65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
PREPARAÇÂO DE FORMULAÇÕES/COMPOSIÇÕES CONTENDO COMPLEXOS DE INCLUSÃO ÓLEO ESSENCIAL DE Citrus sinensis (L.) OSBECK/CICLODEXTRINA PARA CONTROLE LARVICIDA DO Aedes aegypti
Juliana Gouveia Galvão - Depto de Farmácia- UFS
Viviane Fontes Silva - Depto de Farmácia- UFS
Adriano Antunes de Souza Araújo - Depto de Farmácia- UFS
Sócrates Cabral de Holanda Cavalcanti - Depto de Farmácia- UFS
Rogéria de Souza Nunes - Depto de Farmácia- UFS
INTRODUÇÃO:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em média 100 milhões de pessoas são infectadas pelo Aedes aegypti anualmente em 100 países de todos os continentes exceto a Europa. Devido à toxicidade e resistência dos atuais produtos larvicidas (como por exemplo, os organofosforados), se faz necessário o desenvolvimento de produtos naturais, como uma alternativa ao controle químico.
O óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck (OECS) é uma mistura de terpenos, hidrocarbonetos e compostos oxigenados quimicamente instáveis (Bruneton, 1993). Cerca de 98% de D-limoneno é encontrado no OECS, sendo este o responsável pela intensa atividade larvicida contra as larvas do Aedes aegypti (Furtado et al., 2005). Entretanto, devido à sua baixa solubilidade aquosa, fácil oxidação e volatilização, é sugerido o uso da β-ciclodextrina (β-CD) que possui uma cavidade com característica apolar e exterior polar que viabiliza o uso do óleo em ambiente aquoso, após formação do complexo de inclusão (Liu et al.,2012).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Preparar formulações/composições contendo complexos de inclusão óleo essencial de Citrus sinensis (L.) Osbeck/Ciclodextrina para controle larvicida do Aedes Aegypti.
MÉTODOS:
1. Extração do OECS
O OECS foi obtido através da extração em Clevenger modificado, a partir das cascas secas e trituradas de Citrus sinensis.
2. Identificação dos constituintes químicos do OECS.
A identificação dos constituintes químicos do OECS foi realizada em CG-EM, equipado autoinjetor AOC-20i (Shimadzu®).
3. Preparação dos Complexos de inclusão
Os complexos foram obtidos por malaxagem (MAH), malaxagem com etanol (MAET), co-precipitação (CP) e mistura física (MF) na razão estequiométrica de 1:1.
4. Caracterização por Difração de Raios-X
A cristalinidade da β-CD, da MF e dos complexos foi investigada em um difratômetro Rigaku DMAX 2000, no intervalo de 10-30º (2θ).
5. Determinação do Teor de inclusão do OECS em HS/CG-DIC
Após extração do óleo de superfície do complexo, teor de inclusão do OECS em β-CD foi quantificado através de cromatografia gasosa acoplada a um detector de ionização de chama em sistemas de headspace.
6. Solubilidade
A solubilidade dos complexos foi determinada a partir da quantificação em HS/CG-DIC pelo método de saturação.
7. Atividade larvicida
A atividade larvicida foi determinada a partir da concentração letal capaz de reduzir 50% das larvas.(CL50) em larvas estádio L3 concedidas pelo Laboratório de Parasitologia da UFS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Sete componentes no OECS foram identificados. O componente majoritário foi o D-limoneno (96,30%) seguido pelo mirceno (2,11%), α-pineno (0,66%), e outros minoritários.
Na difração de raios-X, a β-CD apresentou picos em 10.71°, 12.57°, 19.64°, 22.75° e 27.17°, os quais podem ser relacionados à natureza cristalina do material. Similarmente, a MF apresentou picos cristalinos da β-CD. Já os complexos apresentaram um novo perfil de difração, em comparação com a β-CD, sugerindo a complexação do OECS em β-CD (Wang et al., 2011).O teor de inclusão dos complexos foi 57.3%, 78.5% e 50.4% para MAH, MAET e CP respectivamente, e 1,7 % para MF. A MAET demonstro ser o melhor método de complexação do OECS, possivelmente devido ao uso do co-solvente etanol o qual modifica a constante dielétrica do sistema, melhorando as condições de solubilização do OECS no meio (Huang et al.,1992).
A solubilidade aquosa do OECS foi 0,00416 mg.mL-1. Entretanto, após a formação do complexo a solubilidade do óleo aumentou 13, 17 e 16 vezes para MAH, MAET e CP respectivamente (He & Li, 2009).
O OECS apresentou CL50 de 21,5 ppm, 21,3 - 21,7; o D-limoneno CL50 de 26,8 ppm, 26,5 - 27,3 e o melhor complexo (MAET) CL50 de 23,0 ppm, 22,6 to 23,3.
CONCLUSÕES:
Este trabalho demonstrou que o OECS foi efetivamente complexado em β-CD, e o produto formado foi eficaz contra as larvas de Aedes aegypti. A caracterização dos complexos por DRX sugeriu a formação do complexo de inclusão, e os resultados da análise por HS/CG-DIC mostrou que o melhor método de obtenção foi a MAET com teor de inclusão de 78,5%, o que torna este produto uma alternativa interessante para o controle de larvas de Aedes aegypti.
Palavras-chave: Dengue, D-limoneno, solubilidade.