65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 3. Oceanografia Geológica
DISTRIBUIÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA TOTAL E DO CARBONATO BIODETRÍTICO NOS SEDIMENTOS ESTUARINOS DO RIO CAPIBARIBE, REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, ESTADO DE PERNAMBUCO.
Isabelle Maria Vilela de Oliveira - Depto. de Oceanografia – UFPE
Roberto Lima Barcellos - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Oceanografia – UFPE
Manuel de Jesús Flores Montes - Prof. Dr. - Depto. de Oceanografia – UFPE
INTRODUÇÃO:
Os estuários têm papel fundamental no ciclo sedimentar, atuando como uma das unidades espaciais mais importantes onde ocorrem as trocas primárias de material entre o continente e o oceano. São ainda, ambientes retentores de matéria orgânica total (MOT) quando associados às zonas de manguezais e baías costeiras como no caso do rio Capibaribe. O rio Capibaribe nasce no município de Poção, totalizando cerca de 240km de extensão até a sua foz. A bacia hidrográfica do Rio Capibaribe possui a maior drenagem costeira de Pernambuco representando cerca de 7,85% da área do Estado e sua porção estuarina localiza-se na Região Metropolitana do Recife (08º03’S e 34º53’W) e recebe o impacto de afluentes industriais e domésticos. Como há uma grande carência de estudos em sedimentologia e geoquímica marinha básica, no sistema estuarino do rio Capibaribe, precisa-se de estudos mais abrangentes e que possibilitem uma interpretação mais completa sobre os processos sedimentares e impactos ambientais associados na região.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem por finalidade descrever as características dos sedimentos superficiais, a distribuição da matéria orgânica sedimentar e carbonato biodetrítico no sistema estuarino do Rio Capibaribe. Pretende avaliar a distribuição de CaCO3 e MOT nos sedimentos, a fim de propiciar análises referentes à influência antrópica e melhor compreensão dos processos sedimentares atuais.
MÉTODOS:
Para o desenvolvimento deste trabalho foram coletadas 16 amostras de sedimentos superficiais em Julho de 2010 no estuário do Rio Capibaribe. No laboratório as amostras foram secas em estufa a 50°C, sendo então descritas visualmente em relação à granulometria e tipos de grãos constituintes. O carbonato biodetrítico tem sido amplamente utilizado como parâmetro sedimentológico no estudo de ambientes atuais e pretéritos, permitindo interpretações relacionadas aos aportes continentais e à produtividade marinha. Foram determinados os teores de CaCO3 e de matéria orgânica total, respectivamente, através do ataque da solução de HCl e H2O2 a 10%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os sedimentos encontrados nas 4 amostras da plataforma adjacente à desembocadura são arenosos biosiliciclásticos (CaCO3 médio: 63,47%) moderadamente selecionados, pois encontram-se em mar aberto, submetido a influência direta de ondas. Já os sedimentos do estuário são lamosos siliciclásticos (CaCO3 < 20%) pobremente selecionados, com ocorrência exclusiva de silte. Os valores de MOT são maiores no estuário devido à predominância de siltes que as retém e são menores na plataforma pela influência marinha, que impede a deposição de MOT e sedimentos finos. Em trabalhos prévios efetuados na área, foi observado que nesse estuário há sazonalmente uma mudança nos sedimentos, ocorrendo um predomínio de areia na época chuvosa e silte na seca. Assim, quando há alta pluviosidade, remobiliza parte das lamas, aumentando a quantidade de areia sedimentada trazida pelo rio. De fato, quanto maior a pluviosidade, mais matéria orgânica é remobilizada, refletindo-se em mudanças nas características sedimentares do ambiente. O CaCO3 tem comportamento inverso, encontrando-se maiores teores nas amostras da desembocadura. Já no estuário esses valores decrescem bastante, devido à maior influência continental à medida que ele adentra em direção ao continente.
CONCLUSÕES:
O estuário do Rio Capibaribe vem sofrendo um elevado impacto ambiental, pois capta esgoto in natura de aproximadamente 600.000 habitantes. Porém, a influência marinha pelo regime de meso-marés (2,5 na sizígia) e a alta pluviosidade pode amenizar a poluição. De fato, por julho ser uma época chuvosa na Região Metropolitana do Recife, o aumento dos aportes de água doce no estuário lavaram os sedimentos, remobilizando a matéria orgânica presente e inferindo em baixos percentuais de matéria orgânica total. Os resultados indicam que o Estuário do Rio Capibaribe é um ambiente deposicional de baixa energia submetido à forte influência de fontes terrígenas, naturais e em especial antrópicas, indicado pelos altos teores orgânicos. Isto é esperado para um ambiente estuarino confinado, densamente urbanizado e com aporte perene de sedimentos finos, refletido na maioria das amostras coletadas que foram de textura lamosa, composição siliciclástica e com teores orgânicos altos.
Palavras-chave: Sedimentação, Poluição, Estuário.