65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE CLAREIRAS NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA ASSEMBLEIA DE HERBÁCEAS EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA URBANA
Maria de Lourdes Almeida Gonçalves - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE.
Nélio Domingos da Silva - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE.
Marília Larocerie Lupchinski Magalhães - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE.
Ana Maria da Silva - Depto. de Biologia – UFRPE
Elhane Gomes dos Santos - Depto. de Biologia – UFRPE
Elba Maria Nogueira Ferraz - Profa. Dra./Orientadora - Depto. Acadêmico de Meio Ambiente, Saúde e Segurança –
INTRODUÇÃO:
O bioma mata atlântica apresenta uma grande complexidade em estrutura e biodiversidade. Originalmente ocupava 15% do território brasileiro, todavia a ação antrópica devastou mais de 90% dessa formação. Essa exploração vem modificando a fisionomia da floresta e consequentemente interferindo na dinâmica de populações e comunidades, porém mediante considerável capacidade de resiliência que os ecossistemas naturais apresentam a mata atlântica ainda abriga uma grande biodiversidade. Os processos que envolvem a velocidade e os rumos do processo de regeneração de clareiras são complexos e controlados por diferentes variáveis, como a área da mesma, tempo e os tipos de queda envolvidos na sua formação. O surgimento de clareiras provoca modificações ambientais na floresta possibilitando a colonização de espécies de diferentes categorias sucessionais. Clareiras de diferentes tamanhos e estágios de regeneração contribuem para a heterogeneidade na composição e na dinâmica de florestas tropicais. Nesse contexto se faz necessário à realização de estudos em clareiras para obter informações sobre a dinâmica de recolonização de áreas perturbadas que possam contribuir em projetos de manejo e recuperação de áreas degradadas e conservação das espécies.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo caracterizar a densidade e composição da assembleia de herbáceas em trechos de mata com clareiras e compará-la com a condição de área preservada de um fragmento de mata atlântica no Jardim Botânico do Recife, Pernambuco.
MÉTODOS:
O estudo proposto foi desenvolvido na Mata Atlântica do Jardim Botânico do Recife – PE, uma unidade de conservação de 10,7ha situada no estado de Pernambuco. O clima da região é do tipo AS’, tropical costeiro ou “pseudo” tropical da costa Nordestina, quente e úmido, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Para amostragem da vegetação foram plotadas 30 parcelas de 1x1m, interespaçadas em 1m, em trechos da mata com melhor status de conservação (denominado Área 1) e 30 parcelas de mesmo tamanho e espaçamento em trechos com presença de clareiras (denominado Área 2). Para as duas áreas foram calculadas a densidade total (DT) e a densidade absoluta (DA). A identificação taxonômica foi realizada com auxílio de literatura específica, chaves taxonômicas e por comparação com exsicata depositadas no herbário Prof. Vasconcelos Sobrinho (PEUFR) da UFRPE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na Área 1 (preservada) foram amostrados 83 indivíduos herbáceos, com DT de 27.662 ind.ha-1 distribuídos em 14 espécies. Na Área 2 (clareira) foram amostrados 105 indivíduos com DT de 35.000 ind.ha-1 distribuídos em 9 espécies. Na Área 1 as espécies de maior DA foram Philodendron blanchetianum Schott (12.333.ind.ha-1), Pharus latifolius L. (5.333 ind.ha-1) e Anthurium pentaphyllum (Aublet.) (1.333 ind.ha-1) Na Área 2 foram Olyra latifolia L. (11.666,67 ind.ha-1), A. pentaphyllum (5.000 ind.ha-1) e P. blanchetianum (4.0000 ind.ha-1). Embora a Área 1 tenha apresentando menor DT destacou-se com maior riqueza de espécies herbáceas. Sabe-se que a luz solar é um fator limitante para o desenvolvimento das espécies vegetais e que a condição de clareiras favorece a colonização de espécies heliófilas que requerem radiação solar direta. A condição de luz da Área 2 pode justificar o desbalanço populacional da O. latifolia em comparação ao seu tamanho populacional na Área 1. Este fato também pode está influenciando na diminuição da riqueza de espécies. Percebe-se que outras espécies herbáceas formam populações mais abundantes nas áreas mais sombreadas da floresta, a exemplo de P. blanchetianum , espécie esciófila que ocorre com alta densidade na Área 1.
CONCLUSÕES:
O estudo sugere que a elevada intensidade de luz nas áreas de clareira interfere na densidade das espécies, provocando um desequilíbrio populacional, favorecendo a colonização e estabelecimento de espécies tolerantes à luminosidade e por sua vez influenciam a regeneração natural e a riqueza de espécies. Contudo, devido à escassez de estudos que abordem sobre a dinâmica de espécies herbáceas em áreas de mata atlântica, se faz necessário o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a essa temática para que se tenha maior conhecimento das estratégias de estabelecimento das espécies.
Palavras-chave: Espécies herbáceas, clareiras, dinâmica populacional.