65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
PESQUISA E ENSINO NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA DA DISCIPLINA METODOLOGIA CIENTÍFICA
Roldão Ribeiro Barbosa - Prof. Me. Dep. CSF - Centro de Estudos Superiores de Caxias / UEMA
INTRODUÇÃO:
Relato de uma proposta metodológica exitosa, com aplicação iniciada em 2003 e avaliada em 2012, no primeiro período do curso de Pedagogia do Centro de Estudos Superiores de Caxias / Universidade Estadual do Maranhão. Necessitou-se dinamizar o ensino de Metodologia Científica, após este questionamento: “A concepção moderna de professor o define essencialmente como orientador do processo de questionamento reconstrutivo no aluno (grifo do autor), supondo obviamente que detenha esta mesma competência. Nesse sentido, o que mais o define é a pesquisa.” (DEMO,1996, p. 78). Ao refletir sobre a apatia e/ou antipatia dos alunos em relação à disciplina em questão, veio a idéia que possivelmente tem bases em Vygotsky, de que “educar é desafiar”. Então, elaborou-se o seguinte problema científico: como apatia e/ou antipatia diante da disciplina Metodologia Científica se relaciona com os desafios lançados pelo professor ao aluno? E construiu-se esta hipótese: o envolvimento com uma disciplina é proporcional aos desafios lançados pelo professor ao aluno na docência da mesma. Os resultados dessa pesquisa poderão motivar outros professores de Metodologia Científica e de outras disciplinas a sempre adotarem a pesquisa enquanto princípio educativo em sua prática docente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Objetivo geral: analisar “questionamento reconstrutivo no aluno” através da pesquisa. Objetivos específicos: identificar as representações de pesquisa e da disciplina Metodologia Científica pelo aluno; avaliar os graus de satisfação e de insatisfação do aluno no processo de ensino-aprendizagem, com e sem o desafio da pesquisa.
MÉTODOS:
Empreendeu-se uma abordagem essencialmente qualitativa, lançando-se mão da análise dos produtos elaborados pelos discentes, tais como artigo de revisão, projeto de pesquisa, monografia, artigo original, resumo e pôster. Ao longo do período letivo teve-se o cuidado de intercalar a execução das atividades com o conteúdo programático, inclusive controlando, com certa flexibilidade, as datas de entrega das tarefas científicas e das provas de conhecimento. Também, como parte do processo, fez-se incentivação constante, inclusive garantindo que os resultados da pesquisa seriam inscritos na 65ª Reunião da SBPC em Recife, pois o desafio proposto era visto como muito grande e destoava do que verificavam com colegas de outras turmas de Metodologia Científica. Ao final da disciplina, em vista da validação da hipótese, fez-se uma ampla discussão para perceber o grau de satisfação e de insatisfação em relação à disciplina. Também foram ouvidos estudantes que cursaram a referida disciplina com outro professor, sem o desafio da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A proposta metodológica consistiu da pactuação do programa da disciplina quanto à sua execução em torno do objetivo de o aluno manifestar competência científico-investigativa através da aplicação dos conteúdos da disciplina na elaboração trabalhos acadêmicos. Sentiram-se inicialmente incapazes para tão grande tarefa, mas foram encorajados a aceitar o desafio, pois os resultados poderiam trazer muitos benefícios para o processo de ensino-aprendizagem, para a vida acadêmica, e para o enriquecimento do currículo. Mas, encorajados e organizados em equipe de três membros, já no primeiro dia de aula, com tema de pesquisa escolhido, começaram a desenvolver, seguindo um cronograma, as produções científicas. Ao longo do trajeto, pela observação, capturaram-se as seguintes categorias no processo educativo: autonomia, cooperação, criatividade, honestidade, responsabilidade e a cientificidade. E constatou-se: certo temor no início da disciplina, pois tudo se apresentava como algo desconhecido, mas que aos poucos foi sendo desfeito pelo domínio do conhecimento e a orientação segura do professor; as dificuldades eram reais no início, mas depois foram superadas; as insatisfações aconteceram por conta do pouco tempo para executar as tarefas; as satisfações aconteceram por conta dos objetivos que foram atingidos, isto é, cada estudante manifestou que é competente para elaborar produções científicas, bem como o processo de pesquisa que as derivam.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se que o aluno desenvolve a competência científico-investigativa consoante o desafio a que é submetido no processo docente-educativo. Portanto, corrobora-se a tese de que “educar é propor desafios”. O fato mais importante foi sentir nas expressões de cada estudante a manifestação de educação emancipatória.
Palavras-chave: Pesquisa no ensino., Competência científico-investigativa., Educação emancipatória..