65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A PRÁTICA ESCOLAR NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES E ALUNOS: UM ESTUDO ETNOGRÁFICO
Camila Matos Viana - Pedagogia – Universidade Estadual da Paraíba
Sarah Thalita Guimarães Costa - Pedagogia – Universidade Estadual da Paraíba
Paula Almeida de Castro - Profa. Dra/Orientadora - Dpto de Educação - Universidade Estadual da Paraíba
INTRODUÇÃO:
Estudos sobre o aluno e a formação inicial do professor versam sobre as diferentes formas para a sua compreensão no espaço escolar. Estas formas, destacadas por Castro (2006, 2011) tentam explicar o fracasso escolar, a realidade social, as dificuldades para ensinar e aprender, enfim, toda uma gama de situações em sua maioria problemáticas. Ainda que para muitas dessas situações tenham sido apresentadas soluções ou alternativas, em outros aspectos, elas permanecem como entraves para o aprimoramento das condições educacionais envolvendo tanto a formação inicial do professor quanto a do aluno. Nesse sentido, a proposição desse estudo, na perspectiva da pesquisa etnográfica (ERICKSON, 1992; MATTOS; CASTRO, 2005), insere-se na lacuna encontrada, sobretudo na área da Educação, quanto a indicadores com novas perspectivas de superação das desigualdades e de impacto para o sistema educacional e a qualidade do conhecimento produzido nos processos de formação do professor e do aluno. Destaca-se a relevância da pesquisa educacional envolvendo alunos e professores como pesquisadores para informar sobre suas práticas, estabelecendo uma interface entre as formas pertencimento e resiliência para compreender a interlocução com a formação e a interação entre o professor e aluno no contexto escolar
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho tem como objetivo geral compreender e teorizar sobre a natureza dos processos de tornar-se aluno e suas interfaces com a formação inicial do professor. Dentre os objetivos específicos destaca-se as estratégias de pertencimento e resiliência para informar, a partir da relação entre o professor e o aluno, a produção de conhecimento sobre a escola, a sala de aula e a ação pedagógica.
MÉTODOS:
A abordagem etnográfica de pesquisa foi utilizada por permitir o acesso mais próximo possível às subjetividades dos sujeitos participantes, professora e alunos, através de narrativas sobre si mesmos e, ainda, permitindo ao pesquisador explorar, de forma significativa, o objeto de estudo. Acredita-se que que a etnografia da escola possibilita ao pesquisador desenvolver um olhar mais sensível para as questões que constituem o chão da escola. Uma das possibilidades de que se destaca, nesse contexto, é a pesquisa etnográfica crítica de sala de aula (MATTOS, 1992; DELAMONT, 1987).O estudo desenvolvido em uma escola pública estadual, localizada em Campina Grande, Paraíba,acompanhou a rotina de uma sala de aula – sexto ano da Educação básica. Utilizou-se como instrumentos a observação participante, fotografias, entrevistas etnográficas, documentos produzidos pelos participantes (cartas, desenhos e redações) e anotações de caderno de campo. O processo indutivo de análise possibilitou compreender as interações rotineiras de sala de aula através das falas dos participantes, eventos e registros fotográficos coletados durante a pesquisa de campo. A categorização dos dados foi realizada pela leitura do material pela equipe de pesquisa e resultados da análise através do software Atlas.ti.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Das análises realizadas depreendeu-se a tematização dos dados sobre os deveres, saberes e fazeres de alunos, professores e a ação pedagógica. No contexto dessa pesquisa, as funções e os sentidos dos processos educacionais revelam a rotina da sala de aula investigada. Eles, de um modo geral, a descrevem como sendo permeada por interações, tarefas, produção do conhecimento, normas e castigos, pontuando sobre os deveres, os fazeres e os saberes que orientam a ação pedagógica de professores e os alunos em interação diária. A sala de aula, como cenário desta rotina, é descrita pelos participantes como um espaço interativo no qual as relações de pertencimento e resiliência são estabelecidas. Cada uma das interações sociais que se estabelecem entre professores, alunos e dos alunos entre si são impressas como imagens mentais sobre a sala de aula configurando o que Delamont (1987) definiu como interação escolar, sendo explicada como um “processo que vai avançando e mediante o qual as realidades de todos os dias da sala de aula são constantemente definidas e redefinidas” (p.39). Entende-se que a sala de aula não se constrói como um espaço de saber sem que os sujeitos escolares nela estejam incluídos para a construção de sentidos sobre esse espaço.
CONCLUSÕES:
Foi possível perceber, também, que as funções da escola vão sendo ressignificadas, excluídas ou modificadas através do olhar dos sujeitos escolares sobre elas. Assim, passa-se a pensar, não somente em funções, mas em sentidos que refletem as expectativas e as críticas relacionadas à escola como um todo. O somatório dessas experiências e perspectivas sobre as funções e sentidos do fazer, do dever e do saber conduzem ao entendimento das estratégias de formação pelo viés das comunidades de pertencimento e resiliência utilizadas por alunos e professores. Para os participantes, destacou-sea relevância de ouvir o aluno sobre os processos educacionais informando tanto a prática do professor em sala de aula quanto ao professor em formação inicial. Entende-se, que os resultados desse trabalho, possam servir de suporte para o entendimento das práticas escolares a partir dos próprios atores escolares e, de certa forma oferecer possibilidades de mudanças nos espaços de ensinar e aprender. Idealizou-se que os conceitos de identidade, pertencimento, resiliência, dever, saber, fazer como funções e sentidos da escola possam se constituir como um referencial para que as ações pedagógicas favoreçam a autonomia e a criticidade necessárias aos processos de formação educacional.
Palavras-chave: Etnografia, Pertencimento, Resiliência.