65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
Territorialização e resistência de povos indígenas na região do baixo rio Tapajós (Santarém, Belterra, Mojuí dos Campos e Aveiro).
Solange Mª Gayoso da Costa - Profa. Dra./ PNCSA- UFPA/ICSA/FASS
Bruno Paracampo Mileo - Porf. Ms/P NCSA-UFOPA/ICS
Marcos Vinícius da Costa Lima - Porf. Ms. PNCSA - CCHE/UNAMA - Faculdades Ipiranga
Profa. Ms. Judith Costa Vieira - Porf. Ms/P NCSA-UFOPA/ICS
Adenilson Poró Borari - PNCSA – UFOPA/Bolsista
Jeferson Costa Vieira - PNCSA-UFOPA/ICS/Bolsista
INTRODUÇÃO:
Na região do Baixo Tapajós no estado do Pará, tem se observado, nos últimos 30 anos, um processo crescente de territorialização de povos indígenas, que por meio de diferentes etnias estão se autoafirmando em seus territórios tradicionalmente ocupados. Nesse sentido, um crescente movimento de agentes sociais, até então classificados como “caboclos”, passaram a se auto definir como indígenas e a reivindicar o reconhecimento legal de sua etnia e território. Tais povos se organizam em associações, conselhos e por territorialidades específicas segundo seus grupos étnicos e os territórios reivindicados. No trabalho de pesquisa foi confeccionado um mapa situacional com identificação de territórios indígenas, práticas culturais e situações de conflitos para servirem como instrumento de reivindicação territorial e de políticas públicas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar as etnias indígenas que estão se autoafirmando no baixo rio Tapajós, representar cartograficamente a localização das comunidades que estão reivindicando o reconhecimento de suas terras indígenas e suas identidades étnicas, assim como a própria configuração sócia espacial e as situações de conflitos socioambientais.
MÉTODOS:
Foram realizadas 04 oficinas de cartografia social com grupos étnicos e associações indígenas, trabalho de campo, levantamento de dados bibliográficos e de situações de conflitos territoriais, referenciamentos geográficos. Foram feitas a classificação de localidades enquanto aldeias, aldeia-comunidade e comunidades para a confecção de mapa situacional dos povos indígenas da região do Tapajós.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram identificados 19 territórios compostos por 12 Etnias indígenas: Arara Vermelha-Tupaiu, Munduruku, Arapiun, Jaraqui, Tapajó, Borari, Munduruku-Apiaká, Tupinambá, Munduruku-Cara Preta, Maitapu, Yawaretê, Kumaruara, onde se localizam 55 comunidades. Foram, ainda, identificadas na configuração territorial dos povos indígenas da região do baixo Tapajós, conflitos socioambientais e territoriais provocados pelo avanço sobre o território indígena de atividades como a sojicultura, a pecuária, a pesca empresarial (predatória), exploração madeireira, empreendimentos turísticos, especulação imobiliária, pesquisas de perfuração e extração mineral; assim como impactos ambientais causados pelo desmatamento, pelo lixo, assoreamento, poluição do solo e das águas. Também foram identificados atributos identitários: Terra Preta (antigos cemitérios indígenas), formas tradicionais de manejo da floresta (extrativismo e uso coletivo), práticas indígenas de pesca, de cultivos, de plantas medicinais e de produção artesanal de uso doméstico e ornamental.
CONCLUSÕES:
Percebeu-se que na região do baixo Tapajós o processo de territorialização dos povos indígenas ainda se encontra em franca expansão, sendo motivada também pelo avanço das atividades econômicas e por ações de outros agentes sociais. Fatos que são constatadas como empecilhos ao desenvolvimento e a reprodução identitária e territorial das etnias indígenas. Visto que as organizações sociais indígenas, ao passo que aumenta a adesão de mais aldeias, fortalecem a sua luta política pelo reconhecimento de seus territórios, aonde a resistência indígena busca fazer de suas reivindicações uma realidade para garantir o reconhecimento étnico e territorial de seus povos.
Palavras-chave: Territorialização, Povos Indígenas, Territorialidadese específicas.