65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
RECUPERAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: UM CAMPO DE IMPOSSIBILIDADES?
Luiz Fernando Porto - Prefeitura Municipal de Maricá-RJ
Cristiane Bittencourt Freitas - Prefeitura Municipal de Maricá-RJ
Patrícia Poseidon - Prefeitura Municipal de Maricá-RJ
INTRODUÇÃO:
No contexto escolar, recuperação significa garantir a superação de dificuldades específicas encontradas pelo aluno durante o processo ensino-aprendizagem, conforme prescrição da LDB – Lei 9394/96 – art. 12 inciso V – “Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.” Além do art. 13 inciso IV – “Os docentes incumbir-se-ão de estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento” e do artigo 24 inciso V letra “e” – obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.” Observa-se que, apesar de garantida por lei, não há um modelo de recuperação específico ou que seja consenso de eficácia e, por isso, diversas são as formas utilizadas: recuperação contínua e paralela, recuperação ao final dos bimestres, recuperação ao final do ano letivo, reforço escolar, atividades domiciliares, etc. Todas essas estratégias de recuperação resultam em uma tentativa de intervenção pedagógica que facilite o aprendizado, proporcione a promoção do aluno e, consequentemente, contribua para a diminuição dos índices de retenção.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esta pesquisa objetiva analisar a contribuição da recuperação de estudos na superação das dificuldades de aprendizagem e na diminuição dos índices de retenção, acreditando que possa colaborar para o debate e a reflexão sobre a eficiência dos atuais modelos de recuperação.
MÉTODOS:
Esta pesquisa, de caráter quantitativo, baseada em análise documental, foi realizada em seis escolas do ensino fundamental do Município de Maricá-RJ. Analisamos os mapas de notas do conselho de classe do 1º bimestre de 2012 e do conselho final do mesmo ano de 27 turmas do 6º ano de escolaridade, totalizando 856 alunos. Remetemos o olhar para os alunos retidos (reprovados) nas disciplinas de português e/ou matemática, por serem as disciplinas avaliadas pela Prova Brasil, item importante na composição do IDEB.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise destes documentos nos revelou que 63,3% dos alunos retidos ao final do ano letivo de 2102 em português e/ou matemática no 6º ano de escolaridade, haviam obtido nota insuficiente no 1º bimestre do mesmo ano nestas disciplinas. Diante desse quadro, podemos considerar que a retenção do aluno ocorre no 1º bimestre e que os modelos de recuperação utilizados não são capazes de reverter o quadro desenhado desde o início do ano letivo.
CONCLUSÕES:
Sabemos que a escola tem um enorme compromisso com o processo ensino-aprendizagem e que a recuperação deve ser entendida como parte deste processo, pois os alunos não “aprendem” da mesma forma, não tem o mesmo ritmo e nível de amadurecimento. Os resultados desta pesquisa apontam para os modelos de recuperação vigentes como um espaço de impossibilidades de superação das dificuldades de aprendizagem e, por conseguinte, não contribuem para o aumento do rendimento escolar do aluno e para a diminuição dos índices de retenção.
Palavras-chave: Aprendizagem, Recuperação, Retenção.