos e fóruns de planejamento e participação; uso de métodos e diagnósticos e avaliações participativas; pedagogias interdisciplinares e eixos temáticos.
As principais limitações se deram no âmbito do convênio, na burocratização dos repasses de recursos e na incompreensão do Instituto Federal quanto à processos de institucionalização da presença das comunidades no ambiente escolar, como na contratação de monitores que acompanhariam os processos de organização comunitária, bem como na efetividade de ações concretas a partir do IFB nos processos de inserção no TC.
CONCLUSÕES:
A alternância integrativa como estratégia pedagógica impulsiona mudanças na produção do conhecimento e no papel dos Institutos Federais de Educação, apoiando-se nos princípios da práxis e da valorização da cultura e práticas dos sujeitos do campo concretos e historicamente desassistidos. Nesta experiência inovadora os Institutos se apropriam dessa metodologia que se deu a partir das Escolas Familiares Agrícolas e que são mais adequadas para o acesso e permanência desses sujeitos tanto na escola como em sua materialidade de origem, ou seja, essa é uma metodologia que possibilita a fixação do sujeito do campo a partir de uma educação que pensa seus espaços e processos produtivos com tecnologias apropriadas ou adaptadas.
A organização dos tempos e espaços de aprendizagem em dois momentos, tempo-escola e tempo-comunidade, permite relacionar teoria e prática, partindo-se de reflexões, problematizações, aprofundamento e sistematização dos conhecimentos a partir de realidades específicas, cumprindo pressupostos de construção de complexos com abordagens interdisciplinares e multidimensionais, ressignificando conteúdos socialmente úteis, e em última análise, transformando realidades. No entanto, torna-se necessária o entendimento dos gestores quanto à efetivação da figura dos monitores.
Palavras-chave: Construção de Complexos, Materialidade de Origem, Educação do Campo.