65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
REFLEXÕES SOBRE AS DIFICULDADES DO ACESSO DE TRABALHADORES NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE
Fernando de Souza Silva - Hospital Universitário Onofre Lopes-UFRN
Clélia Albino Simpson - Departamento de Enfermagem e Programa de Pós-graduaçcão em enfermagem-UFRN
Katarine Florêncio de Medeiros - Faculdade Integrada de Patos-PB
Geisa Raquel de Queiroz - Fatern/ Gama Filho-Natal-RN
Sandy Yasmine Bezerra e Silva - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) vem estabelecer a quebra de barreiras culturais, sociais e institucionais promovendo o acolhimento do público masculino em seus contextos político, econômico, social e cultural, proporcionando uma atenção integralizada através do fortalecimento e qualificação da atenção primária, prioritariamente àqueles na faixa etária dos 25 aos 59 anos.
Dentre as barreiras de inserção do homem na atenção básica estão as socioculturais e as institucionais (estereótipos de gênero; homem invulnerável à doença; horário de funcionamento dos serviços de saúde coincidente com o do trabalho, demora na marcação de consultas, entre outros).
Diante do exposto, entende-se que o contexto em que o grupo masculino encontra-se inserido contribui para acentuar a problemática da assistência à saúde dos homens, tornando premente o estabelecimento de estratégias que vislumbrem minimizar as dificuldades apresentadas por essa clientela em acessar o sistema de saúde.
Este estudo é relevante pela necessidade indiscutível de investir-se em prevenção de doenças, principalmente aquelas que afetam os homens, assim como encontrar formas de acolhimento adequadas a esta clientela.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar quais as dificuldades relatadas pelos homens em serem atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, com abordagem quantitativa, em que os dados foram coletados por meio de entrevista estruturada, composto por dois blocos: o primeiro com questionamentos acerca dos dados sociodemográficos (estado civil, idade, escolaridade, renda familiar, naturalidade, profissão) dos participantes com objetivo de caracterizar a amostra a ser estudada; e o segundo bloco constando perguntas referentes ao tema específico.
A amostra é do tipo proposital, composta por 20 trabalhadores de uma empresa privada da cidade de Macaíba-RN. Os participantes do estudo foram submetidos aos critérios de inclusão: ser do sexo masculino; faixa etária de 25 a 59 anos, por ser a faixa etária e gênero estabelecido como prioritário pelo Ministério da Saúde na PNAISH; participação voluntária na pesquisa, por ser uma premissa ética e legal; possuidor de faculdades mentais preservadas e sem barreiras de comunicação, com vista a não prejudicar a efetivação da entrevista.
Os dados gerados pelas entrevistas foram organizados e agrupados em tabelas eletrônicas. A análise dos dados foi feita através de estatística descritiva e univariada, expressa em porcentagens simples.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Entre os participantes que alegaram procurar os serviços de saúde, 84% referiram a preferência por prontos-socorros, 8% preferem buscar farmácias e 8% as UBS.
Considerando a acessibilidade e o acolhimento dos homens aos serviços de atenção básica, constatamos que 65% dos entrevistados não se sentem bem acolhidos como as crianças, as mulheres e idosos.
Quanto a existência de dificuldade ao acesso nos sistemas de saúde, 55% da amostra relatou dificuldades ao buscar atendimento na atenção primária de saúde. Dentre os principais empecilhos apontados estão: a falta de tempo disponível para ir à UBS (43%); a demora no atendimento (26%); a dificuldade de conseguir fichas (17%), seguindo de atendimento profissional ruim (8%) e a falta de profissionais nesses serviços (6%).
Os dados encontrados confluem para os resultados apresentados em publicações científicas e no manual PNAISH do Ministério da Saúde, entretanto, um achado necessita ser amplamente discutido, o fato dos entrevistados terem defendido a integração da assistência básica de saúde no ambiente de trabalho, integrando o cuidado a saúde no ambiente em que os operários passam a maior parte do dia.
CONCLUSÕES:
Levando em consideração que o trabalhador passa a maior parte de seu tempo no ambiente de trabalho e que esse local constitui-se de uma área de abrangência diferente da territorialização de sua residência, acreditamos ser de grande valia que esses indivíduos sejam contemplados com a assistência básica de saúde na área de abrangência do seu ambiente de trabalho.
A proposta aqui estabelecida propõe que a integração da atenção básica no ambiente de trabalho vislumbre o maior acesso dos homens aos serviços de saúde preventivos e curativos, subsidiando instrumentos que reforcem a cobertura assistencialista promovida pelo programa de saúde do trabalhador e pela Estratégia Saúde da Família, em um conjunto de ações entrelaçadas, com vistas à redução das inadequações dos serviços de saúde e inclusão dessa parcela da população à universalidade do acesso, assim como é imprescindível a necessidade de novos estudos, que subsidiem discussões e melhor compreensão à diversidade de situações que perfazem o eu masculino e a realidade de ação do setor saúde.
Palavras-chave: Saúde do homem, Atenção primária à saúde, Trabalhador.