65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
Padrão alimentar de crianças menores de dois anos residentes em um município do semiárido paraibano, Brasil.
Cândida Isabel de Figueiredo - Graduanda em nutrição pela Universidade Federal de Campina Grande
Thaise Costa de Melo - Graduanda em nutrição pela Universidade Federal de Campina Grande
Diego Elias Pereira - Graduando em nutrição pela Universidade Federal de Campina Grande
Heloisa Alencar Duarte - Graduanda em nutrição pela Universidade Federal de Campina Grande
Poliana de Araújo Palmeira - Profª. MSc. do curso de nutrição na Universidade Federal de Campina Grande
Vanille Valério Barbosa Pessoa - Profª. MSc. do curso de nutrição na Universidade Federal de Campina Grande
INTRODUÇÃO:
Os primeiros anos de vida de uma criança são caracterizados como um período de crescimento e desenvolvimento acelerado, o que reflete na elevada necessidade de um aporte nutricional adequado (EUCLYDES, 2005). A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida, ou seja, o não oferecimento de água, sucos, chás ou outros tipos de leites, e a manutenção do aleitamento materno complementado por dois anos ou mais são práticas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde com objetivo de garantia do desenvolvimento e crescimento adequado destas crianças. Segundo Gouveia (2008), a prática alimentar inadequada até os 2 anos de vida, principalmente em populações menos favorecidas, apresenta uma forte associação com o aumento da morbidade, caracterizado por doenças infecciosas, desnutrição, deficiências específicas de certos micronutrientes e também alergias alimentares.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar e avaliar a prevalência de aleitamento materno e o padrão de consumo alimentar em crianças menores de dois anos que residem na zona urbana do município de Cuité-PB.
MÉTODOS:
Foi realizado um estudo transversal de base populacional, para o qual utilizou-se a técnica de amostragem aleatória estratificada segundo Unidades de Saúde da Família (USF) da zona urbana do município de Cuité. Para o cálculo da amostra, foi realizada uma coleta de dados na Secretária Municipal de Saúde e se obteve a informação sobre a quantidade de crianças menores de 2 anos acompanhadas nas cinco USF identificadas. Para efetivação da pesquisa de campo os agentes comunitários de saúde foram orientados a indicar os domicílios de crianças menores de dois anos de idade. A aplicação do questionário ao responsável pela criança, com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2011, por 15 alunos do curso de nutrição da UFCG, previamente treinados. Houve a coleta de informações, dentre outras, acerca da prática de aleitamento materno exclusivo, misto/predominante (leite materno, água, chás e/ou outros tipos de leite), e complementado (leite materno e outros alimentos) e sobre o padrão de consumo alimentar. Participaram da pesquisa 123 crianças. Para digitação e analise dos dados foram utilizados os programas Microsoft Access do pacote Microsoft Office e o pacote estatístico SPSS for Windows versão 13.0, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Das crianças estudadas 37,1%, 28,5% e 39,8% apresentavam idade entre 0 e 6 meses, entre 6,1 e 12 meses e entre 12,1 e 24 meses, respectivamente. Das crianças com idade até 6 meses 23,1% se encontravam em desmame, 50% estavam em aleitamento materno exclusivo e 33% em aleitamento materno misto. Observou-se 54,3% das crianças entre 6,1 e 12 meses e 61,2% entre 12,1 e 24 meses em desmame. Segundo Silva e Mura (2007), o leite materno contém fatores imunológicos que protegem o corpo contra certas infecções, além de prevenir diarréia e algumas reações alérgicas. A OMS preconiza o uso exclusivo de leite materno até os seis meses e a partir desta idade oferecer de forma lenta e gradual outros ali¬mentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. Em relação ao consumo alimentar das crianças maiores de seis meses nas 24 horas que antecederam a entrevista, destaca-se que comida com carne e feijão (69,0%) e mingau ou papa (59,5%) foram os mais consumidos e que 20,2% destas crianças consumiram algum tipo de industrializado. Palmeira (2005) destaca que em crianças maiores de 6 meses o consumo prioritário de alimentos de consistência pastosa ou semissólida pode caracterizar-se como um fator de exposição para deficits de crescimento e desenvolvimento da criança.
CONCLUSÕES:
Diante dos dados apresentados observou-se no município pesquisado uma prática insuficiente de aleitamento materno exclusivo em crianças menores de seis meses, como também uma elevada prevalência de desmame. Em relação ao padrão do consumo das crianças maiores de seis meses de idade verificou-se a introdução incorreta de alimentos, tendo em vista o expressivo consumo de alimentos industrializados e de alimentos com consistência semissólida e pastosa. Conclui-se assim que as crianças menores de dois anos pesquisadas encontram-se expostas a fatores de riscos que comprometem o desenvolvimento e crescimento, assim fica evidente a necessidade de planejamento e fortalecimento de políticas públicas voltadas para melhorias de vida nessa faixa etária, na área da saúde e segurança alimentar e nutricional.
Palavras-chave: Epidemiologia nutricional, Nutrição da criança, Aleitamento materno.