65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
Os Discursos midiáticos sobre o Bullying: uma perspectiva foucaultiana para pensar a Educação e o dialogo com a Psicopedagogia.
Talita Maria Cesar Nascimento - Universidade Federal de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
O bullying vem ganhando destaque de maneira crescente nos últimos anos no Brasil, em discussões levantadas em diversas esferas sociais como a esfera acadêmica, midiática, educacional, saúde coletiva, psicologia e até mesmo na esfera jurídica. Com a comoção gerada com a divulgação de casos graves de violência em escolas fora da realidade brasileira, nos diversos meios de comunicação, é sobre a mídia que nos debruçamos para discutir os discursos sobre o Bullyng. Nesse sentido nos reportamos a Chauí(2006) e Dabord(1997) com uma ponderação do discurso da mídia. Michel Foucault nos ajuda a pensar discurso não como ato de fala, mas um ato ilocutório que atinge as subjetividades e produz significados. Os discursos produzidos pela mídia sobre Bullying, nos afastam da abordagem educacional que queremos aqui destacar. Tendo em vista a totalidade desse fenômeno, enfocamos aqui o trabalho da psicopedagogia em sua teoria estuda os processos de aprendizagem dos indivíduos. De acordo com Bossa (2000), este sujeito está munido de valores afetivos, intelectuais, culturais e sociais que interferem na sua relação com o meio, e que ao mesmo tempo esses valores sofrem interferência nessa relação do sujeito com o meio sociocultural em que se encontra.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho pretende evidenciar os discursos sobre Bullying entre os anos de 2006 e 2011 em jornal impresso, TV, bem como matérias vinculadas à internet e materiais educativos/informativos que circulam em instituições e espaços educacionais visando compreender suas implicações para a educação e atuação de seus profissionais, particularmente do psicopedagogo.
MÉTODOS:
Nossa metodologia focou-se em uma aproximação com o conceito de Discurso de Michel Foucault e de sua análise da função enunciativa. Os lugares enunciativos por nós selecionados compõem a mídia de forma geral. Os nossos arquivos de análise estão composto por matérias vinculadas à TV, ao jornal impresso e à materiais informativos/educativos de circulação em espaços pedagógicos. Detivemo-nos a análise do Espaço correlativo. A análise do espaço correlativo apresenta relações específicas e nos permitiu evidenciar “quem diz”, de “onde diz” e “como diz” no discurso da mídia sobre o Bullying. Assim trouxemos para a análise os sujeitos em sua função autor; os lugares enunciativos de onde emanam os ditos e de onde falam tais sujeitos, os conceitos e gramática recorrente. Construímos a análise do espaço correlativo considerando a função autor, os objetos, o lugar enunciativo, a gramática recorrente, os temas maiores. Para a análise do espaço colateral, levantamos a coexistência discursiva, ou seja, a memória discursiva, os interdiscursos evidenciados na fala de alguns veículos de comunicação social de massa e seu discurso sobre bullying.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nossa analise nos levou a compreensão de que tais discursos, estando atrelados a notícias de eventos de conflito dentro de ambientes educacionais, alguns gerando grande comoção na população, são produzidos apoiados na ótica da educação, da saúde pública, de valores sociais, da cultura, do direito e da política. Sempre evidenciando a identificação e sistematização do bullying em busca de medidas preventivas e combativas do problema isolando-o de demais fatores que possam ser relacionados a ele. Pudemos assim ter a percepção de que os discursos sobre bullying nos espaços midiáticos considerados nesta análise, giram em torno da identificação, caracterização e classificação do problema tratando-o como fenômeno dos dias atuais, algo com que a sociedade precisa conhecer e aprender a lidar. Nos deparamos com conceitos de educação, bullying, violência, diálogo, sociedade, família, escola, preconceito, impunidade.Não identificamos em nossos arquivos, discursos propondo uma reflexão do bullying para alem do bullying. O que vimos foi a predominância de informações sistematizadas sobre a conceituação e caracterização do bullying e um forte apelo para que segmentos como escolas, famílias, justiça e política tomem medidas de prevenção e combate.
CONCLUSÕES:
O que podemos entender é que a popularidade do bullying e os discursos proferidos a respeito também acarretam a construção de idéias e mitos errados sobre o tema, assim como quando nada se sabia a respeito no Brasil. O que podemos então verificar, diante deste cenário, é que ocorreu no Brasil, uma constatação ou reconhecimento do fenômeno bullying na realidade educacional, o que faz pensar no assunto como o novo carma social. Propomos que se cultive a idéia de o bullying é um sintoma das grandes doenças da sociedade, quem vem a culminar no processo de aprendizagem e socialização do indivíduo. Como proposta de intervenção crítica reflexiva e, sobretudo consciente sobre o bullying em sua totalidade, destacamos o diálogo com a psicopedagogia através da atuação do psicopedagogo. Nesse sentido, cabe ao profissional em psicopedagogia voltar sua atenção para as questões mais inerentes da mente humana e seu funcionamento no processo de ensino aprendizagem, mas cabe a este profissional também, dedicar-se aos processos que se dão fora da mente do homem, olhar para o funcionamento de todo o contexto onde seu objeto de atenção está inserido.
Palavras-chave: Bullying, mídia, educação.