65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS RELACIONADAS ÀS MORADIAS EM ÁREAS DE RISCO NO BAIRRO BARRA DO CEARÁ, FORTALEZA/CE
Francillene Fernandes Silva - Graduanda do curso de Geografia Bacharelado – UECE (Autora)
Jéssica Marinho de Araújo - Graduanda do curso de Geografia Bacharelado – UECE (Co-autora)
Juliana Moreira dos Santos - Graduanda do curso de Geografia Bacharelado – UECE (Co-autora)
Marília Brito Sousa - Graduanda do curso de Geografia Bacharelado – UECE (Co-autora)
Maria Lucia Brito da Cruz - Profa. Dra./Orientadora - Adjunta do Curso de Geografia – UECE
INTRODUÇÃO:
O contexto histórico da cidade de Fortaleza - CE, desde os primórdios de sua urbanização até os dias de hoje, nos ajuda a entender a desigualdade socioespacial, sobretudo, quanto às condições de algumas moradias que se encontram em áreas ambientalmente frágeis. A ocupação humana em áreas consideradas de risco na cidade de Fortaleza teve início por conta do êxodo rural e tratando-se mais especificamente no bairro Barra do Ceará, a ocupação se deu principalmente com a criação de indústrias no entorno, o que levou a população desfavorecida a buscar moradias próximas ao local de trabalho, ocupando áreas de risco. A cidade limita-se à Oeste com o rio Ceará, onde a desembocadura desse rio no mar propicia à formação do manguezal, uma área de importante equilíbrio ecológico, fazendo parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Por outro lado, é também uma região vulnerável do ponto de vista da influência da ocupação humana, não apenas no mangue, como em áreas propícias a inundações, como as margens do rio Ceará. Esse trabalho tem como principal objetivo analisar as questões socioambientais associadas às áreas de risco no bairro Barra do Ceará, com o intuito de alertar a população e ao poder público sobre a importância da qualidade de moradia aliada à preservação da natureza.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Através da metodologia específica a realização do trabalho teve como principais objetivos a identificação da quantidade de famílias que vivem em áreas de risco no Bairro Barra do Ceará, Fortaleza/CE; a elaboração de mapas temáticos para melhor assistir à população em período de risco e indicar soluções para a resolução do problema quanto ao remanejo das famílias que habitam esses locais de risco.
MÉTODOS:
No processo de elaboração do trabalho, foram utilizados, para análise da área vulnerável à habitação populacional e questões relacionadas à qualidade de moradias, um vasto material bibliográfico, para embasamento teórico, como leitura de textos, artigos; consulta de informações em órgãos como o IBGE, Defesa Civil do Estado do Ceará; levantamento de dados em mapas temáticos; bem como a realização de visita a campo; entrevista informal com moradores e, ainda, a representação das áreas de risco por meio da tecnologia do geoprocessamento. Assim, foram analisados, discutidos e identificados os processos de ocupação existentes na área de estudo, sendo a análise dos geossistemas (Bertrand, 1972) a base fundamental da metodologia de estudo do objeto. A metodologia realizada, incluindo a obra de Souza (2000), ajudou a classificar as características do ambiente e propiciou a identificação dos fatores que influenciam direta e indiretamente na degradação do meio natural ocasionados por habitações irregulares.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Tendo em vista a abordagem que foi utilizada para se alcançar a análise do objeto de estudo, alguns fatores importantes foram observados a partir da relação de moradia em ambientes instáveis. A urbanização desenfreada gera impactos ambientais na vegetação, solos e nos recursos hídricos, assim como um grande risco à população que habita nesses ambientes, onde ficam expostos a possíveis desastres naturais. As áreas consideradas de risco no bairro Barra do Ceará identificadas neste estudo foram: o Morro do Santiago, Dunas II e a Comunidade Novo Lar; todas localizadas na Barra do Ceará. As comunidades Dunas II e o Morro do Santiago são áreas de risco marcadas por casas localizadas nas encostas e no topo das dunas, tendo como variável de risco principal o deslizamento das areias dunares; já a Comunidade Novo Lar é uma área próxima a um canal e tem como variável de risco o desmoronamento. Segundo dados levantados da Defesa Civil, 402 famílias vivem em áreas consideradas de risco na Barra do Ceará.
CONCLUSÕES:
Através dessa pesquisa mostrou-se a importância que deve ser dada à situação das famílias que vivem nas áreas de risco na Barra do Ceará, expondo a questão social, assim como os impactos ambientais gerados pela ocupação “irregular” dessas áreas. As medidas paliativas tomadas para tentar sanar o problema da população, são os mapeamentos das áreas de riscos pela defesa civil do estado Ceará, aluguel social para as famílias atingidas no período de alerta e conjuntos habitacionais em áreas adequadas. Através das questões que envolvem tal temática, pode-se concluir que para a solução dos problemas observados, é preciso atentar para ações de remanejamento da população, aliadas às condições dignas de sobrevivência e trabalho, que passam pela a intensificação de projetos de moradia do governo e de programas de educação ambiental para que se obtenha a conscientização, entre os moradores, dos danos causados à natureza e a própria sociedade, promovendo, dessa forma, uma relação sustentável de manejo que permita formas mais harmônicas de convívio com o meio natural.
Palavras-chave: Degradação, Habitação, Vulnerabilidade.