65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática
JOGOS EDUCATIVOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: ANALISANDO A PRÁTICA DOCENTE NO 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Aurelania Xavier de Lima Sousa - Graduada em Pedagogia - FAESC
Luiza Ivana de Araújo - Profa. Msc/Orientadora - Depto do curso de Pedagogia - FAESC
INTRODUÇÃO:
Os jogos estão inseridos no dia a dia das crianças, fazendo parte do início de suas vidas e de suas formas de diversão. Eles são importantes canais de inserção na vida social, podendo ser perfeitamente aproveitados como um elemento didático, em particular para o ensino da matemática. Neste estudo, optamos por definir o jogo como uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias e dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana” (HUIZINGA, 2000 p.33). Segundo o PCN/matemática (BRASIL, 1997), o recurso aos jogos além ser um objeto sociocultural em que a matemática está presente, representa uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um “fazer sem obrigação externa e imposta”, embora demande exigências, normas e controle. Nesse sentido, é fundamental refletirmos sobre o papel atribuído aos jogos pelos professores no trabalho com a matemática, a fim de revermos as práticas e contribuirmos com o desenvolvimento de competências ligadas a essa área do conhecimento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo geral desse estudo foi o de investigar a utilização de jogos educativos no ensino da matemática pelos professores do 3º ano do Ensino Fundamental do município da Escada. E os objetivos específicos foram: Identificar a utilização de jogos no ensino da matemática; os tipos de jogos propostos e a finalidade/objetivo do trabalho com jogos educativos pelos professores.
MÉTODOS:
O nosso estudo é de natureza qualitativa. Essa abordagem promove uma aproximação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, a partir da qual as ações se tornam significativas, tendo por objetivo traduzir, expressar e interpretar o sentido do fenômeno em questão (MINAYO, 1999). A pesquisa foi realizada em duas escolas da rede pública do município da Escada, denominadas de Escola 1 e Escola 2. O critério utilizado para a escolha das mesmas foi o de ofertar o ensino fundamental do 1˚ ao 9˚ ano. Participaram da pesquisa quatro professoras que lecionam nessas escolas. O critério utilizado para a escolha das mesmas foi o de atuarem no 3˚ ano do ensino fundamental. Os instrumentos utilizados nesse estudo para a coleta de dados foram dois: a entrevista semiestruturada e a observação não participante (LAKATOS E MARCONI, 2006). A entrevista semiestruturada gera uma afinidade de influência mútua entre o pesquisador e o pesquisado, possibilitando a descrição detalhada e o aprofundamento de informações sobre o objeto de estudo em questão. A opção pela observação não participante decorre do fato dela possibilitar detalhes a respeito uso dos jogos e de sua exploração. Essas foram realizadas nas salas de aula por um período de tempo de um mês, e registradas num diário de campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os achados revelaram que as professoras utilizam jogos no trabalho com a matemática, nas turmas do 3º ano. Através das observações, constatamos uma familiaridade dos alunos com o uso de jogos, fato que comprova o trabalho das mesmas com esse recurso. Os jogos aparecem como um recurso lúdico e facilitador das aprendizagens, apesar de algumas salas não proporcionarem espaços adequados e de alguns alunos atrapalharem a evolução da aula devido à indisciplina. A análise das entrevistas aponta que os professores no trabalho com os conteúdos matemáticos utilizam diferentes estratégias de ensino, dentre elas o jogo. Os recursos apontados foram os jogos convencionais e de sucata confeccionados por alunos e professores envolvendo desde palitos de picolé e tampinhas até recursos pedagógicos como o tangram, material dourado, ábaco. Os dados mostram que 50% dos professores utilizam jogos nos conteúdos em que as crianças estão apresentando dificuldades, 25% para facilitar o aprendizado de conceitos e 25% se limitou a falar que a escolha se dá na adequação do jogo ao público, enfocando a faixa etária. Tal contexto parece ser favorável à exploração de conteúdos matemáticos através de jogos, no entanto a prática revelada nas observações denota que ainda se tem de caminhar em relação ao fazer.
CONCLUSÕES:
As professoras entrevistadas utilizam jogos educativos em sala de aula, principalmente para trabalhar conteúdos em que as crianças apresentam dificuldades. Segundo as professoras parte dos jogos trabalhados na escola são confeccionados a partir de sucatas. Na realidade, os professores atribuíram aos jogos um valor positivo enquanto recurso pedagógico devido ao seu potencial catalisador no processo de aprendizagem da matemática, porque motiva, é desafiante e prazeroso. Por outro lado, verificamos que a indisciplina parece dificultar a utilização desses recursos. Tal situação merece atenção, pois poderá vir a comprometer o alcance dos objetivos educacionais. Nesse sentido, convidamos a todos a si aventurar com os jogos educativos, descortinando novas possibilidades de vivenciar a matemática de forma lúdica e prazerosa, refletindo sobre o seu papel no processo de apropriação desse conhecimento. Também chamamos a atenção das autoridades competentes em termos de tornar possível um trabalho de formação continuada para discutir a utilização dos jogos, assim como o de investir na compra dos mesmos através de políticas de financiamento, garantindo assim uma educação de qualidade.
Palavras-chave: Educação Matemática, Jogos Educativos, Prática Pedagógica.