65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
SER DOCENTE: QUE SABERES COMPETEM A ESTA PRÁTICA PROFISSIONAL?
Camila Carla Rocha da Silva - Depto. de Biologia - IFRN
Brunna Crislayne Câmara da Costa - Depto. de Biologia - IFRN
Giovana Gomes Albino - Profa. Ms./Orientadora - Depto. de Educação - IFRN
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho originou-se nos estudos teóricos referentes ao estágio curricular supervisionado, um dos componentes do curso de Licenciatura Plena em Biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – câmpus Macau. Enquanto alunas do referido curso e diante da literatura apresentada nas aulas, sentimos a necessidade de desenvolver uma pesquisa com os docentes da própria instituição visando entender qual o significado de docência para os mesmos e quais as suas perspectivas a respeito. Partimos da ideia de que não basta o conhecimento específico da matéria a ser ensinada para ser um bom professor, mas também a compreensão da docência enquanto uma profissão que requer, além desse conhecimento, todos os demais que orientam como ser e estar na profissão; como lidar com as distintas abordagens que envolvem o fazer docente. Foi com esse enfoque, portanto, que tomamos como ponto de partida a nossa realidade próxima, os profissionais do estabelecimento onde desenvolvemos nossa formação. Com isto, elevamos estudos como os de GÓMEZ (1998), ALTET (2001), IBIAPINA (2007), dentre outros, que abordam, em meio as suas produções, as características necessárias ao docente para atender as capacidades exigidas no exercício de suas atividades.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Conhecer o significado de docência apresentado por professores licenciados e bacharéis do IFRN – câmpus Macau e a relação por estes estabelecidas entre a profissão e os conhecimentos a ela necessários; Perceber se existe diferença nas compreensões evidenciadas pelos professores com essas distintas especificidades em suas formações.
MÉTODOS:
A investigação foi realizada fazendo uso do procedimento de evocação livre, uma técnica de pesquisa de caráter aberto, baseada na obtenção de respostas livres, impulsionadas a partir de um ou mais estímulos apresentados pelo pesquisador. Nesse processo, os participantes são impulsionados a falarem o que lhes venham à mente em relação ao estímulo exposto oralmente (SALES, 2007).
Em nossa pesquisa trabalhamos unicamente com o termo indutor “docência” e nos impedimos de fazer qualquer interferência do decorrer das evocações. Estas aconteceram individualmente e foram gravadas em áudio. Posteriormente foram transcritas e analisadas levando-se em consideração o conteúdo explícito nas falas em relação aos objetivos da investigação.
No total, atuamos com trinta e sete (37) professores do IFRN – câmpus Macau, de áreas diversas de ensino, com formações em licenciatura e/ou bacharelado. Os docentes foram divididos em três categorias: vinte e seis (26) licenciados, sete (07) bacharéis e quatro (04) professores que possuem as duas formações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Mediante as análises averiguamos que os relatos encontram-se fundamentados sob três perspectivas: o sacerdócio, a transmissão de conteúdos e a profissionalização. No grupo dos licenciados, 54% compreendem o conceito de docência como transmissão de conteúdos, 31% ainda associam a docência ao sacerdócio e apenas 15% a como profissão com características próprias. Dentre os bacharéis, o percentual se repetiu em relação ao sacerdócio; quanto à transmissão de conteúdos os resultados chegaram a 43% e 14% referentes à profissionalização. Dos que possuem as duas formações, somente duas das temáticas apareceram: 75% evidenciam a transmissão de conteúdos como marco maior da profissão e 25% se remetem ao sacerdócio; a perspectiva da profissionalização não se destacou como abordagem dentre as respostas dadas. Em vista desse cenário, podemos observar que os professores, em sua maioria, ainda concebem a docência em uma ótica que a distancia de seu caráter mais particular: um fazer dotado de saberes e práticas que lhes são singulares e necessários ao desenvolvimento da profissão, associando-a a limitada ação de transmitir conhecimentos – algo possível a qualquer um que os domine – ou à missão, ao sacerdócio – igualmente distante da condição essencial de formação específica (IBIAPINA, 2007).
CONCLUSÕES:
Diante dos dados evidenciados na pesquisa podemos perceber que não existe uma diferença marcante acerca do conceito de docência entre licenciados e bacharéis, ainda que isto se distinga, de modo relativo, quando o participante possui as duas formações conjuntamente, o que desperta certo estranhamento. No geral, entretanto, encontramos uma visão tradicionalista do professor como transmissor do conhecimento, ou seja, aquele que não carece de qualquer formação específica, mas apenas o domínio do que será “transmitido”, algo que retrocede nas discussões atuais sobre a importância da formação continuada do educador. Por outro lado, aparece ainda a associação da ação docente com a ideia de um “fazer por amor”, relacionando a docência a uma missão, ao sacerdócio. Os que se remetem à percepção da profissão, o fazem de modo inseguro, sendo limitados ao se referirem às características que asseveram essa condição. Com isto, podemos observar um déficit de conhecimento no que diz respeito às áreas didático-pedagógicas na formação desses profissionais, cujas bases teórico-práticas têm como norte destacar a relevância do fazer docente enquanto um ofício singular, que carece de uma boa formação e compreensão aos que o desenvolvem sobre os diferentes aspectos que abrangem o ato de ensinar.
Palavras-chave: Docência, Professores, Profissão.