65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
FENOLOGIA DE DUAS ESPÉCIES DE HELICONIACEAE NO JARDIM BOTÂNICO ADOLPHO DUCKE DE MANAUS
Dariene de Lima Santos - Bolsista PIBIC/CNPq/ INPA
Rita de Cássia Guimarães Mesquita - Pesquisadora da Coordenação de Dinâmica Ambiental - CDAM/INPA
Mário Henrique Fernandez - Pesquisador da Coordenação Técnica de Botânica e Ed. Ambiental – MUSA
INTRODUÇÃO:
O mercado mundial de floricultura tem se mostrado saturado de plantas ornamentais tradicionalmente utilizadas, o que constitui uma oportunidade de aumento na produção de espécies tropicais. Neste contexto, destacam-se as espécies da família Heliconiaceae, um dos mais vistosos grupos de plantas herbáceas das florestas tropicais. Seu excepcional potencial de comercialização deve-se à aparência exótica de suas inflorescências, apresentando perspectivas promissoras como flores de corte e plantas para paisagismo, aliado à sua boa resistência ao transporte e durabilidade após o corte. Estudos fenológicos deste grupo são necessários, para conhecer como é organizada a distribuição temporal dos recursos e a dinâmica de reprodução das plantas. A fenologia contribui ainda para conhecer a biologia reprodutiva das espécies, para que se possam definir estratégias sustentáveis de uso, e estimar a produtividade esperada em plantios comerciais. Apesar do Brasil estar incluído na lista dos principais produtores de helicônias, existem poucos estudos voltados para tais enfoques, com especial destaque para as espécies de ocorrência na Amazônia que são ainda pouco conhecidas no mercado, e pouco estudadas quanto aos aspectos de sua biologia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo teve por objetivo realizar o acompanhamento fenológico de duas espécies de Heliconiaceae no Jardim Botânico Adolpho Ducke de Manaus (JBADM), avaliando a produção de folhas novas, brotos, talos jovens, talos maduros, floração e a longevidade das inflorescências das espécies, para obtenção de informações voltadas a produção comercial.
MÉTODOS:
Este trabalho foi desenvolvido no JBADM, na coleção viva de Heliconiaceae, no período de setembro de 2010 a julho de 2012. O estudo fenológico foi realizado em duas espécies: Heliconia rauliniana e Heliconia rostrata , através da observação de cinco parâmetros: produção de folhas novas, brotos, talos jovens, talos maduros (que já floriram) e floração (botões florais e inflorescências propriamente dita). Para obter os dados fenológicos foi utilizado o método de observação direta quantitativa, com contagem das estruturas, uma vez por mês. Neste caso, e devido ao modo de crescimento vegetativo, touceiras individualizadas foram tratadas como indivíduo. Para calcular o tamanho médio das touceiras (TOU) de cada espécie os talos jovens e maduros foram contados e divididos pelo número total de touceiras da espécie. Para calcular a média da floração, os botões e as inflorescências de cada touceira foram contados e divididos pelo número total de touceiras da espécie, da mesma forma foi feito o cálculo para obter a média da produção de folhas e brotos. Para determinar a longevidade das inflorescências de Heliconia , dez inflorescências de cada espécie foram marcadas com fitas plásticas e acompanhadas desde a emissão do botão floral até a sua senescência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Heliconia rauliniana , apresenta três TOU na coleção do JBADM, com média de 85 talos/TOU, mostrou maior produção de talos novos em julho de 2011 e em outubro, março e abril de 2012. A produção de brotos ocorreu com maior intensidade de fevereiro a maio de 2011 e em outubro de 2012. A emissão de folhas novas ocorreu principalmente em setembro e julho de 2011 e de outubro a fevereiro em 2012. Sua floração ocorreu durante todo o período observado, com menor intensidade durante o mês de agosto, aumentando gradativamente durante os meses seguintes, com pico de outubro a fevereiro. A produção mensal nas TOU variou de 7 a 24 inflorescências e a produção anual chegou a 250 inflorescências, cada uma leva de três a quatro meses para tornar-se senescente. Heliconia rostrata apresenta duas TOU na coleção, com média de 60 talos/TOU. A produção de brotos teve pico em janeiro e julho de 2011 e de dezembro a janeiro de 2012. A produção de folhas novas ocorreu principalmente em setembro de 2011 e em outubro de 2012. Sua floração ocorreu durante todo o período observado, a produção mensal nas TOU variou de 5 a 17 inflorescências e a produção anual chegou a 130 inflorescências, com pico em outubro, persistindo até abril. Suas inflorescências chegam a senescência em aproximadamente três meses.
CONCLUSÕES:
O acompanhamento fenológico das duas espécies em questão durou 22 meses e demonstrou diferenças no período de ocorrência das fenofases. No entanto, a produção de todas as estruturas observadas é contínua, as touceiras das duas espécies estão em constante expansão em decorrência do desenvolvimento de novos talos, o que se torna um ponto positivo, pois quanto mais talos, maior será a produção de inflorescências. Ambas as espécies possuem promissoras potencialidades para a produção comercial, dentre suas qualidades pode-se destacar a produção de inflorescências durante todo o ano, além de apresentarem uma longa longevidade, sendo comum para as duas espécies à duração de três a quatro meses, o que demonstra mais um ponto positivo.
Palavras-chave: Fenologia, Helicônia, Amazônia.