65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
UTILIZAÇÃO DE CRÔNICAS NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR
Rozana de Lima França - Depto. de Química Licenciatura - UFAL, Campus Arapiraca
Elias de Melo Silva - Depto. de Química Licenciatura - UFAL, Campus Arapiraca
Laura Cristiane Souza - Profª. Dra./Orientadora - Depto. de Química Licenciatura - UFAL
INTRODUÇÃO:
A leitura é essencial em qualquer setor da sociedade, e principalmente no ensino de química e de ciências de um modo geral. Ricon e Almeida (1991) apontam que tal prática possi¬bilita concatenar a vida do aluno com a Ciência, de modo que essa relação se intensifique na interação pedagógica1. Os PCNs recomendam que o ensino de Química, no Ensino Médio, seja trabalhado de forma contextualizada e interdisciplinar (SILVA e RODRIGUES, 2009, p. 2 a 3)2. Nessa perspectiva, este trabalho trata-se de uma atividade interdisciplinar realizada numa escola de rede pública situada no município de Arapiraca – AL, que utiliza as crônicas como meio para a discussão de alguns conceitos de química estimulando a prática da escrita, da leitura e, consequentemente, favorecendo a compreensão de alguns conteúdos de química do ensino médio. As crônicas são textos de linguagem simples, coloquial, irônica que são demonstradas por meio de personagens. Por se tratar de um texto de leitura agradável, torna-se um importante meio didático no processo de ensino de química, no qual podemos relacionar conteúdos teóricos com acontecimentos do cotidiano dos alunos, proporcionando aos mesmos aulas dinâmicas, atrativas e interdisciplinares.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Contribuir para a interdisciplinaridade no ensino de química utilizando como ferramenta textos simples e de fácil compreensão, as crônicas. Estimular a criatividade e o raciocínio dos alunos solicitando-os a elaboração de crônicas que apresente situações do cotidiano e conceitos de cinética química e soluções.
MÉTODOS:
O trabalho foi desenvolvido em três etapas. Inicialmente, foi lecionada pela professora de língua portuguesa uma aula especifica sobre crônicas. Num segundo momento, foi utilizada uma crônica, “Para a festa acontecer, aumente a concentração”, que enfatizava situações comuns ao dia a dia de qualquer pessoa e apresentava conceitos sobre cinética química, conteúdo abordado no segundo ano do ensino médio. Dividiu-se a turma em quatro grupos, no qual cada grupo teria que identificar e entregar por escrito os elementos principais da narrativa (tempo, espaço e personagens) e os conceitos de química presentes na crônica. Com a identificação, os conceitos de química foram discutidos pelos grupos sob orientação dos professores de modo que favoreceu-se uma explicação mais completa de cinética química. Em seguida, foi solicitado para cada grupo a elaboração de uma crônica, enfatizando conceitos relacionados aos conteúdos de soluções e cinética química. Após a elaboração das crônicas, estas foram apresentadas por seus autores. A atividade foi finalizada com uma discussão referente aos elementos principais de cada texto e os conteúdos de química trabalhados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Todas as etapas do trabalho foram fundamentais para promover a interdisciplinaridade e estimular a criatividade e o raciocínio dos alunos na elaboração de estórias que relacionava conceitos científicos de química com o cotidiano dos mesmos. Os conceitos foram discutidos de modo que qualquer leitor pudesse compreendê-los independente da sua área de conhecimento. Os grupos foram avaliados em todas as etapas como: participação em equipe, discussão em sala, organização, elaboração e apresentação das crônicas. Todos conseguiram contextualizar os conteúdos solicitados como pode ser visto no seguinte trecho presente em um dos trabalhos: “– Pense que a concentração seja a quantidade de pessoas que estarão no baile, a massa as pessoas que você menos gosta e o volume a quantidade de meninas”. É importante destacar que a crônica não é uma método autossuficiente, ou seja, se a mesma for usada como uma ferramenta de ensino nas aulas de qualquer ciência precisa-se de uma fundamentação teórica e conceitual sobre seu uso, o que torna o papel do professor indispensável. No entanto, todas foram relevantes para a aprendizagem dos alunos, uma vez que puderam identificar, e adquirir conhecimentos fundamentais da química através da escrita e da leitura facilitando o processo de ensino aprendizagem.
CONCLUSÕES:
Os resultados da utilização das crônicas foram satisfatórios porque através de textos simples e de fácil compreensão, foi possível interdisciplinar o ensino de química por meio da contextualização de conceitos sobre cinética química e soluções em estórias fictícias que apresentavam situações do cotidiano. Os textos trabalhados estimularam a criatividade e raciocínio dos alunos e facilitou a compreensão dos mesmos em relação aos conteúdos propostos. Essa metodologia, ainda pouca utilizada no ensino de química, foi aceita pelos alunos e isso foi identificado pelo interesse dos grupos em todas as etapas do trabalho. Em relação aos principais elementos das crônicas elaboradas – tempo; espaço; personagens; roteiro; conteúdo químico; estória com sua linguagem apropriada e contextualização de conteúdos - os alunos acharam relevantes para a aprendizagem e à medida que as crônicas foram apresentadas as aulas tornaram-se mais dinâmicas e interativas. De modo geral, trabalhar com crônicas no ensino médio contribui para o processo de ensino, pois além de possibilitar a interdisciplinaridade também desperta o interesse dos alunos pelas aulas, neste caso especificamente as aulas de química.
Palavras-chave: Crônicas, Interdisciplinaridade, Ensino de química.